Contos, Parábolas & Fábulas de Edson X

 

Edson X Gomes: escritor, músico-compositor (rock, MPB...), desenhista... Origem: Amazono (Manaus-Pará), nordestino (Ceará- Rio Grande Do Norte), Brasil-Portugal,

Americano Latino

 

 

Edson X, é um escritor na área da Ciensôfia, da

poesia e da literatura ficcional. No campo da ciência e da filosofia: Física, Astronomia, Quântica, biométrica, neurAnalise,  metafisica, cosmologia... faz analises, criticas, sobre os mais variados pensadores, suas filosofias e suas teorias cientificas. Pois acredita que todo conhecimento de tempos em tempos deve ser reavaliado para não se dogmatizar, travar o avanço universal.

 

 

Retribua esse trabalho Contos, Parábola & Fábulas do escritor Edson

X, de  11-09-2022, para que ele possa publicar na sequencia Pensamentos Sobre Pensamentos, 

 

 

Retribua o trabalho de Edson X, para que ele

possa pagar uma editora para lançar seus livros de forma

física.  Pix    ciensofiaexs@gmail.com

 

 

 

Contato. : Kwai, You tube, Facebook, twitter e etc

Prefácio: Contos, Parábolas & Fábulas de Edson X

 

 

A Menina que ama as flores. 12 (página)

Desgraça alheia. 13

O Papagaio e o Arrependido.15

O livro e o tolo. 17

O credor. 19

Beleza fugaz. 20

Pegue uma taça. 21

O homem e a água. 22

Cada um vê de um jeito-

O atalho que distancia tudo. 23

Inocente bondade. 24

Definir metas. 25

O Jambeiro. 26

O Quadro e a força estranha. 28

O real e a sombra. 32

O sábio e o bruto. 33

Argumentos e fatos. 36

O peixe que sabia demais. 37

A mais bela. 39

A cadela  -  O mendigo e o rico. 40

O lobo e o carneiro.41

Hoje não fugirei. 43

O troco da vida. 44

Sempre casamos com alguma coisa. 45

Achamos a Lua. 47

A aposta. 49

O homem, a cacimba e o segredo do Universo. 51

A mulher e o sabiá. 53

Uma chance, apenas uma chance. 54

À todo custo. 57

O Lenhador e o Carvalho.  59

Branco no preto. 62

De boca tudo se pode. 64

A Herdeira. 66

A joia e o mendigo.  71

Conhecidos não apresentados. 72 O mel da discórdia. 76

O homem que desejou demais. 77

O belo no feio. 78

Que a natureza perdoe. 83

De quê me vale? 85

Cadê Titia ? (só quando o destino permite).  86

A palavra convence, mas...  88

Rei do nada. 89

Que nem peixe. 90

Duas vezes doido.  93

Entrai um, sai dois.  94

Deu o cavalo e ainda levou coice. 95

O Sincero. 96

O escravo liberto. 102

O liberto escravo. 103

Une ou separa. 108

Estranha voz. 111

A viúva que deu vida. 112

O livro. 114

A vida ensina. 115

Agora é tarde. 118

Equação da vida. 120

Vale nada. 121

O interior por fora. 122

Hoje é teu dia de sorte. 124

É o que se tem. 127

Imperador – Simples no complexo. 128

Béééééé. 129

Andorinha teimosa. 130

Tudo de uma vez e uma coisa de cada vez. 131

A fome dói. 133

Matou pelo o cansaço.135 Do lado de fora. 137

Nem um, nem outro. 139

De dia é de dia, e de noite é de noite. 141 O Sonhador do Real. 143 A mulher que não gostava de poesia. 147

Quando o provisório é eterno, e o terno é provisório.

150

Cavalo não tem chifre. 152

A juventude é curta, mas a velhice é longa. 154

As três filhas. 155

O pior inimigo – A cismada. 156

Uma coisa pode ser outra. 157

Por trás da cortina. 158

O importante é o fim. 161

O céu estrelado. 163

Todo mundo mente. 165

Bem Te Vi. 167

Conflitos de gênios. 172

Mudar para pior. 173

Fui ali, volto logo. 175

Nada é nosso. 176

Gato malhado. 178

À procura da felicidade. 179

Instrumentista.  181 Inútil. 182

Discriminada. 185

Afetado. 188

Salvador perdido. 189

Poder até não mais poder. 190

A caçadora de borboletas. 192

Medo do escuro. 193

Apesar da morte. 194 Os sete selos. 195

Sujeira por sujeira. 198

Preço, valor e custo. 200

Isso é outra historia. 203

A mulher do tesouro desperdiçado. 205

Razinza - Raposa para quem precisa - 206

Com cabelo ou sem cabelo. 207 Diga meu nome. 208

Às vezes para se ter asas... 213

 

 

 

 

 

 

 

 

                                                         

 

                                                                         17 de Abril de 2022

 

 

 

 

A MENina Que AMA As FLOres

 

 

 

 

Chamava a atenção de todos como

aquela menina amava as flores. Por onde ela encontrava uma flor que estivesse deflorando, ela a levava para casa e cuidava dela, junto a tantas outras que já se encontravam ali. Um dia seu pai entrou no recinto batizado por ela de “O PARaiso Das FLOres”, e a encontrou chorando. “Por que choras minha menina linda?” Ela lhe respondeu, condoída: 

 

 

“É porque a orquídea, a última flor que

trouxe para cá há dois dias, murchou e morreu.” “Mas porque choras por uma orquídea se há tantas delas por aqui”?”Perguntou o pai tentando lhe elevar o ânimo”.  “É porque eu amo a todas. Quando uma morre é como se todas morressem. É como se uma parte minha fosse embora!” Seu pai, comovido com sua atitude e palavras, abraçou-a e beijou-lhe a cabeça, sentindo-se orgulhoso de sua amada filhinha, enquanto as flores exalavam seus perfumes pelo ar.

 

 

 

1       – Devemos valorizar ao máximo as

coisas belas da vida. 

 

2       – Os pais devem sempre prestigiar os

bons feitos dos filhos, assim como corrigir os maus. 

 

3       - A beleza... não existe por si só, mas

precisa ser cuidada. 

 

4       – Uma injustiça praticada a um, é

uma injustiça praticada a todos, o que todos devem temer. 

 

5       – Quando cada um que amamos

parte;  leva um pedaço da gente consigo.

 

O JARDineiro

 

 

 

 

Um homem cuidava de seu jardim

diariamente: regava, adubava, eliminava as pragas. Seu vizinho que também cultivava um jardim chegou com este e lhe perguntou: “Por que teu jardim é belo e o meu é moribundo?” E este replicou: “Em primeiro lugar eu cuido da terra, depois das flores. E você só quer as flores.”

 

 

 

 

1 – Há aqueles que só querem a beleza

da vida, sem, contudo, ter que lutar por ela.

 

 

 

                     DESGraça ALHeia

 

Um homem andava muito triste, cheio

de problemas financeiros, mas gozando de boa saúde. Um dia visitou uma cidade e encontrou um amigo que há muito tempo não via. E lhe perguntou: “Como vais?” “Mais ou menos”, respondeu. “Por quê?”, retrucou. “Veja você, sou um homem de grande fortuna, porém, de saúde precária.” E este pensou consigo: “Vou resolver meu problema financeiro, porque saúde tenho!”.

 

O segundo homem em seu percurso

encontrou um amigo que também há muito não via: “Como vais?” “Mal”, respondeu. “Por quê?” “Em mim transbordam problemas financeiros, e me estia a saúde!” E este pensou consigo: “Vou cuidar da minha saúde porque dinheiro tenho!”

 

 

 

 

 

1. Há aqueles que só se orientam pela

desgraça alheia.

O Papagaio E O Arrependido

 

 

 

Um papagaio aprendeu a repetir a

seguinte frase: “Sou feliz, sou feliz, porque sou um homem afortunado.” Seu dono adorava quando ao chegar do trabalho, ouvia seu papagaio cantar: “Sou feliz, sou feliz, porque sou um homem afortunado.” Mas os moinhos do mundo dos negócios giram ferozmente, e num “negócio mal feito”, ele perdeu uma fortuna, num único dia.

 

Ao chegar em sua casa como um

soldado ferido, lá estava o papagaio: “Sou feliz, sou feliz, porque sou um homem afortunado.”

E melancolicamente, respondeu para o

papagaio: “Não meu amiguinho, a fortuna vem, a fortuna vai”, disse acariciando a cabeça do papagaio, “perdi minha fortuna, assim como também perdeste a tua.” E assim abandonou o papagaio num subúrbio da cidade. Logo depois, ia passando um homem que empurrava um carrinho de madeira cheio de frutas que gritava: “Comprem, comprem as belas frutas do seu amigo

Ortenato.” Quando num intervalo de uma frase para outra ele ouviu: “Sou feliz, sou feliz, porque sou um homem afortunado”. 

O fruteiro se encantou na hora pelo o

papagaio e, esticando o indicador para o papagaio disselhe: “Venha meu amiguinho, venha, não tenha medo, dê o pé para uma grande amizade”, e o papagaio o fez. O fruteiro o colocou no carrinho de madeira, e enquanto este dizia: “Comprem, comprem, as belas frutas do seu amigo Ortenato”, o papagaio completava: “Sou feliz, sou feliz, porque sou um homem afortunado.”

 

 

Um dia o primeiro dono do papagaio já

recuperando parte da fortuna que havia perdido (no redemoinho dos negócios) foi procurar pelo seu amado papagaio, e o encontrou naquela situação com o fruteiro, e os feirantes brincando e tirando gracejos com o papagaio, enquanto este no carrinho de frutas esbugalhava os olhos, fazia barulho, abria as asas e balançava de lá para cá e de cá para lá. Esperou um momento em que o fruteiro estava caminhando sozinho com papagaio. 

Aproximou-se, e explicou a situação

para o fruteiro. Este em sua simplicidade exclamou: “Se é verdade o que dizes. O papagaio irá contigo” (e ficou muito receoso). 

 

O primeiro dono do papagaio esticou o

indicador para o papagaio, e ele recuou, dizendo: “Sou feliz, sou feliz, porque sou um homem afortunado.” Entristecido, disse o homem: 

 

“Sabes que posso requerer sua guarda,

coisa que não irei fazer. Porque amigo que é amigo, prima pela felicidade do outro. e está claro que ele está feliz contigo. Comigo ele tinha tudo, mas era acorrentado, e contigo ele tem o suficiente e é feliz. Podem ir.” Com os olhos brilhando de alegria o fruteiro acenou com a cabeça para aquele homem bem vestido, agradecendo aquele homem, virou e foram:

 

 

 “Comprem, comprem as belas frutas

do Ortenato.”

 “Sou feliz, sou feliz, porque sou um

homem afortunado”.

 

 

 

1     - No momento de crise não deves

agir precipitadamente, para não só perder bens materiais, como também os emocionais (amigos...).

2     - A felicidade é um estado que pode

ser encontrada em vários estados.

3     - O que salva a amizade é a amizade

 

 

 

  O LIVro E O TOLo

 

 

 

                                                                                  Um      dia      um      tolo       caminhando,

encontrou um livro de sabedoria e disse: “Ler bem sei, mas para que me serve um livro se tenho fome. Por um acaso vou comer papel?”

 

 

1 – O tolo não sabe distinguir que há

dois tipos de alimentos, o que alimenta o corpo e o que alimenta a alma. Por isso vive e morre na ignorância.

 

O CREdor

 

 

 

Um dia um credor foi cobrar sua divida

de certo homem e lá chegando, seu devedor lhe disse: “Pagar-te bem quero, mas não tenho como. Estou sem trabalhar. E o que ganho com os ‘bicos’ que faço mal dá para me alimentar.” O credor vendo a situação daquele homem lhe perguntou: “O que sabes fazer?

 

                                                                                   “Sou     muito     bom     na     arte      da

carpintaria”, lhe respondeu. “No caminho encontrei uma placa numa loja que dizia: precisamos com urgência de carpinteiro”, disse o credor. O carpinteiro se apresentou na loja, foi contratado e pagou sua divida com aquele homem.

 

1 – Às vezes para se receber uma

divida é preciso ajudar nossos credores.

 

 

BELEza FULGaz

 

 

 

Uma mulher por se achar muito bela,

acreditava que a beleza bastava. E assim viveu. Quando queria algo, bastava erguer as mãos, e logo era atendida. Tudo era fácil. Era fácil descartar seus admiradores. Era mais difícil mudar de vestido do que trocar seus amantes. Não trabalhava e nem se dedicava ao saber. Mas veio o mudar das estações, o mudar das paisagens. E assim ela ficou: sem corpo e nem cabeça.

 

 

 

 

1 – A beleza é passageira, mas a

sabedoria é condutora.

 

PEGue UMa TAÇa

 

 

 

                                                                                  Um     prefeito     constituiu     uma      lei

proibindo os cidadãos da cidade de ingerirem bebida alcoólica. Como a maioria era religiosa, a lei foi aceita facilmente. Um dia, um cidadão que visitava outra cidade, que era um exímio amante de vinho, ao adentrar uma bodega, encontrou o prefeito se afogando numa taça de vinho. Qual o cidadão se colocou: 

“Então é assim! Crias leis para os

outros cumprirem, mas tu não!” O prefeito respondeu sarcasticamente: “Não observaste, aqui não é minha cidade, e aqui a bebida é liberada. Pegue uma taça.”

 

 

 

 

1 – Há aqueles que se faz de santo em

suas casas, mas fora são o contrario. 2 – Uma lei pode está apenas alicerçada numa questão cultural, não pragmática.

 

O HOMem E A ÁGUa

 

 

 

Havia um homem que vivia numa área

alagadiça, e dizia: “Cansei de viver cercado de água. Não sou peixe.” Vendeu tudo, mudou-se, e se estabeleceu numa região seca, onde havia um poço que no verão secou. Andou alguns quilômetros atrás de água, encontrou um poço, e quando este jogou o balde para puxar água, ouviu o bater de uma palma. Ao olhar na direção de onde veio o som da palma, viu um homem que lhe disse: 

“Sou o dono desse poço. Se queres

essa água terás que pagar por ela.” “Dinheiro eu não tenho”, respondeu, “Existe outra forma pela a qual possa te ressarcir?”, retrucou. “Regar minha horta durante o verão até o inverno chegar”, respondeu-lhe o dono do poço.

 

1 - Há aquele que tudo tinha, mas por

imprudência perdeu tudo, e depois tem que sofrer para recuperar migalhas daquilo que ele possuía em abundância.

 

 

CADa Um VÊ De UM Jeito

 

 

O cego disse: “Vejo o mar como algo

belo”. Com gestos o mudo disse: “Vejo o mar como algo assustador”. E o surdo: “Vejo o mar como algo belo e assustador”.

 

1 – Tendemos a ver as coisas conforme

nossas experiências, perspectivas.

 

 

 

O ATALho QUe DISTANcia TUDo

 

 

Um homem sempre voltava da labuta

pelo mesmo bosque. Um dia ele resolveu ir por um atalho, que um amigo havia indicado que, por sua vez, outro amigo deste havia indicado, mas por onde ele mesmo nunca havia passado. Assim ele seguiu o conselho cego, e neste caminho foi mordido por uma cobra venenosa e morreu.

 

1 - Não se deve pegar atalhos sem

conhecer seus perigos.

 

 

 

 

INOCEnte BONDade

 

 

 

Certo dia, um homem encontrou um

filhote de elefante. Sem saber que bicho era aquele, o levou para casa. À medida que o bicho crescia, ocupava mais espaço e devorava cada vez mais seu pequeno bosque. Observando aquilo, o homem exclamou em tom de tristeza: “Eu mereço, eu mereço, pois trouxe para minha casa um bicho que não conhecia e que se revelou um tomador de espaço e glutão, apesar de ser inofensivo.” 1 – Às vezes queremos ajudar boas

pessoas, mas no final elas se revelam ‘desinteressadas e atrapalhadas’.

 

 

 

DEFINir METas

 

 

 

Certo dia, um homem criou uma águia

para dar cabo com os camundongos que infestavam o seu vilarejo. O que todos aclamaram. Porém, era um costume daquele vilarejo a criação dos pequenos hamsters como animais de estimação. E com o tempo, a águia passou a não distinguir os camundongos dos hamsters, e passou a devorar ambos. 

O povo revoltado disse para aquele

homem: “Veja, tua ‘salvação’ também é agora a nossa perdição.” “Mea culpa”, replicou o homem. “Tudo isso é mea culpa. Ao passar a missão a valente águia não lhe defini os termos: que camundongo é camundongo e hamster é hamster.”

 

 

1       – Devem-se passar as ordens de

forma mais clara e objetiva possível.

 

2       – Quando tudo vai bem, muitos são o

que estão do teu lado, mas basta o jogo mudar, que lhe viram as costas, ou lhe atacam.

 

 

 

O JAMBeiro

 

 

 

Certo homem possuía um jambeiro em

frente a sua casa. Incomodado com as folhas que caiam no chão, e os jambos no telhado, resolveu cortá-lo. Um vizinho vendo aquilo chegou a ele e disse: “Não faça isso com quem te dá sombra e frutos.” “Mas por outro lado”, respondeu o homem, “me dá muito trabalho”. 

E cortou o jambeiro. Um dia o vizinho o

viu chegando com uma sacola de jambos, que este havia comprado na feira, e ao passar por ele, o homem exclamou: “Como estão caras as coisas!”.  Outro dia este, em frente a sua residência, reclamou: “Está quente de rachar! Não sei o porquê, mas tudo mudou!”

 

 

1       - Há aqueles que só querem o lado

bom das coisas, e, acabam ficando realmente só com um lado.

 

2       - Perdeu o que tinha para ficar

sempre tendo que adquirir de outro.

 

3       - Às vezes perdemos um conforto

que era nosso de forma gratuita, e que por isso mesmo não o valorizamos.

 

 

 

 

 

 

 

O QUADro E A FORÇa DESCONHEcida

 

 

 

Uma mulher era muito conhecida num

vilarejo pelo seu temperamento calmo e educação lapidada, não fazia distinções entre as pessoas, por isso era muito querida “por todos”. Houvesse crise ou não, a postura era a mesma. Na sua sala de estar havia um quadro pintado a óleo, que fora pintado por seu falecido marido, o qual ela “não dava e nem vendia”, que tinha o seu outrora belo e  jovem rosto, que exalava paixão pela a vida. 

 

Um dia dois homens invadiram sua

casa enquanto ela levava suprimentos para uns desabrigados. Ao retornar e encontrar a porta encostada pensou que havia se esquecido de trancá-la. Mas na medida em que ela ia abrindo a porta, foi percebendo a ausência do quadro. Em seu rosto se acentuava a marca da perplexidade, e disse para si mesma: “Somente duas coisas não poderiam tomar de mim: minha vida e esse quadro. E quem fez isso mexeu com uma força desconhecida.”

 

A partir daí o povo do vilarejo viu uma

mulher obcecada em recuperar aquele quadro. A premissa dela é que o quadro havia sido vendido a algum colecionador de obra de arte. Tendo em vista que muitos já a haviam visitado, para admirá-lo, ou para adquiri-lo. Ela estava tão concisa nessa ideia que se esquecia de cumprimentar ou de retribuir os cumprimentos, não por grosseria, o que não era típico dela, da sua educação, mas era que às vezes, ela nem os via ou os ouvia. Já não visitava mais os necessitados, e mandava outros entregarem seus mantimentos e agasalhos. Nas ruas já comentavam que ela ‘havia mudado’.

 

                                                                                  Ela     pagou     ‘arapongas’,      detetives,

prometeu recompensas, espalhou panfletos, acionou as autoridades. Certo dia uma mendiga de uma cidade vizinha, perambulando por uma rua do subúrbio, parou para comer, sentou em frente de um barraco e ouviu dois homens conversando: “E agora, não temos como sair com esse quadro daqui. Esse assunto está muito visado, todos comentam.” O que o outro respondeu: “Vamos esperar mais dois dias, depois nos livramos da prova do crime, não conseguimos vende-lo.” “Não. Vamos queimá-lo logo”, replicou o outro. A mendiga ouvindo isso e olhando por uma fresta, viu o quadro e não teve dúvida, era o quadro que ela tinha visto num panfleto do poste da praça pública, e que ela havia arrancado. Ela procurou o panfleto em sua bolsa rasgada e suja e encontrando-o, visou o endereço e foi até lá.

 

A mendiga conseguiu encontrar a dona

do quadro, conforme estava no panfleto, e informou-lhe o ocorrido. Está acionou as autoridades que prenderam os homens imediatamente. E a mendiga teve a vida mudada.

No dia do julgamento, a dona do

quadro, já aliviada pela a recuperação do seu ‘bem-maior’, estava firme, impassível. Depois dos procedimentos, o juiz explanou à dona do quadro:

“Em nossa lei temos o termo meio-

perdão. Esse termo implica que, se a senhora optar por este, os réus irão para um reformatório, onde trabalharão, e o que produzirem será para a comunidade, e a noite eles dormem nas celas. Ou a senhora pode optar pela condenação propriamente dita, onde eles cumprirão a pena em regime fechado.”

 

Os que acompanhavam o julgamento,

que a conheciam de longa data, pensavam que ela optaria pelo ‘meio-perdão’. Mas para surpresa de todos, ela solicitou o regime fechado e complementou:

“Se eles, para vocês, estão sendo

julgados pela infração de furto. Eu os julgo por... tentativa de homicídio.”

 

 

 

1   – Muito cuidado ao mexer com forças

desconhecidas.

 

2   – há coisas que para nós têm valores

incalculáveis, e por elas nos mantemos de pé, vivos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O REAl E A SOMBRa

 

 

                                                                                                   Um     periquito,     certo      dia,

olhando sua sombra na parede pensou: “Amanhã vou desafiar o gavião real, e mostrarei quem é o rei dos ares.” Um amigo sabendo disso correu-lhe ao encontro: “Estais louco, és um periquito, não uma águia”. “Não julgueis pela a aparência”, retrucou. “Não é uma questão de aparência, mas de juízo. Com teu porte não há como vencer o gavião real, mesmo que ele lute deitado”, completou. 

 

O que respondeu o periquito valente: “O destino dos audazes é se sobressair”, o que o amigo complementou: “E dos cegos de entendimento é cair.” “De que me serve um amigo que não acredita em mim”, disse o periquito afetado. “Um amigo”, disse-lhe, “também serve para nos mostrar as limitações de nossas crenças, para mostrar-lhe que, isto é real e aquilo é sombra.” “Até mais”, disse o periquito, e completou: “Meu amigo descrente”, e foi. Não voltou mais. Foi morto.

Seu amigo cuidou com todo carinho do

seu velório e, com grande pesar, repetia: “Eu te disse, eu te disse! Eu não te disse!?”

 

1 – Há a realidade e as sombras, é

preciso distingui-las: o vento pode mudar as coisas do lugar, mas você não pode apalpá-lo.

 

 

 

O BRUTo E O SÁBio

 

 

 

                                  Um homem por ser

alto e forte achava-se o “Invencível”, porque, principalmente na cidadela onde residia, as pessoas na grande maioria, eram de estatura média ou pequenas. Certo dia, um filho desse povo, que havia saído ainda muito jovem daquela cidade para estudar no exterior, retornou. 

 

 

O bruto passou a se incomodar com

esse ‘filho do orgulho’, principalmente porque o povo passou a chamá-lo de ‘Mestre’ (mesmo contra a sua vontade). O bruto quando o via passar o cutucava: “Mestre. Só se for mestre de nada”. Ou ainda chamava-o de ‘forasteiro’, ‘pigmeu’, ‘banquinho’. 

                                                                                  Alguns    amigos    chegavam    com     o

insultado e lhe perguntavam: “Por que tu deixas o Mamute falar assim contigo. Se tens o poder e não o usas perdes a virtude. Tu és um símbolo para nós, não nos decepcione.” “Cada um vive por si e morre por si mesmo”, rebateu o pequeno mestre.

 

 

Quando faltava uma semana para o

pequeno mestre voltar para o país onde estudava, ao passar pela rua onde o Mamute morava, este repetiu: “Mestre. Só se for mestre do nada”, e concluiu, “Eu te desafio para um embate, tens um corpo atlético creio que suportas um minuto comigo no tatame” (O Mamute tinha uma academia onde gerava mais mamutes). 

 

O jovem mestre replicou: “Covarde e

ignorante é aquele que mesmo sabendo da fragilidade do inimigo o agride e o humilha.” “Não me importo”, disse o mamute, “quero quebrar tuas costelas”, e avançou. Ao tentar golpear o jovem mestre, este o golpeou de várias formas, e depois, o imobilizou, e disse: “Nenhum homem tem o direito de atacar, mas todo homem tem o direito de se defender.” E as pessoas que acompanharam aquele acontecimento, admiraram muito mais ainda aquele homem, filho da terra.

 

 

O Mamute não se deu ao trabalho de

pesquisar que tipo de mestre era o ‘jovem mestre’. Ele já tinha vários graus num determinado ramo das artes marciais. Enquanto o Mamute usou a brutalidade ele usou a técnica, era como se o Mamute tivesse perdido para ele mesmo, pois ele usou a força dos golpes do Mamute contra ele mesmo e o derrotou legitimamente. O Mamute envergonhado mudou-se até da cidadela, e nunca mais a incomodou, com sua intempérie. Enquanto que o ‘jovem mestre’, virou símbolo daquele lugar, onde fundou uma academia onde se formava sábios.

 

 

 

 

 

 

 

ARGUMentos E FATos

 

 

 

Uma mulher passou a fazer regime por

conselho das suas amigas, pois já se encontrava muito acima do peso. Quando ia para almoços e festejos com estas, comia o mínimo possível, coisa que suas amigas gabavam, e diziam: “Isso! É com força e perseverança que se consegue as coisas.” Porém, passados três meses, ao invés da mulher ‘diminuir’, ela aumentava. Suas amigas decepcionadas chegaram com esta, protestaram: “Como argumentar contra os fatos. Por um acaso podes engordar comendo vento?”

 

 

 

 

1 – Pode-se alimentar uma mentira até

certo ponto, mas não em todos os pontos. Um dia os fatos se revelarão e a luz da verdade iluminará as trevas da mentira.

 

 

 

 

O PEIxe QUe SABia DEMais

 

 

 

Um dia um peixe se invocou com um

pescador. De tanto ver seus amigos e parentes pescados por aquele homem. “Mas como um peixe pode vencer um pescador?”, ponderou o peixe, filosofando. O peixe chamou sua amiga arraia e explicou a situação. A arraia também já havia perdidos vários dos seus para aquele pescador, e topou ajudar o peixe em seu intento. 

 

Quando o pescador apareceu o peixe

avisou a arraia. O peixe pegou o anzol e o engatou num tronco de uma árvore num canto raso, porém, escuro do rio. O pescador só estava com aquele anzol e, resolveu arriscar, desengatar o anzol, e ao dar uns passos pisou na arraia e levou uma esporada no calcanhar, e este passou 24 horas sentindo tanta dor que suava. O peixe pensou: “Livre estou do perigo. 

 

É bom ter certos inimigos, outros não.” Passaram-se alguns dias, e o pescador retornou, agora com óculos e fisga coisa que até então nunca fizera. Mergulhou no     rio,    encontrou          a     arraia         que   tentou       fugir desesperadamente embaixo de uns galhos, mas mesmo assim o pescador era experiente e a fisgou. 

 

O peixe pensou: “Meu inimigo voltou,

e voltou mais forte do que antes. O mal que lhe causei o fortaleceu. Para um adversário poderoso é preciso ter vários estratagemas.” O peixe foi então com o crocodilo e lhe explicou a situação. O crocodilo se pôs embaixo de um serrado debaixo d água, próximo a margem do rio e esperou. 

O pescador chegou e começou a

pescaria. Um tempo depois, como o sol estava escaldante, resolveu tomar um banho. O crocodilo avançou sobre ele e o arrastou para o fundo do rio. E o peixe se sentiu aliviado: “Foi um grande adversário, mas sinto-me mais seguro sem ele.” Alguns adversários querem competir conosco, mas outros querem nos destruir. E ter bons aliados é de fundamental importância.

 

 

 

 

 

A MAis BELa

 

 

Havia uma mulher que se colocava

acima das outras. Pois era considerada a mais bela daquela região. Um dia chegou uma mulher de outra região para aquela localidade que era mais bela do que a primeira. À medida que o tempo passava aquele povo tanto admirava aquela mulher por sua beleza exorbitante, como também por sua pessoa, educada e zelosa no tratar com estes.

 A outra, que agora era a segunda,

passou a espalhar boatos sobre aquela mulher, para desqualificá-la. E em contrapartida ouviu: “Isso é o que tu dizes, mas não é o que vemos.” Vendo que a pedra lançada, voltava em sua direção, foi de encontro aquela mulher. Conversaram longas horas, e se transformaram em grandes amigas. E as duas foram admiradas e amadas pelo aquele povo.

 

1    – Quem busca a gloria a todo custo

pode ser por ela devorado.

2    – Às vezes é preciso dividir, para não

se destruir.

 

A CADela

 

Um cachorro tinha o hábito de difamar

as esposas dos outros cachorros. A cachorra de fulano é isso e a de sicrano aquilo, mas a dele era justa e única. Mas um vira-lata que a todos conhecia pensou: “Aquele fala do que não vê: aquele cachorro não sabe a cadela que tem em casa.”

 

O MENdigo E O RICo

 

                                                   Um

homem se compadeceu de um mendigo e, tentou ajudá-lo, tirando-o daquela situação. Depois de três tentativas, o mendigo sempre voltava para as ruas. O bom homem perguntou-lhe: “Porque trocas a bonança pela escassez? ”É porque não encontrei felicidade na primeira. E mais, passa-se tanto tempo na miséria que acaba por se acostumar com ela”, respondeu o mendigo. 

“E por que não me falaste logo?”,

questionou o bom homem. Disse o mendigo: “Por que és um bom homem, não queria magoá-lo. Porém agindo assim o magoei mais.”

 

1        – É muito

difícil tirar uma pessoa de uma situação, quando está não se esforça, ou que realmente não quer sair da mesma, já está adaptado a ela, mesmo que seja uma situação ruim.

 

 

2        – Há lugares que não queremos mais

voltar ali, mesmo que seja um lugar ‘maravilhoso’.

 

 

 

O LOBo E O CARNeiro

 

 

 

                                                    Um lobo e um

carneiro foram criados juntos numa fazenda. Quando estes estavam adultos resolveram fugir dali, e assim fizeram. Pelo meio do caminho eles encontraram um rebanho de ovelhas. E estas questionaram: “O que faz uma ovelha com um lobo? Somos naturalmente separados. A água não se mistura com o fogo.” O lobo disse: “Vamos”, e os dois prosseguiram. Mais adiante encontraram uma matilha. Os lobos questionaram: “Desde quando o carnívoro faz acordo com a carne?” (mas por respeito ao lobo a matilha não atacou aquela ovelha, amiga do lobo). A ovelha disse: “Vamos”, e foram. E foram amigos por toda a vida, a ovelha cuidava do pasto, e o lobo protegia a ovelha dos predadores.

 

1       – O que o preconceito separa a

amizade une.

2       – Se um instinto natural não pode ser

eliminado, pelo menos este pode ser domesticado.

 

3       – Os opostos são complementares.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

HOJe NÃo FUGIRei

 

 

Uma mulher vivia fugindo de outra. Pois esta fora ameaçada pela outra, por causa de ciúmes infundados, em relação ao seu esposo. Algumas pessoas chegaram com esta e lhe perguntaram: “Se és muito mais forte do que ela, por que foges? Só uma braçada que deres nela, ela não voltará para a segunda. Se és inocente por que te submetes?” A mulher refletiu um pouco e disse: “Sim, sou inocente, e sou muito mais forte que ela.” Um dia sua “rival” a encontrou na rua e disse: “Hoje não fugirás.”  O que ela exclamou: “Hoje não fugirei! Porque não preciso fugir.” A ciumenta se espantou com sua atitude e palavras. Mas mesmo assim foi. E foi desmoralizada perante o povo. E nunca mais mexeu com aquela mulher que teve sua honra restituída.

 

1    – Às vezes não sabemos a força que

temos até que alguém venha nos dizer, ou nos enfrentar...

2    - Às vezes é preciso é preciso lutar

com ‘dentes e garras’ para se ter a honra, a dignidade mantida ou restituída.

 

  O TROco (Da VIDa)

 

 

                                                                                                                                     Um       galo

metido a galanteador gostava de atacar as filhas dos outros galos. Enquanto isso a sua filha crescia, ficava mocinha. Agora o galo galanteador estava com medo que os outros galos fizessem o mesmo que ele fazia com a filha daqueles. 

Todos os chamavam de pai zeloso,

aonde quer que a filha fosse ‘Ia deixar, ia pegar’. Mas na verdade era o medo que o fazia agir assim, já com o filho o tratamento era diferenciado, este podia fazer o que quisesse, o que o fazia às vezes pensar: “Será que o pai gosta mais dela do que de mim?” 

 

 

Mas o que este pai hipócrita não

percebeu é que ele podia defender a filha dos outros galos iguais a ele, mas não dela mesmo, sendo que esta gostava de galos mais velhos. E quando ela achava uma brecha, ela realizava seus sonhos no pesadelo do pai. E enquanto este se preocupava em demasia com aquela, seu filho fazia cada vez mais coisas erradas.

1 – Às vezes recebemos pelos nossos

filhos, o mesmo que fazemos com o filho alheio. 2 – Às vezes cuidamos tanto de um filho que perdemos o outro, ou, ambos...

 

 

 

SEMPre CASAmos Com ALGUma COIsa

 

 

 

Uma jovem chegou com uma sábia e

lhe perguntou: “Mestra, quando devo casar-me?” “Quando cansares da solteirice”, respondeu a sábia. “E quando perceberei que estou cansada de ser solteira?” A sábia respondeu: “Quando quiseres ir à diversão acompanhada, se não, não case”, e riu suavemente, e completou: “Quando quiseres dividir tua vida com outra pessoa, case. Dividir as alegrias e tristezas de outra pessoa, assim como as tuas, case. Se quiseres dar explicação da tua vida, como pedir da vida de outro, case. A equação do casamento é somática e divisória.” A jovem retrucou: “Então, mediante a isso, é por isso que nunca casaste?”

“Sempre casamos com alguma coisa”, disse a sábia, “eu casei com o saber. E vivo a alegria e a tristeza desse casamento. Durmo e acordo com ele.” A jovem olhou com grande admiração para aquela mulher e, agradeceu segurando as suas mãos, e saiu pensando: “Sempre casamos com alguma coisa. Sempre casamos com alguma coisa. Eu já sei com o que quero casar”, e saiu saltando de alegria pelo o caminho, que atravessava um belo bosque.

 

 

 

 

1    – É sempre bom tomar a opinião de

pessoas experientes, antes de se lançar a uma empreitada.

 

2    – Ter um objetivo claro e definido.

 

3- Saber esperar, e se preparar, para o

momento da conquista...

 

 

 

 

ACHAMos A LUa

 

 

 

 

Um inseto saiu da mata à boca da

noite, e viu a luz de um poste pela primeira vez.  E começou a rodopiar em volta da luz. Um outro inseto vendo aquilo, fez o mesmo, e assim imitaram outros, mais e mais. Dezenas e dezenas de insetos ficaram rodopiando a lâmpada e diziam com grande euforia: “Finalmente achamos a Lua, achamos a Lua!”

De tanto rodopiar em torno da ‘lua’,

muitos começaram a ficar cegos; outros de tão cansados começaram a cair. E poucos restaram à medida que ia amanhecendo e a luminosidade ia se ‘acabando’, até que cessou de vez. Os remanescentes olharam uns para os outros; e um deles disse: “Voltemos para mata, de onde nunca deveríamos ter saído. Encontrar a ‘Lua’ foi uma grande ilusão.” E se foram.

 

 

1                       – Nunca sair de um lugar conhecido

para um lugar desconhecido, ao menos que seja realmente necessário.

 

2                       – Não imitar o que os outros fazem

sem saber realmente o porquê.

 

3                       – Não achar que a luz do poste é a Lua: não ache que uma coisa é uma coisa, quando está é outra coisa.

 

4                       – Ao detectar o erro, corrigi-lo

imediatamente, para evitar assim seu crescimento...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A APOSta

 

 

 

A tartaruga apostou corrida com a

lebre. A lebre na certeza que ganharia facilmente aceitou. “Então, amanhã às nove horas, venha e apostaremos nove mil contos”, falou com firmeza a tartaruga, “que, claro, ganharei” completou. A lebre riu e disse: “É claro que ganhará. É claro como o belo céu que está fazendo agora.”

A tartaruga foi para a casa, lá chegando

foi para sua oficina, e construiu uma armadura que podia segurar seu peso, o que lhe dava mais mobilidade. Na hora marcada a tartaruga chegou andando ereta, a lebre estranhou, mas pensou consigo mesma, com certo grau de contentamento: “Isso só lhe acrescenta mais peso.”

Deram a partida. Em pouco tempo a

lebre ganhara uma boa dianteira. Mas quando tartaruga conseguiu se adaptar melhor à armadura ultrapassou a lebre e venceu.

Agora quem ria era a tartaruga: “Vim,

vi, lutei e venci. Bem, venci, dai-me o justo prêmio.” A lebre fazendo cara de afetada disse: “Não lhe darei, porque ganhaste injustamente, com esse teu sobressalente.” “É”, falou a tartaruga, “no começo, sabendo que sou um animal lento por natureza, aceitaste a aposta de bom grado.”

 

 

 

 

1        – Há aquele que só quer competir de

forma injusta.

 

2        – Ninguém gosta de provar do

próprio veneno.

 

 

 

 

 

 

 

 

O HOMem, A CACIMba E A ORIGem DO

UNIVERso

 

 

Um homem andava por uma região

árida e deparou-se com um homem bebendo água numa cacimba. Aproximou-se e perguntou: “É boa essa água?” “Sim, é”, respondeu o outro homem. “E qual é a origem dessa cacimba?” perguntou. 

“Do solo!”, respondeu-lhe o homem. “E esse solo, é um bom solo?”, perguntou novamente. O homem já esquentado por tantas perguntas retrucou: “Escute. Do jeito que estás indo com estas perguntas, chegaremos a origem o Universo. Uma coisa é certa, se não beberes dessa água, morrerás de sede,  pois a próxima vila, fica a quilômetros de sol escaldante daqui.” 

 

O perguntador bebeu a água, encheu

seu potinho. E ainda teve a companhia do outro homem, que ia à mesma direção daquele. E assim os dois foram falando sobre a origem do Universo.

 

1              – Primeiro às coisas viáveis, depois às

improváveis.

 

2                    Não   perder       tempo       com

pormenores quando há coisas urgentes a fazer.

 

3              – No muito discutir, perdemos

grandes amizades...

 

4              – depois da flechada a cura, no

procurar saber a origem da flecha, o tipo de arco e etc., o sangue terá se esvaído todo e...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A MULHer E O SABIá

 

 

 

Uma mulher criava um sabiá desde

filhotinha.  Mas ela a criava livre, solta pelo ar. Quando cresceu, de inicio só ficava dentro de casa, depois, casaquintal, para depois dar pequenas escapadas, que gradativamente foram aumentando o tempo entre uma escapada e outra. Até não mais voltar. Sua criadora pensou: “Deve ter construído seu primeiro ninho: amor para ficar, amor para partir.”

 

1    – A vida segue seu rumo.

2    – Aquele que ama deve renunciar o

sentimento de posse.

3    – Ninguém é obrigado a ninguém.

4    – Criamos e educamos nossos filhos

para estes encararem o Mundo, por que: Nada é nosso só está conosco.

 

 

 

UMa CHANce, APENas UMA CHANce

 

 

 

Um jumento ao saber que um leão

havia atacado outros jumentos, se invocou e disse: “Ao leão vou derrubar”, falou estas palavras com toda a força do mundo. Seu amigo ouvindo isso lhe disse: “Ponha-te no teu lugar. És um jumento, e ele, um leão, o animal mais temido da região. Que apesar de não ser meu rei, dizem

que é o rei da floresta.”                     

  “Ninguém”, disse o jumento valente, “é forte o suficiente que não tenha um ponto fraco ou mais.” “Concordo, mais não vou apostar nisso”, replicou o seu amigo, “já vi um leão derrubar um búfalo grande na patada. De inimigo muito poderoso é melhor manter uma certa distancia. Vamos embora daqui, é mais prudente”, completou. Treplicou o jumento valente: 

“De onde viemos, não dá mais para

voltar, lembra-te que a escassez nos arrasou. Voltar para lá é encontrar a morte certa. Aqui pelo menos temos uma chance.”O seu amigo disse-lhe: “Não delira, aqui seremos devorados pelo o leão.”

O jumento valente respondeu-lhe: “Se

uma chance tenho, uma chance vou usar. Venha comigo.”

O amigo aceitou, mas completou: “Vou, mas vou ficar observando do alto de um monte.”

E assim fizeram. O jumento valente ao

avistar o leão chamou-lhe a atenção: “Oh leão! Oh leão! Venha pegar tua refeição!” O leão vendo aquela ação tresloucada, pensou: 

“Assim fica mais fácil”. E começou a

andar em direção ao jumento, na medida em que o leão ia dizendo: “És um sem juízo, achas mesmo que tem uma chance contra mim?” “Eu tenho, eu tenho”, pensou o jumento enquanto o seu sangue começava a ferver, “mas também é só uma chance. Se eu falhar, serei devorado em questões de minutos.” E seu amigo observava aquela cena, aflito e com o coração na mão: “Que loucura é essa!”

 

O leão começou a andar um pouco

mais rápido. Mas o jumento queria que ele corresse. Então começou a correr para forçar o leão a correr. Quando o leão começou a correr cada vez mais rápido, o jumento calculou um tempo para a sua chegada, e parou virado de costas para o leão, e deu uma olhada para trás (a boca do leão babava). E pensou: 

                                                                                  “Só     mais     um     pouco,     mais      um

pouquinho...  Agora!” O jumento lançou seu quadril no ar, e puxou as ancas para a dianteira, e quando o leão saltou para dar o golpe fatal, o jumento deu-lhe um coice, com tanta força, mais com tanta força, que os seus cascos quase racham, e os cascos dianteiros afundaram no solo, nem ele sabia que possuía tanta força. O leão voou dando um giro com a cabeça para trás, girando sobre o seu próprio corpo e, caiu, tremendo no chão, e entre espasmos, morreu. E a chance foi usada.

 

Seu amigo desceu o morrinho correndo

e estupefato, e olhava para o leão morto e para o jumento, para o jumento e para o leão morto,  disse eufórico: “O que vi hoje nunca mais verei na minha vida.” “Esses são os nossos momentos”, disse o jumento valente, “mas se aconteceu uma vez, pode acontecer outra vez. Mas espero nunca mais ter de passar por isso, pois, a tensão quase me matou. Venha vamos viver o momento da nossa liberdade!” E foram.

 

 

 

 

 

 

 

 

À TODo CUSTo

 

 

 

Uma passarinheira viu um ninho de

curió no alto de uma mangueira. Desejou-lhe tê-lo a todo custo. Subiu na árvore. E chegou ao galho onde estava o ninho. Então, começou a caminhar em direção ao seu ‘ninho de ouro’, se sustentava com o braço esquerdo segurando o galho de cima e esticava o braço direito para apanhar o ninho. 

Quando esta segurou o ninho, já com o

coração palpitando de alegria, o galho que ela estava segurando, rachou, e ela despencou das alturas, batendo de galho em galho, caiu no chão, falecida, mas ainda segurando o ninho na mão, e com os filhotes caídos ao redor, também sem vida. Quando a mãe curió chegou e constatou aquele quadro terrível, seu canto triste ecoou pela a floresta.

 

 

1        – Desejo cego pode afetar aqueles

que amamos.

2        – Deve se saber onde se está

apoiando, se o galho é forte, se o galho é fraco, ou se está rachado.

 

3        – Não ferir a carne nossa. Ou a alheia,

com nossos desejos mal calculados.

 

4        – É triste perder aquilo, e aqueles

que amamos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O LENHADor E O CARVALho

 

 

 

 

Um lenhador morava próximo de um

grande carvalho. Era o maior daquela região. Pensando em ‘fazer seu nome’ entre os lenhadores, resolveu cortá-lo. Deu uma machadada, duas três...  Chegou a um quarto de corte no tronco do carvalho, se sentiu cansado pois já era “boca da noite”. “Não há risco de cair, amanhã termino. E ao terminá-lo chamarei os meus amigos e rivais, uns para me admirar e outros para morrer de inveja, onde ouvirei elogios legítimos e elogios forçosos.” 

Só que este empolgado fez o corte no

carvalho de maneira que, se ele viesse a cair, cairia em direção a sua casa, e a atingiria.

                                                                                  De     madrugado     veio     uma      chuva

violenta, tão forte, como nunca se viu naquela região. O carvalho cortado balançava, mas não caia. Mas, outro carvalho já muito velho, com partes das raízes secas e podres, balançou, balançou, e caiu. E foi em direção ao ‘carvalho dos sonhos’ do lenhador. Que dormia em profundo sonho e delírios sobre a ‘derrocada do grande carvalho’.

Quando o carvalho velho caiu sobre o ‘carvalho dos sonhos’, somou-se a energia da forte chuva, e a fragilidade do corte que este havia sofrido, e foi arriando, arriando, em direção a casa do ‘sonhador lenhador’. E enquanto seu mundo acabava, ele sonhava, sonhava e sonhava com seus ‘dias de glória’. Quando o carvalho bateu no telhado da sua casa a grande velocidade, ele se espantou e tudo desabou sobre ele. E ele morreu.

No outro dia a noticia correu pelo o

vale. Seus amigos e rivais foram até a casa do lenhador. Os amigos lamentaram a perda do amigo, e o que foi pior com  um destino tão trágico e irônico. Um jornal local noticiava: ‘Lenhador morto pelo carvalho’. Outro: 

                                                                                  ‘A    Vingança     do Carvalho’.      Outros

tratavam o nefasto de forma sátira: ‘Morreu com carvalho na cara’, ‘Se perdeu para o carvalho vai ganhar de quem’. Os amigos do lenhador ficaram indignados com esta forma de tratar sobre o triste destino do amigo, mais os rivais, riam e riam. O funesto acabou virando piada no vale.

Mas com o passar do tempo até os

próprios amigos do lenhador, faziam piadas e cânticos sobre o sinistro que aconteceu com o lenhador:

 

Quem foi, quem foi

Que perdeu para o carvalho Sem sentir dor.

Foi aquele ‘bafento’

Foi aquele ‘bafento’

Do lenhador.

 

(Outra)

 

 Eu estava lá, tranqüilo

Tranqüilo sem pensar em nada

Quando dei por mim

Na cara me veio a ‘carvalhada’

(Batiam as taças e riam) BRANco No PRETo, PREto NO BRANco

 

 

 

                                                                                  Um      cisne     branco     nunca      havia

encontrado um cisne negro. Mas quando encontrou um ficou maravilhado e invejou sua cor. Tentou de várias formas ficar com os cisnes negros. Até que um dia encontrou uma árvore que tinha uma casca rompida, de onde emanava um liquido viscoso e escuro: “Encontrei o que tanto procurava.” Assim o fez e escuro ficou. Nesse dia saiu do grupo dos cisnes brancos e entrou no grupo dos cisnes negros.

Mas sua alegria só durou um dia e

meio. Quando no meio do outro dia começou a chover relativamente forte, a tintura das suas penas começou a escorrer, o deixando branco novamente, e a mascara caiu. O líder dos cisnes negros perguntou: 

 

“Por que nos enganastes?” “Por que eu

queria tanto ser um de vocês!”, respondeu. “Tem coisas que nunca seremos, e não adianta forçar a situação”, aconselhou o líder dos cisnes negros. “Mas tem coisas que só aprendemos a duras penas”, rebateu o cisne branco. “Agora vá e rogo para que os teus te recebam bem”, disse o austero líder, “se não, não serás bem vindo nem aqui e nem lá. Não serás nem um cisne negro e nem um cisne branco, porque aquele que não tem caráter perde tudo.” DE BOCa SE PODe TUDo

 

 

 

Um rapaz se julgava o conquistador das

moças daquele vale. Mas alguns amigos se invocaram e foram pesquisar. Pois nunca o tinham visto com uma mulher. E aonde quer que fossem nenhuma alma viva sabia um pedacinho de coisa sobre aquele ‘conquistador’. “Tens como provar de alguma forma sobre as tuas audazes aventuras amorosas?” 

 

“Minha palavra basta”, retrucou, “Mas

é que tuas palavras não batem com os fatos, não há sequer indícios que sustentem tuas afirmações. Não és conhecido nem entre as ‘mulheres das esquinas’. E se enchendo de marra e pose, se defendeu: “É que galo que é galo come em outros galinheiros, e tem boca de túmulo.” Eles olharam já passando total descrédito em relação a este: 

“Sabemos, sabemos”, disseram. E este

caiu em descrédito, e, para piorar a sua situação, os boatos que correram sobre este deixaram as moças daquele lugar desconfiadas com o ‘conquistador de araque’, que poderia ser do tipo de ‘galo que cisca no galinheiro alheio, e depois ‘espalha o milho para todo mundo’.

 

 

 

 

 

1    – Não adiantar alimentar uma fama

que não se pode provar, se for falsa uma hora cairá, por exemplo, dizer que é um escritor, sem nunca apresentar um livro.

 

 

 

 

 

 

2    – Alimentar uma fama que no início

parece boa, mas que no final pode te prejudicar...

A HERDEIra 

 

 

 

                                                                                  Uma     mulher     recebeu     uma      boa

herança, que seu pai recém-falecido lhe havia deixado, pois era filha única.  Assim passou a ter grande prestigio naquela cidade, pois era herdeira de um grande bem, e de um grande homem. Um dia ouvindo alguém a bater na porta, como estava passando ali próximo da porta, resolveu pessoalmente atender. Ao abrir a porta deparouse com uma mulher: “Pois não”, disse, “em que posso ajudá-la?”.

 E a mulher com os olhos alegres disse: “Há anos te procuro”, a herdeira olhou assustada para aquela visitante e perguntou: “Por quê?” “Por que eu sou tua irmã. Tu és a única irmã que tenho em todo esse vasto mundo. Hoje configura-se um dia de extrema felicidade para mim.” 

A herdeira ficou paralisada durante

alguns segundos e rebateu veementemente: “És louca mulher, sou filha única!” A mulher entendeu a situação e falou tranquilamente: “Não és mais. Deverias ficar alegre, assim como estou.” Mas a bem da verdade nesse momento a herdeira só pensava na sua herança, e, no prestigio que isso lhe propiciava, e respondeu asperamente, em tom alto: “Vá embora daqui, e não volte nunca mais, sua aventureira, exploradora da dor alheia!” E bateu a porta com força ‘no rosto’ daquela elegante e bela mulher, que estava ali audaciosamente dizendo que era a sua irmã. 

Mas esta continuou ali, e ela abriu a

porta novamente. “Qual”, disse a herdeira furiosa “a parte do ‘Vá embora e não volte nunca mais’ você não entendeu?” “Peço-lhe”, disse-lhe a mulher, “que me ouça durante um segundo.”“Já lhe dei tempo demais, sua oportunista, pilantra!” E lhe bateu a porta novamente na sua ‘cara’.  E aquela elegante mulher se retirou com mais algumas pessoas que lhe acompanhavam. Enquanto a outra fitava a vista nela indo embora: “É cada uma que me aparece”, pensou.

 

Um dia depois veio um cavaleiro lhe

entregar uma intimação, para reparação de herança. Ela recebeu e pensou: “Isso já está indo já um pouco longe demais. Mas vou lá desmascarar essa farsante e ainda colocá-la na cadeia.”

 

Ao chegar ao tribunal, viu que as

pessoas que lhe acompanhavam no dia em que a visitara, estavam ali para servir de testemunhas a favor da ‘oportunista’.  E agora bem mais calma observou bem para aquela mulher, que ela era bem mais parecida com o seu pai do que ela mesma, o que lhe atiçou a curiosidade. Os juízes abriram o julgamento. Assim os advogados de ambos os lados foram para a arena.

Os advogados de defesa provaram

através de cartas e quadros (de família), que a mãe da requerente teve um relacionamento com o pai da herdeira. E que a distancia entre eles se deu mediante a uma guerra que ouve naquela região. O que obrigou mãe e filha a fugirem dali, para uma região distante da área de conflito, conflito este que durou vários anos. 

 

E nessa região, foi descoberta uma

mina de diamante. Que tornou a mãe da requerente a pessoa mais rica entre várias colônias. E quando a mãe desta conseguiu descobrir onde o seu amado marido estava ela teve o infortúnio de descobrir que o mesmo já era casado e, para não desonrá-lo, evitou o contato. A requerente levantou da cadeira e disse: “Vim aqui atrás de uma irmã, e encontrei uma gralha. Vim aumentar minha família e me senti diminuída. 

 

Meu coração quase explodiu quando

avistei a casa de meu amado pai, e saber que ali habitava a minha irmã, um ser que  já amava, mesmo sem a conhecer. 

Lamento muito, pelos meus amigos

magistrados, que se encontravam comigo nesse momento, que se firmou como o momento mais infeliz da minha vida, que não se comparou nem aos momentos terríveis que tive ao lado da guerreira de minha mãe, fugindo da guerra que assolava nossa colônia, e da miséria que enfrentamos depois disso, porque o amor nos confortava. E foi isso que vim buscar aqui, o amor reconfortante, o amor reconfortante de uma irmã, e abraçá-la, assim como uma criança abraça seu travesseiro macio.”

“O que tem a dizer a acusada?”,

perguntou o juiz. “Houve um erro, admito”, ponderou a herdeira, “Fui precipitada. Ceguei-me para outras opções. Quando me disse que era minha irmã, isso eclodiu em mim como uma ofensa, uma ofensa contra o meu digníssimo falecido pai, que há pouco tempo, havido partido da terra dos homens, para o outro lado. 

Ela distorceu uma imagem que tinha

dele, como um leal marido e pai presente, a pessoa que mais admirei na vida. É verdade que ele às vezes viajava muito, passava um bom tempo fora. Mas nunca

pensaríamos isso dele.”

“Bom”, disse o juiz, “concluímos a

sessão. E não há dúvidas que a requerente é filha e como tal, herdeira do falecido.” E, olhando para a acusada irmã, completou: “A requerente não só entrou com o pedido da metade da herança, qual tem direito, mas também, com uma reparação de danos morais.”

 

E assim foi feita a partilha da herança,

e ainda mais um tanto da indenização por danos morais.

 

 

 

1    – A cobiça cega nos faz perder mais

do que poderíamos ganhar.

 

2    – É preciso ouvir as pessoas que nos

chegam reivindicando direitos, atenção. Para evitar o efeito ‘bola de neve’, e não tomar decisões precipitadas sem realmente ter certeza...

 

 

 

 

 

A JÓIa Do MENDigo

 

 

 

Um mendigo andando por um beco

encontrou um diamante que ele chamava de “joia brilhante.” E foi então até um joalheiro, entre vários outros que tinha naquela capital. E mostrou a ‘joia brilhante’ para o joalheiro, que pegou sua lupa, olhou, olhou, franzindo a testa, e disse para o mendigo: “Afirmo que é uma bela joia de vidro, porém, vidro. 

 

Mas vou fazer um negócio bom

contigo, sei que você precisa, e deu uma pequena quantia de dinheiro para o mendigo, que saiu dali dançando e cantando de alegria. 

Mas na verdade aquela ‘joia brilhante’

era um diamante, que de tão puro, de tão puro, aquele joalheiro pensou que morria e jamais veria um daquele na vida. O joalheiro vendeu para um colecionador. E ele adquiriu coisas, que a essa altura da vida, pensava que não era mais possível. E o mendigo procurou outra ‘joia brilhante’ e nunca mais encontrou outra nem parecida àquela que lhe deu momentos de alegria intensos.

 

 

 

CONHECIdos  NÂo APRESENtados

 

 

 

 

Uma águia fez amizade com os urubus. O que causou estranheza entre os outros animais. Uns diziam: “Como pode um animal tão nobre andar com os últimos da escala das aves”, outro replicou: “Isso é o que vemos, mas não sabemos os reais motivos da águia andar com os urubus, vamos investigar.”

 

Um dia um pardal se aproximou da

águia, que estava pousada numa árvore, observando os urubus adiante, que se alimentavam de uma carniça. Tentou iniciar um dialogo: 

“Tenho uma curiosidade”, “Você e

todos”, replicou a perspicaz águia. “Seria prudente um pardal ter curiosidade sobre um animal do porte e força de uma águia?”, completou.  O pardal sentiu um arrepio na espinha. Engoliu a seco. “Não me leve a mal”, continuou a águia, “a boa vivência tem que ser relativa entre os grandes e os pequenos. Continue.”

 

O pardal já se sentindo aliviado

perguntou: “Sendo águia, por que te acompanhas com os urubus? São de natureza tão distinta, até mesmo no modo de se alimentar?” 

“Concordo”, disse a águia. “Somos

aves, mas não somos iguais. Sei que estás aqui como mensageiro, pois bem, o farei cumprir tua missão, sendo que para o grande guerreiro: missão dada, missão cumprida. 

Um dia estava eu plainado quando

uma corrente de ar muito forte me sacudiu no ar, e eu rodopiando bati numa árvore e cai próxima de uma carniça de boi. 

Machuquei uma das asas e fiquei ali,

um corpo estirado no chão. Os urubus já estavam ali para a sagrada hora da refeição. Quando eles viram essa cena passaram a discutir: “Ajudamos ou não ajudamos? E se ela nos atacar?”. 

“Não atacará!”, disse outro! “Não

somos inimigos dela e nem fazemos parte do seu cardápio.” E assim fizeram. E hoje estou aqui para contar essa história para você. Fui salva por seres que são renegados por muitos, inclusive eram por mim, e ainda são pelo o meu grupo.”

“Entendi”, disse o pardal, “às vezes

perdemos grandes aliados por pressupostos equivocados destes.”

 “Sim”, afirmou a águia. “Mas em

relação às outras águias por que não vais com elas?”, perguntou o pardal. A águia ficou em silêncio, e respondeu:

 “Há lugares que é melhor manter

distancia, lugares que só trazem más lembranças. É quando você se sente forasteiro na sua própria terra.” “Entendo”, disse o pardal, e reconheceu em si que era audácia demais perguntar o porquê disso. “Aqui”, continuou a águia, “sou reconhecido como os reconheço”. 

Quando saio para caçar  aviso quando

encontro carniças pelo os campos.

 

” A águia de lado para o pardal,

terminou seu dialogo da seguinte forma: “Já possuo autonomia para convidar outros, para participar dos festejos que realizamos de vez em quando, os urubus são um povo alegre e gostam de tudo festejar. Aceitas?” O pardal pensou consigo: 

“Eu com os urubus? O que os outros

vão pensar de mim?” Mas as palavras da águia repercutiram pela a cabeça do pardal, e concordou: “Aceito! Só me diga como devo me comportar? ”Seja você mesmo, mas por via das dúvidas faça isso e faça aquilo.” E a águia se lançou da árvore em seu voo imponente, em direção aos urubus.

 

O pardal compareceu e disse a águia: “Nunca participei de uma festa tão divertida. A festa daqui não é como a de lá”. E saiu dançando com sua pardalzinha, num arrasta pé doido em meio aos urubus. E a águia riu.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O MEL DA Discórdia

 

 

 

Um dia um beija-flor se sentiu bastante

irrequieto com seu estilo de vida: “Cansado estou, dessa minha forma de me alimentar, pois até hoje só comi néctar. 

Vou mudar meu cardápio. Os ursos me

disseram que o mel é similar ao néctar que eu tomo.” O beija-flor se convenceu e ainda convenceu um amigo deste. O primeiro beija-flor invadiu uma colmeia, as abelhas revidaram, e levou tanta picada que caiu no chão se tremendo todo e, morreu. O outro conseguiu mel, durante certo tempo, numa empresa que fabricava mel. Mas essa nova dieta lhe fez muito mal e acabou morrendo.

 

1   – Uma coisa pode parecer muito com

outra coisa, mas não é a mesma.

2   – Às vezes temos uma coisa durante

tanto tempo, que acabamos por não lhe dá mais valor, valor este que só é recuperado, quando sentimos sua falta...

 

 

 

O HOMem QUE DESEjou DEMais

 

 

 

Já fazia algum tempo que não chovia,

um homem temeroso pela a sua plantação rogou aos céus que chovesse ‘tanto, tanto que transbordasse a represa’.  Então choveu tanto, tanto, que transbordou a represa, que ficava na direção da sua casa e da sua plantação. Este escapou por pouco, subindo numa mangueira que ficava no seu quintal. 

O agricultor ficou lá vendo a água

passar, arrastando o seu casebre feito de pau à pique, como também sua plantação, que estava ‘bela como nunca’, e falou com grande tristeza: “Quis tanto que, quando veio, foi demais, e perdi tudo.”

 

 

 

 

O BELo NO FEio

 

 

 

Chegou uma vez uma mulher numa

cidade. Que  onde ela passava, os homens diziam: “Nossa cidade já tem tanta mulher feia, e ainda nos aparece mais uma.” E as mulheres riam disfarçadamente dela, quando está passava: 

“Olha como se veste, parece uma

vassoura. A roupa de cima não combina com a roupa de baixo, quando não, o contrário.” Mas aquela seguia seu caminho com um olhar forte e andar firme, transmitindo confiança e orgulho jubiloso. O que fazia as mexeriqueiras retrucarem: “Pior do que uma feia é uma feia metida à besta.”

Um dia ela foi ‘mais ou menos’ numa

feira da cidade, e alguns feirantes cochichavam  entre si: “Até que está mais jeitosinha hoje, né!”

 

 

Um dia ela foi convidada para um

festejo que comemorava o “Aniversário Glorioso da Cidade”, que era executado pela prefeitura daquela localidade. 

No dia seguinte ela foi às compras com

um vestido um pouco melhor do que o anterior, com cabelo mais solto e juma maquiagem leve, e já destacava mais sua silhueta e seu rosto, e por onde ela passava dava bom dia e acenava com as mãos, coisa que os feirantes observaram: “Veja quanta gentileza e simpatia.”

 

Então cai a noite. E os convidados do

prefeito já estavam presentes no salão da prefeitura que era aberto para a rua. Apesar de aquela novata ter sido convidada, sua ausência talvez nem fosse notada. 

 

Todos os visitantes já haviam chegado

às 22: 20 horas, mas às 23:30, um carro chegou em frente ao salão municipal, o motorista saiu e foi abrir a porta do passageiro; alguns já olhavam com curiosidade. Quando uma perna torneada, ‘rasgando’ o vestido que era aberto pela a lateral, tocou o solo. 

 

Os guardas que estavam próximos já

estavam admirados. O segundo pé se firmou no chão, as duas pernas se firmaram no chão, e se revelavam fora do carro, enquanto a dona daquelas pernas ainda se encontrava na penumbra. 

O motorista esticou a mão para dentro

do carro, segurando uma bela mão. Sai uma mulher tão bela quanto o mais belo amanhecer, num vestido escuro, cintura fina, negros cabelos brilhosos, a boca explodia puro sangue, em seus grandes olhos negros havia um olhar hipnotizador, e uma sensualidade à flor da pele. Os auxiliares da festa correram em seu auxilio: “Boa noite, boa noite, seja bem-vinda. 

O prefeito e seus convidados lhe

aguardam.” Não se deram nem ao trabalho de identificála. À medida que subia a escada, parecia que o tempo tinha parado e que só ela se movimentava. Passado o primeiro momento, veio o segundo. “Quem é esta mulher? De onde vem? Acho que é de outra cidade!”, outro já apaixonado disse: “Acho que ela é de outro mundo!”

O prefeito foi ao seu encontro, todo

peralta, exalando bons costumes (tanto que sua mulher ficou com ciúmes). Alguns mais atentos começaram a desconfiar: 

“Não acredito, não pode ser, como

poderia ser isso?” Algumas mulheres a idolatraram, outras a desprezaram: “É a novata, é a novata, aquela mulher que de início chamamos de feia, ‘tábua de dá em doido’, ‘cão chupando manga’, ‘maltrapilha’...”

A partir dali ela foi admirada naquela

cidade. Muitos homens abonados pediram sua mão em casamento, coisa que educadamente ela se saia, dizendo que: “Ainda não era hora” Aquela bela morena já tinha observado que naquela cidade não tinha um ‘ateliê moderno’, e abriu um. As que a admiravam passaram a visitar seu atelier desesperadamente e, as que eram bonitas, ficaram lindas; as que eram menos desprovidas de beleza ficaram ‘jeitosas’. 

O que fez até as que a invejavam

frequentarem seu ateliê, iam com raiva, mas iam. Algumas mudaram seu conceito em relação àquela mulher. Ela conquistou a mulher do prefeito que havia ficado ‘de cara virada’ para a novata ‘,  ‘naquela noite’, e deu-lhe um ‘trato’, tão bem feito que o prefeito passou a ter ciúmes de novo da sua mulher. E essa agora andava com um sorriso no rosto cruzando de ‘ponta a ponta’.

 

Ela abriu um ateliê tanto para as de

elite como também para as menos favorecidas, o que aumentou a admiração daquela cidade por aquela bela mulher, que trouxe mais beleza e elegância para a cidade. Assim ela fez de uma pequena fortuna, uma grande fortuna. Fez felicidade e foi feliz.

 

 

 

 

1                       – Deve-se degustar as coisas aos

poucos. 

2                       – Deve-se seguir do pouco para o

muito, não o contrário. 

3                             As     coisas         belas          devem       ser

resguardadas. 

4                       – Saber esperar o momento certo

para revelar seus talentos. 

5                       – Agradar tanto o grande como o

pequeno.

6                       – Saber ganhar a amizade dos

desconfiados e apaziguar a inveja.

7                       – Confiança é uma conquista diária. 6 – Fazer felicidade e ser feliz.

 

 

 

 

 

 

 

 

QUe A NATUReza PERDoe

 

 

 

 

Um dia uma zebra decidiu que iria

fazer amizade com um leão que já havia devorado várias das suas. O leão a viu se aproximando, e de tão admirado deixou que ela se aproximasse, mas ao mesmo tempo ficou desconfiado, antes dela se aproximar demais perguntou: “O que fazes aqui?” “Vim humildemente”, respondeu a zebra, “lhe solicitar amizade.”

 Quando o leão não pressentiu nenhum

perigo, replicou: “Então continue falando e venha até aqui. Para selarmos um acordo: seja bem- vinda, o que é a vida sem amizade?”.

 A zebra agora se sentindo aliviada

pelas as palavras do leão foi cada fez mais se aproximando do leão, ao mesmo tempo em que ia falando: “Então, não é por sermos de naturezas tão diferentes que temos que ser primordialmente inimigos.” “Claro, claro”, confirmou o leão. “Já tivemos nossas desavenças”, continuou a zebra,

“que o passado seja passado...” Dizia isso já chegando bem próxima do leão. O leão lhe deu uma patada tão forte, que a zebra girou e caiu morta. E expressou o leão com grande alegria: “Que dia perfeito: ao invés de ir atrás do almoço, o almoço; veio até a minha mesa.”

 

 

 

 

1   - Certas amizades nunca serão.

 

2   - Não é porque o inimigo é fraco que

não é preciso manter certa cautela.

 

3   - Às vezes temos que ir até as coisas,

outras vezes temos que esperar elas... virem até nós.

 

 

 

 

 

 

 

 

 DE QUe ME VALe

 

 

 

Um dia um sábio, um homem muito

simples, ia passando por uma viela. Um homem que ‘lhe admirava por um lado, mas não admirava por outro’ tomou coragem e foi ao seu encontro: “Mestre, posso lhe fazer uma pergunta?” “Até duas!” respondeu o sábio ironicamente. 

Ele riu da tirada do sábio, depois ficou

sério e perguntou: “De que me vale a sabedoria sem renda?” Qual o mestre reformulou: “E de que me vale a renda sem sabedoria?” E o homem ficou tão confuso que coçou a cabeça.

 

 

1 – Um homem de inclinação diferente

pode não entende o outro. 2 – Deixar com dúvida aquele que gosta de fazer ‘joguetes’. 3 – Saber contra- perguntar aquele que se acha muito perspicaz.4 – As coisas podem ser complementares.

 

CADê TITia? (SÓ QUANdo o DESTino

PERMIte)

 

 

 

Havia uma mulher numa determinada

família que gostava de fazer festejos por qualquer motivo: por aniversário de um ano de um, pelo o retorno de uma viagem de outro, porque um aprendeu a falar a primeira palavra, porque passou de ano na escola. Comemorar a comemoração de comemorar e por ai vai. Comida não faltava. 

 

 

                                                                                  Gostava    de    cuidar    dos     sobrinhos

também. Seu marido fazia tudo o que ela pedia, porém quando estes se separaram a titia parou de fazer festejos, se afastou dos irmãos, e até mesmo dos sobrinhos.

 

Os   sobrinhos perguntavam:    “Cadê Titia?” E os irmãos: “Cadê nossa generosa irmã? Depois que se separou do esposo, se afastou de tal forma que só a vemos quando o destino permite.”

 

 

1          - tem gente que se faz de boa gente à

custa dos outros.

 

2          -          A       bondade   parasita     sempre

prejudica alguém...

 

3          – Há aquele que esbanja a custa dos

outros.

 

 

 

 

 

 

 

 

A PALAvra CONVEnce, MAs SÓ O EXEMplo ARRASta.

 

 

                                                                                  Uma      porca      gostava      de       soltar

impropérios, coisas que seus filhos ainda crianças começaram a repetir. Quando uma das suas filhas soltava um palavrão, ela dizia: 

 

“É feio chamar palavrão” ou então às

ameaçava com algum tipo de punição. Um dia estando seu marido em casa, tendo visto isso várias vezes se repetir, resolveu interferir: “A palavra convence, mas só o exemplo arrasta. Como podes tu querer corrigi-los, se tu mesma os induzes ao erro.” “Mas” disse a mulher “é que eu sempre as aconselho: Ouçam o que eu digo, mas não façam o que eu faço ou falo.”

 

1 - Quem cobra o exemplo deve ser o

primeiro a dar o exemplo. 2 - O hipócrita gosta de limitar os outros de fazerem o que quiserem, enquanto ele se empanturra. 3 - O hipócrita e o mesquinho devem ser sempre combatidos.

 

REi Do NADa

 

 

Um homem ergueu-se, bateu no peito

e disse: “Hoje vou conquistar o mundo!” O primeiro transeunte que ele encontrou, ele o parou e disse: “O mundo é meu e deves-me obediência.” O transeunte que o conhecia falou: 

                                                                                  “Sim,       estou       ao       seu        dispor

inteiramente.” E foi assim com outro e com outro. E ao falar isso com um rapaz que vivia perambulando pela praça, esse se encheu de orgulho: “Eras tu aquele que sempre procurei, te acompanharei até os confins do mundo, que é teu”. E o povo daquela região, agora teve que agüentar não só um ‘sem juízo’, mas agora eram dois, com aquela ladainha infernal pelas ruas daquele bairro.

 

1 - Há aquele que alimenta sonhos

fantasiosos.  2 – Há aquele que pensa que manda, mas não manda em nada.     3 – Há sempre um ‘igual’ para cada um.

4 – Pior do que um doido, só dois

doidos. 5 – A loucura sempre pode aumentar.

QUe NEm PEIxe

 

 

Havia uma cotovia no reino, que era

tão mentirosa, que já era tratada como uma lenda entre os animais. Dizia que havia enfrentado e vencido águias, gaviões reais, e até  condor (ave que não existia naquela região), mas nunca provou nada.

Um dia houve um incêndio próximo do

seu ninho e indo na direção deste. Ela se desesperou, foi com o pelicano e explicou a situação: “Tens um papo grande e podes armazenar muita água, e assim apagar o fogo que se alastra.” 

O pelicano olhou para a cara dela, riu

descrentemente e disse: “Essa cotovia! Sempre tão engenhosa, uma boa contadora de ‘causos’!” E voou para o outro lado da margem do rio. O ‘mesmo’ fez o elefante, o hipopótamo... e a cotovia ficou desolada. Tentou em vão apagar o fogo, seu bico era muito pequeno, e o fogo consumiu seu ninho e seu sonho. Em pranto profundo lamentou: 

 

“Meu ninho, meu ninho. Tanto anos de

dedicação para construí-lo. Era considerado o ninho mais belo do reino e agora... só cinza. O meu mau hábito (de mentir) como fogo me consumiu.”

 

Quando os outros animais que a

cotovia havia solicitado auxilio souberam do ocorrido, não se sentiram culpados, apenas refletiram: “O mentiroso tem o que merece, morre pela a boca como peixe.”

 

1      – Quando a mentira tornar-se um

vício tornar-se um vício não acreditar no mentiroso. 

 

2      – no perigo o mentiroso precisará da

verdade, mas sofrerá o dano por causa das suas mentiras. 

 

3      – A mentira pode durar uma noite

inteira, mas a verdade virá pela manhã.

 

 

 

 

 

DUAs VEZes DOIdo

 

 

 

Havia uma ‘sem juízo’ que se impunha

em relação aos outros ‘sem juízos’ que perambulavam pela praça da cidade. Quando ela saia de manhã para conseguir a ‘broca do dia’, e quando voltava ao entardecer encontrava ali um dos ‘seus’ usando o seu banco preferido, ela dizia: “Sai daí que esse banco e essa praça são meus. Sai, sai!”.  

Quando havia teimosia ela ia para cima

e descia a ‘mãozada’, ao que a outra, em desespero, juntava seus trapos e chispava dali. E assim ela se sentia a gladiadora e a governadora da praça.

Outro dia ela saiu como de costume e

quando retornou, lá estava outra ‘sem juízo’ ocupando seu reino. Aproximou-se e ameaçou: 

“Sai, sai. Ou sai por bem ou sai por

mal.” Enquanto ela ia cada vez mais se aproximando daquela mulher, ela percebeu que a outra não sentiu medo, então a mulher ameaçada lhe fitou nos olhos e disse: “Tu achas que é a mais louca do hospício, mas eu sou próprio hospício: Pra doido, duas vezes doido.” Deulhe uma surra tão generosa que a ‘governadora da praça’ teve que procurar outra praça para governar.

 

 

 

1     - Há aquele que se acha superior aos

outros, mas um dia encontrará outro que o colocará em seu devido lugar.

 

2     – Aquele que conquista pela força

sempre sofrerá represália.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

ENTra UM SAi DOis

 

 

 

Um casal estava discutindo. Disse a

mulher com desdenho: “Quando me casei contigo, tinha até boa aparência, mas agora, olha só isso...” “Age” se defendeu o marido, “como se nadas tivesse com isso, como se não fosse culpada por esse meu ‘enfeiar’.  

Parece um morcego me sugando as

forças. Casei contigo para somar forças, não para me subtrair. Como posso erguer o muro, se coloco um tijolo e tu tiras dois?”

 

 

1 - Uma relação deve ser mantida na

complementaridade. 2 – A união faz a força, a discórdia, fraqueza.

 

 

 

DEu O CAVAlo E AINda LEVou COIce

 

 

“Tu não sabes o que me aconteceu?” “E o que aconteceu?”, exclamou sua amiga. “Sabe aquela sicrana, aquela que emprestei várias vezes meu carro para ela. 

Meu carro está com problemas, então,

pedi a ela que me emprestasse o seu. Além de não me emprestar ainda foi rude comigo”, falou a mulher com rancor. E sua amiga olhando para ela, pensou: “Críticas o que tu és, pois o mesmo fizeste comigo.” E falou para a afetada: 

“O que tu queres? Queres tirar mel de

pedra; mas quem já tentou lascou os dedos e não conseguiu nada.”

 

1 – Não criticar os outros pelo que tu

mesmo fazes aos outros. 2 – Ao identificar um impiedoso e aproveitador se afaste dele. 3 – Há aquele que ofende, e é tão desprezível com o problema alheio, que nem se percebe.

O SINCero

 

 

Um homem angariou fama na sua

comunidade por ser um homem verdadeiro, gostava de falar o que pensava, por isso era chamado de: O sincero. Era amado por uns e por muitos era odiado. As belas mulheres o amavam, as feias, o detestavam; os comerciantes desleais (os de balança enganosa) o odiavam, os bons comerciantes eram só elogios...

Até que um dia um homem que

desconfiava estar sendo traído por sua esposa e queria a certeza sobre essa suposta ‘infâmia’ que estaria sofrendo, lembrou-se do Sincero, afinal se ele soubesse de algo com certeza lhe diria: 

“O Sincero é muito bem conhecido e

muito bem informado. Irei com ele para ver se consigo tirar essa terrível dúvida que me consome e me tira o sono.”

Chegando com o Sincero, lhe explicou a

situação e no final disse: “Se sabes alguma coisa me conte e livre-me dessa tormenta.” “E se fores verdade o que farás?”, e o homem dissimulando disse: “Nada demais, apenas assumirei que tenho uma amante há algum tempo, e que hoje ela é a mulher que amo desesperadamente. 

                                                                                  Mas     preciso     de    um     álibi      para

concretizar meu intento, não quero passar por injusto.“ “Parece justo” disse o Sincero, “quem ama tem o direito de ser livre.” “Sim”, afirmou o desconfiado. “Quem ama tem o direito de ser livre”, confirmou o Sincero. “Sim”, confirmou o desconfiado com certa empolgação e continuou: 

“Só quero o direito a ser feliz, o direito

a uma nova vida, pois nesta estou infeliz. Só quero um flagrante, não quero só falar-lhe que ela me trai, coisa que ela replicaria: Homem de onde tiraste tanta asneira, se tu não tens nada para fazer, vai capinar o quintal!” O Sincero achou que havia sinceridade nas palavras do desconfiado e disse: 

“Hoje te libertarei da tua prisão. Mas

farás exatamente o que eu disser para fazer. Concordas?” No que o desconfiado confirmou com as seguintes palavras: 

“Sem tirar e nem pôr”. Sincero,

sinceramente acreditou nas palavras do desconfiado: “Sendo assim, e assim sendo, farei isso para te libertar do teu infortúnio que tanto te aflige; e assim não libertarei só você, mas também a sua esposa e a tua amante.”

 

Sincero então explicou ao homem: “Quando tu viajas para pescar e costumas passar até semanas em alto mar, ela se encontra com um homem, mas que ainda não foi reconhecido, pois os encontros são sempre a partir da meia noite, quando as ruas estão desertas. 

Ela então entra num beco escuro,

encontra o homem e depois somem. Há uma possibilidade de 99,9999% de ser seu amante, assim como tu tens a tua.” O desconfiado ficou sério, muito sério, com um semblante obscurecido. Mas se recompôs rapidamente para o Sincero não perceber. Fingiu um ar de contentamento, e comunicou: “Amanhã estou de viagem marcada!”

No outro dia o homem não viajou, e

informou os seus parceiros de pesca que estava ‘arriado pela febre’. E marcou tocaia numa casa abandonada que ficara próximo a sua. E ficou por ali durante dois sóis e duas luas, mas na terceira Lua, ele viu a porta da sua casa se abrir as altas horas da noite. 

 

Era o sinal que ele precisava. Sua

mulher jogou um capuz no rosto e saiu meio cabisbaixa, em passos apressados, ora olhando para os lados, ora dando uma sutil espiada para trás. Cruzou  a rua principal, vielas escuras, e entrou num beco mais escuro ainda. Aconteceu como disse o Sincero. Ela encontrou um homem também com capuz, e adentraram a escuridão, sumiram. Mas o desconfiado atrás de uma mureta conseguiu ver a porta de um quarto onde eles entraram. Seu sangue quente, ficou tão quente, tão quente, que parecia que ia evaporar. O sangue correu em tanta abundância que as veias do pescoço tufaram.

 

Apressado e ofegante foi em direção à

porta onde ele tinha percebido que eles haviam entrado. Deu-lhe um pisão e ainda pegou os dois abraçados no meio da sala. O casal de amantes se separou, quando o marido da mulher puxou uma adaga que de tão nova e afiada reluzia na luz do luar, e avançou para cima do amante, onde iniciaram um embate. Enquanto o amante segurava o braço do homem que segurava a adaga, os dois começaram a rodopiar pelo recinto, derrubando utensílios, cadeiras e mesa... 

 

A mulher assustada ainda tentou se

intrometer, apartar aquela briga, mas levou um empurrão acidental que caiu longe. O marido dela conseguiu livrar o braço que segurava a adaga, que o amante estava segurando, e desferiu um golpe certeiro no tórax, que perfurou o coração do amante que caiu no chão se esvaindo em sangue, e o sopro da vida lhe abandonou. Daí olhou para a mulher com os olhos flamejantes e disse: “Cobra vou te matar com o teu próprio veneno.” A mulher que estava um pouco adiante, correu para a cozinha, pegou uma faca e esperou. Quando o seu marido atravessou o pequeno corredor que dava a cesso a cozinha, ela ficou na entrada, esperando pelo lado. E quando este chegou à entrada ela lhe deu um golpe no abdômen com uma faca de cortar carne, e ele desabou no chão, gemendo e sangrando, segurando no corte; ela ficou olhando e pensou:

 

 “A minha vida depende da morte

dele”, e apreensiva, aguardou. E seu marido, o homem com quem ela dividira a vida durante treze anos, muitos momentos de alegria, intimidade... tudo ali esvaindo na sua frente. Ele então dá seus últimos suspiros e parte deste mundo. A desgraça esta feita.

 

A mulher colocou seu capuz, fugiu, e

foi para sua casa e lá ficou. Pela manhã encontraram a porta da casa arrombada e os corpos dos homens, o que foi devidamente comunicado as autoridades que tomaram as medidas necessárias. Esse crime chocou aquela comunidade que era muito pacata. O inquérito não conseguiu concluir o que fez aqueles dois homens se digladiarem até a morte.

Mas ninguém, ninguém sofreu mais

naquela cidade do que o Sincero, o amante da mulher do pescador,  era ninguém mais, ninguém menos; do que o seu irmão. Que era conhecido naquela região como o ‘perigoso’, o ‘pavão’, o ‘destruidor de corações’.

 

A mulher do pescador se casou de

novo, e o Sincero sentiu na pele a dor que a sua sinceridade causou. As desprovidas de ‘beleza’ e os comerciantes desleais, vendo esse ‘novo sincero’, calado e triste, pelos os cantos , comentavam: “Não sei o que te aconteceu, mas eu acho é pouco. Que a tua boca seja o tua desgraça, teu  túmulo.”

 

 

 

 

 

1 – O problema do sincero é projetar

para os outros, o que ele é, e por isso ele acredita nas pessoas de forma muito aberta. 2 – Tudo tem  limite. 3 – Muitos são os que preferem a mentira que acalenta, à verdade libertadora, mas que fere. 4 – Na tua boca pode estar a vida e a morte de alguém, como de ti mesmo,  desgraças e  bênçãos.

 

 

O ESCRAvo LIBERto

 

 

Passeando pela Suméria uma mulher

muito rica adquiriu um escravo e levou-o para o seu país. Depois de poucos anos de serviço esmerado, ela resolveu libertá-lo: “Hoje revogo qualquer autoridade que tenho sobre ti. Aqui está a tua carta de alforria. E aqui nesta sacolinha, há algumas joias que quando tu venderes,  terás uma fortuna relativa. Foste um servidor fiel, mereces a liberdade, pois a liberdade não nos é dada, mas adquirida.” O ex-escravo agradeceu a sua ex-senhora, recebeu os documentos e as joias com um sorriso ambíguo,  partiu. 

Pouco tempo depois o ex-escravo

retorna com sua carta de alforria e as jóias. Marcou uma audiência com sua ex-senhora, o que esta concedeu com grande expectativa. Chegou até a pensar que o seu exescravo havia se tornado um comerciante, e que estava ali para lhe oferecer seus produtos.

 

 

 

No dia marcado ela o recebeu no salão

de reuniões comerciais, porém,  encontrou o seu exescravo ainda vestido de escravo. Mesmo assim ela acreditou que fosse uma  ´artimanha’  dele para lhe impressionar, foi quando ela se expressou brincando: “Muito, muito espirituoso, gostei disso.” Mas ele a surpreendeu de outra forma: “Rogo-lhe que me aceites de volta: Conheci a liberdade, mas prefiro a escravidão.”

 

 

1       – A liberdade tem valor e preço. 

2       – não há liberdade para quem se

sente preso dentro de si mesmo. 

3       – muitos anseiam a liberdade, mas

quando a encontram, perdem-se. 

4       – Quem não serve também para

servir, não serve:  é preciso participar.

 

 

 

 

 

 

O LIBERto ESCRAvo

 

 

Um escravo, que era escravo de um

homem muito carrasco, esperava uma chance, uma chance para fugir. O capataz que cuidava dos escravos à noite os acorrentava. Mas uma noite, o capataz apressado esqueceu um molho de chaves, que abria justamente os cadeados dos acorrentados, um dos quais incluía o desse escravo. Ele se esticou, esticou, até que conseguiu pegar o molho de chaves.

 

 E testando uma por uma, frenético,

conseguiu encontrar a chave que abriu o cadeado da sua corrente no seu calcanhar. Convidou os outros que estavam acorrentados na mesma seqüência de correntes, mas estes o aconselharam a ficar, pois “não há nenhuma chance para nós ‘lá fora’!” e ficaram. Já o ‘liberto’ se lançou a escuridão da mata.

 

De manhã quando o capataz foi buscar

os escravos para trabalhar na lavoura, encontrou o molho de chaves e percebeu que o número 14 tinha fugido.

Comunicou o Barão. Montaram os cavalos e foram atrás do escravo ‘fujão’, para recapturá-lo, até que o encontraram correndo em campo aberto. Mas o que o ‘iberto’ não sabia é que por trás das árvores que estavam um pouco mais a sua frente, havia um precipício; coisa que os seus perseguidores sabiam: 

 

“Ficará encurralado no penhasco. Será

capturado e sofrerá todo tipo de angústias possíveis. Para servir de exemplo para os outros.” Disse o capataz.  “Claro que sim”, confirmou o Barão, e completou, “mas cuidado para não o matar, ou o aleijar; pois este me custou muito caro. Fazia parte de uma boa safra de escravos, escolhidos a dedos.”

 

O escravo cruzou as árvores e deu de

encontro com o penhasco, logo vários cavalos montados o cercaram que o deixou com duas alternativas: se entregar ou pular do penhasco. O Barão tomou a frente: “Escravo. Estás cercado, renda-se normalmente, sem resistir, e te colocarei num serviço mais leve. Pronto! Cuidarás dos meus cavalos. 

E não serás mais acorrentado à noite.” O que o escravo replicou: “Acha mermo qui todu iscravus saum tolus. Axa qui o ratu podi fazê  acordu cum a cubra.

O bem-ti-vi atacar u gaviaum pêla costa, porqui num podi infrentar ele di frente.” 

 

O barão já impaciente colocou a mão

na testa escondendo a boca, e falou para o seu capataz que estava próximo: “Só me faltava essa, um escravo filósofo!” E continuou o escravo: “Num possu cunfiar in ti. Tu num tem palava. Vi tu dizêr uma coisa p’ra dipois fazê ôtra. Tu naum tem pavrara. Eu num sô gadu pra viver sô di cumida, queru andar di cavalu comu tu andar. Eu queru esculher meu trabáio e receber purele, queru cunhecer além dhaqui.”

 

O barão já sem paciência, advinda de

sua arrogância, ameaçou: “Venha antes de seres laçado e arrastado até a maloca dos escravos onde é o teu lugar, de onde nunca devias ter fugido. Seu ingrato”.  Pelo capataz líder, aquele escravo seria morto ali mesmo, pois ele quando conseguiu fugir o desonrou perante o barão, que já pagava por seus serviços há vinte anos, sem que nunca houvesse perdido um escravo, fosse de um jeito ou de outro. 

 

 

                                                                                  Os    outros     dois    peões    que     lhes

acompanhavam só queriam terminar logo com aquilo para voltarem para a fazenda (com o escravo vivo ou morto), almoçar e tirar um cochilo antes de voltarem à labuta.

 

O barão através de um olhar, e um

sinal afirmativo com a cabeça, deu o sinal para o capataz ‘fazer o que deve ser feito’, e este começou a girar o laço no ar. 

 

O escravo olhou para os céus, como se

proferisse uma prece. E começou a dar uns passos em direção ao barão. O barão crendo que este estava se rendendo; ergueu a mão para o capataz, que parou de girar o laço. Mas o escravo proferiu as seguintes palavras: “Prêfiru murrer livri du qui viver escravu”, virou-se e saiu correndo em direção ao precipício. 

 

                                                                                  O     barão    se     assustou,     e      gritou

desesperado para o capataz, que era o melhor laçador da sua fazenda: “Rápido, rápido, lace-o.” O capataz correu rapidamente com o seu cavalo e lançou o laço. Quando o escravo ganhou impulsão, num salto à beira do precipício, lançou-se ao ar como um pássaro, gozando da verdadeira liberdade por alguns segundos. A beira do laço do capataz ainda tocou na ponta do pé do fugitivo, mas agora era tarde, o escravo agora era para sempre, um ex-escravo.

 

 

O barão e seus funcionários foram até

a beira do penhasco, e viram lá embaixo o corpo inerte do seu ex-escravo, entre os rochedos. O barão olhou para o capataz, e se lamentou: “Que prejuízo, que prejuízo. Mas o filho dele está crescendo e vai substituí-lo, e vai me pagar dobrado, por causa do pai dele”, montou o alazão e disse: “Vamos. O meio-dia se aproxima.”

 

Mas o filho do liberto foi quem libertou

aquele povo, pois, seguindo o exemplo do pai (pois um daqueles peões lhe havia contado o que aconteceu com o seu pai); também preferiu morrer livre a viver acorrentado.

 

 

 

 

 

 

 

 

UNe OU SEPAra

 

 

 

Um rufião encontrou um tigre e

conversando com este, confessou-lhe: “Invejo-te.” “Por que?” perguntou o tigre. “Porque és forte e solitário e se resolve sozinho.” “Eu também te invejo”, replicou o tigre. Espantado, perguntou o rufião: “Como podes um ser tão imponente quanto tu, invejar um ser tão frágil como eu?” 

“Porque”, explanou o tigre, “se eu

unisse minhas qualidades com as tuas, seria mais completo. Tu compensas tua fragilidade com um forte senso social;  vocês protegem uns aos outros. Enquanto a espécie da qual faço parte, somos individualistas e cada um vive no seu próprio mundo. Por isso, estamos mais propícios à extinção do que a espécie de vocês.”

 

O rufião parou enquanto o tigre seguiu

em frente. O rufião olhou para trás e saiu correndo em direção a sua casa, sua família e amigos. E abraçava um aqui, outro ali. Enquanto estes diziam: “O que te aconteceu? Cadê teu juízo, deixou no meio do caminho?” “Vocês são demais, vocês são demais”, dizia o rufião alegremente.

 

 

 

 

1        – Às vezes um deprecia o talento do

outro e deprecia também o seu. 

2        – Às vezes admiramos uma pessoa

que também nos admira, mas não trocamos idéias. 

3        – Os que se unem estão mais

propícios a existência, e a felicidade. 

4        – Não adianta querer o que o vizinho

tem, mas sem sabê-lo como este faz para conseguir, e sem saber se é feliz ou não. 

5        – A fraqueza de um pode ser à força

do outro e vice-versa. 

6        – Às vezes a felicidade está tão

próxima que dá para tocar com as mãos. 

7        – Podemos ser fortes aqui, mas

fracos ali.

 

 

 

ESTRANha VOz

 

 

Uma menina tinha um sonho de

tornar-se cantora. Porém,  quando tinha sete anos teve um problema nas cordas vocais, e ficou com a voz infantilizada. Assim suas pequenas rivais a apelidaram de ‘Voz encruada’, o que ela detestava. 

Mas mesmo diante dessa dificuldade

tamanha ela não desistia de tornar-se cantora. Entrava num grupo, saia de outro. Até que um empresário acreditou nela, e o que os outros chamavam de feio (sua voz), ele chamava de diferente e dizia: “Nunca ouvi uma voz tão interessante”. 

E a lançou, e esta foi aclamada por sua

voz diferenciada, como também por suas letras, melodias e performances. Era uma artista conceitual e conceituada.

 

1   – No que parece fragilidade, é ali que

pode estar a tua força.

2   – O visionário vê o que os outros não

veem, mesmo que esteja a sua frente...

 

 

A VIÚva QUe DEu VIDa

 

 

 

 

Um homem era casado há vinte anos, e

desse casamento teve um filho. Um dia decidiram comprar uma casa, pois viviam de aluguel. Este homem trabalhava fazia muitos anos numa determinada empresa, saiu desta e com a indenização deu entrada uma casa própria, financiando o restante. E pediu que a mulher abrisse uma conta em seu nome e depositou a outra parte. 

Assim fez. Também pagou a faculdade

da esposa. Lá estando, a esposa certo dia se apaixonou por um rapaz, bem mais jovem que ela. Sacou o dinheiro que estava no nome dela e, fugiu. O homem ficou desolado, com o coração espalhado pelo o chão.

Agora estava sem o dinheiro, um filho

ainda muito jovem; foi segurando até onde deu, já estava pensando em repassar a casa financiada, seu patrimônio escorria pelos seus dedos como se fosse água. Foi quando ele conheceu uma mulher, qual o marido havia falecido há poucos anos. Depois se casaram e foram à labuta, quitaram as prestações da casa e, hoje ele diz para quem quiser ouvir: “Se não fosse essa mulher o que seria de mim?” Ela também conquistou o respeito do filho desse homem. A viúva deu vida aquele homem.

 

 

 

 

1      – O tempo nos faz confiar numa

pessoa que não tem mais nenhuma estima por nós.

 

2      – É preciso sempre nos dar uma

segunda chance..., como também aceitar as chances que nos estão sendo dadas.

 

3      – Mesmo depois de um desatino

terrível, é possível se recuperar...

 

 

 

 

O LIVro

 

 

 

Uma mulher colecionava livros, mas

entre esses livros, havia um que ela zelava com extremo cuidado, pois era muito raro, porque só havia aquela cópia, pois havia sido feito à mão por um sábio local. Sua irmã lhe implorou para que ela lhe emprestasse o livro. Ela emprestou e disse: 

 

“Seja breve, porque breve virei para

buscá-lo. ”Assim vai ser” confirmou a irmã. Porém, um dia as duas entraram em conflito por causa de uma divida que ela não quitava e nem reconhecia. Então a irmã afetada solicitou que esta lhe devolvesse o livro. Mas aquela revidou: “Não vou devolver!”“ Por que não vais devolver?” perguntou a dona do Livro. “Não vou porque não quero e pronto” respondeu dona de toda petulância e completou: “Essa é a minha vontade, essa é a minha natureza.”

 

“Saibas que este é o único exemplar,

devolva-me!” “Não vou, não me importo”. Esperou pacientemente por um ano, até esperar aquele ser medonho e egoísta está mais sociável, e quando ele cobrou um livro que está havia lhe emprestado, mas que aquela havia esquecido, então disse: 

“O meu pelo o Teu” , riu ironicamente

e se justificou: “ Achavas mesmo que iria ficar com o teu livro”. “Claro, claro”, replicou a ‘Dona do Livro”, e saiu feliz, com o seu precioso livro.

 

 

1         – Às vezes é preciso esperar um bom

tempo para se recuperar algo valioso que se perdeu.

 

2         Às vezes só recuperamos algo se

houve uma troca, que pode ser justa ou injusta.

 

3         – Não adianta dar coisa rara para

gente desqualificada.

4         – Quem faz acordo com ingrato,

ingratidão receberá. 5 – Para se conseguir coisas com ingrato, é preciso muita paciência e cautela, e mesmo assim, corre o risco de não consegui-lo...

A VIDa ENSIna

 

 

 

 

Uma anta era conhecida como a

‘generosa’. Vinha o leão, e lhe pedia um favor, ela fazia. Vinha a cobra lhe pedir um favor, ela fazia. O carneiro, o lobo; e assim por diante.

Um abutre, que vinha acompanhando

aquilo há algum tempo, pousou perto dela e disse:

 “Vejo que és bastante solicitada. E

estais sempre pronta a ajudar.” “O máximo que posso” respondeu a anta. “Mas, me responda uma coisa: Tu ajudas tanto os bons como os ruins!” “Sim ajudo” respondeu com veemência. “Mas, os maus se alimentam dos bons, logo o teu ‘bem’ não se tornar um mal maior? Por exemplo, se tua ajudas o lobo e o carneiro, quem sofrerá às conseqüências será o carneiro, e o lobo sairá fortalecido.” 

 

“O carneiro” falou a anta gravemente, “é que dê o jeito dele. Porque eu não posso vencer a guerra só com os bons. Por exemplo, o rato me indicou um rio maravilhoso, onde me banho nos dias ensolarados, e o gato me mostrou boas pastagens, a o velha me trouxe aperitivos que tanto gosto, o lobo me indicou os caminhos menos perigoso por onde posso trafegar mais sossegada,  a cobra picou um touro que queria me chifrar, bem no calcanhar; nunca mais chifrará ninguém.”

 

O abutre ficou abismado, em como

poderia um animal com aparência e gestos tão pacatos, ser tão ardiloso, até mesmo mais que outros que ele julgava, medonhos e traiçoeiros. Olhando com ‘admiração’ e espanto para a anta, pensou: “Hoje a vida me deu uma lição, que não esquecerei jamais.”

 

 

 

 

 

 

 

 

AGOra É TARde

 

 

 

Um homem vivia se lamentando de sua

situação precária: “Como é triste ser pobre. Quero isso e não posso. Quero aquilo e não posso. Quero comer aquilo e não posso. Quero vestir aquilo e não posso. Não aguento mais isso!”

Um dia o desolado recebeu uma carta

de um agente que havia sido deixada por uma tia dele que era muito rica e o incluía como herdeiro, isso consistia em uma pequena fortuna. O homem riu tanto, tanto, que chorou de alegria, pensando na ironia da vida, e gritava: “Agora eu posso querer isso, agora eu posso querer aquilo. Comer e vestir o que eu quiser!”, dizia isso ora dançando, ora pulando.

Mas, quando este recebeu a herança,

mulher, filhos, parentes diversos e amigos voaram para cima dele. A partir daí somou-se intrigas e discórdias. E ele mesmo comendo ‘a melhor comida’, não sentia o sabor; vestindo ‘a melhor roupa’, não sentia a elegância; mesmo na casa mais arejada, não sentia o frescor da brisa. Pois sua mente estava muito perturbada para perceber, sentir tudo isso. E às vezes desejava voltar a ser pobre, mas agora é tarde.

 

 

 

 

 

1 – É preciso estar estruturado para

receber certas coisas (mentais-emocionais-materiais): para poder suportar a carga negativa, que pode vir atrelada a estas...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

EQUAção DA VIDa

 

 

 

Uma mulher ‘queria porque queria’,

ser ‘a maior matemática do mundo’ e ‘caiu de cabeça’ nos números, equações, algébrica, etc. Ela ficou tão obcecada que passou a usar as paredes, muros e até mesmo o banheiro de sua casa, para escrever às suas equações. 

Assim ela começou a afastar-se de

todos. Certo dia uma amiga indo visitá-la, fez na verdade uma espécie de invasão da casa de sua amiga, adentrou, e vendo aquilo tudo, resolveu se impor. “Amiga” disse, “deves estudar para tornar-se sábia, não louca.”

 

 

1      – Deve-se impor limites em tudo,

porque somos seres limitados, exceto no poder de criar, mas devemos criar sem sermos destruídos pela própria criação.

2      – A Sabedoria não vem de graça...

 

 

VALe NADa

 

 

 

Um dia levaram uma cobra, uma

raposa, uma hiena e uma gralha para testar uma toupeira, que é um animal ‘cego’  O teste consistia do seguinte: ver se a toupeira conseguia dizer ‘quem era quem’.  Assim a toupeira palpou a fuça de cada um. “Olha” ressaltou a toupeira, “eu não sei quem é quem não; mas aqui ninguém vale nada!”

 

 

 

 

 

1 – Aparências diferentes, mas atitudes

iguais...

 

 

O INTERior Por FORa

 

 

 

 

Um homem do interior descobriu que

tinha um irmão na cidade grande. Trocaram correspondências. O irmão da cidade pediu que seu irmão interiorano viesse até ele, pois era ‘muito ocupado’. Assim foi. O interiorano chegou no começo da noite e até altas horas foram momentos de grande alegria.

 

 Mas no outro dia seu irmão chegou

depois das 22:00 horas; e no dia seguinte saiu as 06:00. E assim também foi no outro dia. No quarto dia o irmão interiorano pensou: “No dumingo deve di dar pra gente cunversar, trocar uns dedos de prosas”.

 

Quando o sábado chegou, seu irmão

trocou meia hora de ‘prosa’ com ele. Falou que estava feliz em conhecê-lo, e que gostaria muito de conhecer sua família ‘lá do interior’, seus sobrinhos e etc. Daí saiu para levar o filho ‘bem ali’ para fazer compras, etc. No final da tarde teve tempo para o irmão e o levou para o cinema, e este gostou muito. E de madrugada levou o irmão para o aeroporto: 

“Espero te ver em breve” disse o irmão

da cidade, o irmão do interior agradeceu por tudo e disse que estava muito feliz em conhecê-lo e sua família, mas pensou baixinho: “Cada um no seu mundo, sou homi do interior, mas não sou “Gismundo Burro.”

 

 

 

 

1     – Se não podes prover seu tempo

para uma pessoa, não a confunda.

2     – Há aquele que ama a paz, e outro,

que ama a guerra.

3     – Um homem sem cultura didática

pode entender muito mais da vida do que um que a possua...

 

 

 

 

HOJe É Teu DIa DE SORte

 

 

 

 

Um carneiro estava passeando com o

seu filho quando este ouviu um barulho estranho atrás de uma ramagem. “Fique bem aqui, e não saia. Volto em um segundo.” E foi.  

 

Conferiu que estava tudo bem, mas na

volta deparou-se com uma cena que fez o seu coração bater tão forte que parecia que iria varar pelo peito. Lá estava um lobo caçoando, com uma brincadeira de ‘mau gosto’ com o seu filho, batia nos seus quadris e dizia: “Hoje é teu dia de sorte, o grande lobo está farto, por isso vai de poupar da morte. Hoje é teu dia de sorte...” Enquanto a matilha reprovava a conduta do seu líder, em silêncio.

 

Os olhos do carneiro se arregalaram, e

este foi em disparada em direção ao ‘lobo fanfarrão’. Os outros lobos o viram, mas ficaram curiosos, como o carneiro iria enfrentar o lobo. 

 

Quando o lobo caçoador se deu conta

o carneiro já estava ‘palmo a dentro’. Levou cabeçadas e patadas na fuça, no estomago, e quando caiu, levou mais uma seqüência de golpes, da cara do carneiro pareciam sair raios de tempestade e tão raivoso estava que não se deu conta da matilha que o observava com admiração. Enquanto o ‘lobo fanfarrão’ ficava ofegando pelo chão, quase para desmaiar, o carneiro pegou seu filhote e saiu ‘voando’, salvando-o de vez.

 

 

O ‘lobo fanfarrão’ perdeu a liderança

da matilha, que reprovava havia algum tempo suas condutas toscas e desrespeitosas. Assim, o ‘lobo fanfarrão’ virou chacota entre os lobos por toda a sua vida. Até mesmo criaram uma cantiga para ele:

 

 

 

 

Hoje é teu dia de sorte

Hoje é teu dia de sorte

Porque o carneiro furioso

Te livrou da morte

Hoje é teu dia de sorte...

 

 

 

                                                                                  O     ‘lobo     fanfarrão’     ainda      tentou

ingressar em outras matilhas mas já era tarde, sua história já estava espalhada ‘por todo o mundo’, e para piorar a historia tinha como trilha sonora a ‘maldita cantiga’. De idosos às crianças todos cantavam. “Música ruim, toca em todo canto” se conformava o lobo. “Se é para ser caçoado por estranhos, prefiro ser caçoado pelo os meus.” E assim, voltou para casa. 

Quando ia se aproximando foi avistado

e reconhecido por um grupo de crianças que estavam brincando: “Olha, olha é o lobo do ‘dia de sorte’ começaram a cantar em forma de ciranda: “Hoje é teu dia de sorte, hoje é teu dia de sorte...” O lobo começou a rir, e

ia dizendo baixinho: “Eu mereço, eu mereço!”

É O QUe SE Tem

 

 

Uma mulher enquanto jovem se vestia

bastante formal, pois alegava: “Quero ser reconhecida pelo meu conhecimento, não pela minha beleza!” Assim o tempo passou. Quando madura começou a se vestir de forma mais sensual. Um amigo seu de longa data lhe perguntou: 

“Quando eras jovem não se vestia

assim, e agora que estás madura o faz. Por que? Achas que chamarás atenção agora, como poderia ter chamado anos atrás?” A mulher entendeu o teor daquelas palavras, daquelas perguntas, mas para não ‘ficar por baixo’ respondeu de forma definitiva: “É o que se tem, é o que se usa!”

 

1    - A juventude e a sensualidade tem

prazo de validade.

2    – No amadurecer deve-se continuar

zelando pelo corpo.

3    – Saber usufruir das etapas da vida, e

não se entregar para o tempo. Se não pode vencê-lo, faça um acordo com este, pelo menos durante certo tempo.

IMPERador

 

 

Um homem queria por que queria

controlar a vida: casamento, filhos, empresa, amigos e outras coisas. Morreu de exaustão.

 

 

O SIMPles NO COMPLexo

 

 

 

Ia a lesma caminhando, seu caminhar

lento e arrastado, quando encostou um elefante que lhe ‘alfinetou’: “Como é para ti ser um ser tão simples. Por outro lado, veja eu, sou um ser tão complexo!”, falou com todo orgulho o elefante. 

A lesma com toda a ‘paciência do

mundo’ respondeu: “É na simplicidade que está a perfeição. Quanto menos necessidade se tem, mais completo se é. A beleza está no simples. Sendo que a complexidade sempre, como um rio, acaba por desaguar no mar da simplicidade.” O elefante ‘engoliu o seco’ e mudou de assunto: “Então, lembra aquele dia...”

 

1     – O arrogante se acha melhor que

todo mundo, mas termina no mesmo lugar que os outros.

2     – A felicidade está nas coisas simples,

num aperto de mão, num abraço, num ‘bom dia’, no aroma de uma flor...

 

 

 

BÉÉéé

 

 

Certo dia um rebanho de ovelhas

estava fazendo seu percurso quando ouviu: Béééé-béééé! As ovelhas se indagaram: “O que faz um bode em nosso meio?”

 

 

1 – Boas pessoas devem sempre se

precaver contra elementos nocivos.

 

ANDORInha TEIMosa

 

 

 

Esforçava-se ao máximo uma mulher

para mudar a situação precária do seu vilarejo. “Mulher” disse uma amiga, “para mudar é preciso querer mudar. Tu te esforças tanto para um povo que não está nem ai para nada. Tu te esqueceste do ditado que diz: Uma andorinha só não faz verão.” “Com certeza lembro” respondeu, e completou “Mas o meu é: Uma andorinha só não faz verão, mas tenta. E eu estou tentando. Ah! Isso estou!”

 

 

 

 

1 – Mesmo diante das tempestades e

da indiferença mordaz, não devemos ceder, porque este ceder não significa apenas uma derrota, mas a própria ‘morte’...

 

TUDo DE UMa Vez E Uma COISa DE

CADa VEz

 

 

 

 

Dois bodes caminhavam a procura de

um novo pasto, pois o pasto onde eles se alimentavam havia sido encharcado. Quando chegaram num determinado morro, olharam adiante e se depararam com um campo de pastos verdejantes, ficaram boquiabertos, admirados e contentes. 

 

O jovem bode, num momento de puro

êxtase, disse exaltadamente: “Vamos, vamos; conte até três e tudo de uma vez! Vamos correndo comer tudo que vemos pela frente!” Ao passo que o bode maduro, com calma, falou suavemente: “Não! Vamos andando, e comeremos lentamente tudo que encontramos pela frente, um por um”

 

 

 

1 – Evitar a gula que deforma o corpo e

a mente. 

 

2     – A experiência dos mais velhos deve

ser apreciada.

 

3     – Saber gastar com diligência para

que não venha a faltar; para que não se venha dizer depois: “No momento que eu estava mais precisando, não tenho...”

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A FOme DOí

 

 

                                                                                  Aquele    homem,    apesar    de     ainda

jovem, já era muito experimentado pela vida. Já havia passado por duas paixões (amorosas), conflitos familiares, sociais, etc. Até que um dia perdeu ‘tudo que tinha’ e passou a vagar pelo mundo, vindo a passar vários dias de fome. Com o tempo conseguiu um trabalho de carregador de estivas. Juntou na base do sofrimento certa quantia e montou um pequeno negócio, que prosperou. 

                                                                                  Estava    ele    conferindo    o      estoque

quando chegou um dos seus clientes mais fiéis que gostava de comprar e ‘puxar conversa’. Foi quando o comerciante olhou nos olhos daquele homem e viu as ‘tormentas do mar’, o desespero naqueles olhos. Então o desesperado começou a questionar, olhando para o comerciante: 

 

“Não há, e jamais haverá dor maior do

que a da paixão não correspondida.”O outro que já tinha enfrentado o ‘mar’ explanou: “Já senti a dor da paixão não correspondida, sim, já senti. Porém não há dor maior do que a dor da fome não correspondida por um prato de comida. A fome dói, a fome degenera, a fome mata!”

 

“O problema, meu amigo, é que eu

nunca senti essa dor, eu só tenho certeza da dor da paixão não correspondida” disse o homem se remoendo por dentro.

 

 

 

 

1       – Um problema sempre pode vir

acompanhado de um problema maior.

2       – Um homem experimentado sabe o

quanto as ilusões da vida podem nos cegar.

3       – Todo ser... humano tem direito ao

alimento.

4       – Saber distinguir fome natural da

emocional.

5       – Cada um sabe a dor que sente, por

isso é difícil explicar sobre uma dor para alguém que nunca a sentiu...

 

MATou PELo o CANSAço

 

 

 

Duas irmãs separadas na infância

passaram a coabitar a mesma casa. Mas apesar de irmãs eram completamente diferentes; uma era calma, a outra alvoroçada; uma amava o silêncio, e a outra o barulho. Uma gostava de ler e a outra ‘Não perdia tempo com isso’. O que não significava que a irmã calma não tivesse força. 

 

Várias vezes a irmã calma pediu a irmã

alvoroçada que contivesse seu ímpeto e usasse de mais respeito para com ela, coisa que lhe ‘batia nos ouvidos e voltava’. 

 

 Depois de um tempo a irmã paciente

falou moderadamente para ‘a alvoroçada’: “Me mataste pelo o cansaço. Se tu não mudas, mudo eu.” E foi embora. A partir daí ‘a alvoroçada’ conheceu a tristeza e a solidão. E muitas vezes ficou ali na janela à tardinha, olhando o caminho onde viu sua amável irmã pela última vez. 

Outro dia se lamentou: “Eu te matei

pelo cansaço, e tu me mata de saudade, tu me mata de ausência.” E foi dormir pensado naquela irmã maravilhosa que estivera ali na ‘palma da sua mão’, e que ela com seu destempero, deixou escorrer como se fosse líquido.

 

 

 

1     – Quem nos valorizar, merece valor.

 

2     – Às vezes perturbamos tanto uma

pessoa... que acabamos por perdê-la.

 

3     – Gentileza por gentileza; se não, a

gentileza morre, ou vai embora...

 

 

 

 

 

 

 

DO LADo DE FORa

 

 

 

                                                                                  Um     grupo     de     asnos      passavam

carregando suas cargas. No meio dos asnos, um passou a questionar: “Desde que me entendo, carrego esses fardos; igual ao meu pai, avô, bisavô... e pelo andar da carruagem, creio que meu filho também.” Foi quando passou a olhar para o lado (esquerdo) e perguntou para um asno mais adulto que ia passando: 

 

“Por que carregas esses fardos?” “Por

que sou um asno”, respondeu simplesmente. E perguntou para outro asno que passava a direita: “Porque esse é o nosso destino”, respondeu sem constrangimento. “Com isso você quer dizer que nascemos assim e temos que morrer assim?” “É por ai!” respondeu o velho asno que seguiu com seu fardo.

 

 

Então o asno questionador foi se

afastando dos outros asnos, andando cada vez mais lento, e se aproximando da beira da estrada. Entrou na mata, abandonou a carga, e foi em busca da sua liberdade. Mais adiante encontrou uns cavalos selvagens e os admirou. Quando os cavalos começaram a correr, ele também começou a correr para acompanhar os cavalos. 

 

Quando o líder dos cavalos percebeu

que algo incomodava o grupo, procurou saber o que estava acontecendo. Viu o asno querendo entrar em meio aos cavalos e foi ao seu encalço: “O que fazes aqui?” “Eu quero ser livre como vocês!” “Nunca serás”, disse o majestoso cavalo, “és asno e como asno deves se comportar. Porque aqui quando um cavalo começa a ser comportar como um ‘asno’ ele é repreendido, e se

continuar é convidado a retirar-se!”  

 

Estas palavras foram como muitas

águas de uma enchente que invadiram o coração do jovem asno, deprimindo-o. Ele olhou para trás e saiu correndo como se fosse alçar vôo, pegou a sua carga e saiu correndo o máximo que pôde para encontrar os outros asnos que não queriam ser cavalos. Agradeceu por estar ali e nunca mais questionou sobre ‘o peso nos lombos’; porque é asno, pronto e ponto final.

 

1      – O que muitos seguem pode fazer o

falso parecer verdadeiro.

 

2      – Não permitir que o preconceito

limite nossas ações, nossos sonhos.

 

3      – Há aquele que é o senhor do seu

destino, e há o que é escravo do destino.

 

4      – Tua liberdade sempre vai bater com

a liberdade dos outros.

 

5    – Estar entre os nossos sempre traz

grande felicidade, mesmo que seja em situações extremas.

 

6    – As palavras têm o poder de erguer

e de derrubar, de vivificar e de matar.

 

 

 

NEm UM, NEm Outro

 

 

Uma mulher queria, porque  queria, se

casar e ter um filho. Nisso foram aparecendo os pretendentes. Um ela dispensou porque tinha o nariz grande, pensou: 

 

“Não quero que chamem meu filho de

narigudo.” Veio um baixinho: “Ninguém chamará meu filho de toquinho.” Veio um ancião: “Meu filho conhecerá o pai por pouco tempo.” Veio um jovem: “Não, pensarão que ele é irmão do meu filho.” Veio um atleta: “Não, ele vai querer que meu filho seja atleta, e eu quero que ele seja médico.” Veio um pobre: “Não, o meu filho terá dificuldades.” Veio um rico: 

 

“Não, ele vai querer dar tudo para o

meu filho, e isso não é bom.” Veio um estrangeiro: “Não, não quero o meu filho misturado.” Morreu solteira e nunca teve ‘o seu filho’.

1 – Às vezes se escolhe tanto que se

finda sem nada, 2 – Ninguém é perfeito...

DE NOIte É DE NOIte, E DE DIA É DE DIA

 

 

 

                                                                                  Um    morcego    desejava    muito     ser

diferente. Então falou para os seus amigos na caverna: “Não quero mais viver como todos vivem¨. Seu amigo caçoando dele perguntou ironizando: 

 

“Oh! E como queres viver grande

libertário?” E todos riram. Mas ele não perdeu a pose: “Se vocês são os morcegos da noite, eu serei o morcego do dia.” E seus amigos riram mais ainda. “Aqui”, disse “todo mundo é igual, fazem as mesmas coisas, eu quero ser e fazer diferente”, e voou, saindo da caverna; indo de encontro ao sol foi o ‘morcego do dia’. 

 

Não demorou muito ficou com a visão

toda ofuscada e caiu no chão. E saiu rastejando, pateticamente, para debaixo da sombra de um rochedo e passou o resto do dia ali, esperando a noite chegar. E quando a noite chegou, voou e foi de encontro ao seus ‘iguais’. E se misturando a estes, que começaram a lhe questionar: “Então grande morcego do dia, o que estas fazendo em meio aos morcegos da noite?” “Apenas visitando”, respondeu, cheio de si “apesar das diferenças, ainda somos amigos.”

 

Os dias foram passando e o ‘morcego

do dia’ passava o dia na caverna com os morcegos, e a noite saia com eles. A máscara caiu. Os morcegos bagunçavam com ele da seguinte forma: “Fala então, Oh! Grande Diferente”, “Este é libertário”. Um amigo chegou com o ‘morcego do dia’ após vê-lo ser alvo de tantas piadas e avacalhação, e lhe disse: “Parabéns! Querias ser diferente, pois bem, agora tu realmente o és.” Este todo envergonhado recolheu a cabeça entre suas asas. E o ‘morcego do dia’, mais uma vez, esperou a noite chegar.

 

 

1        – O pior preconceito é o que se nutre

contra si mesmo. Ou pela sua origem.

2        – Tem certas coisas que nunca

deixaremos de ser.    3 – Às vezes queremos ser tão diferentes, que acabamos por virar alvo de piadas, e não levados a sério.             4 – Quando se volta para um lugar que se renegou passa-se muita vergonha, isto é, para aquele que a possui...

 

O SONHador Da REALIDAde

 

 

 

Havia um homem que vivia sonhando. Sonhava com um mundo melhor, sonhava com isso e sonhava com aquilo. Mas as pessoas sempre retrucavam: “Deixar de ser sonhador! As coisas são do jeito que são. Encontramos o mundo assim, e não o deixaremos melhor quando partirmos!” 

 

Mas ele não se contentava: “Sem

sonhos não existe a realidade. Veja aquele prédio, um dia alguém sonhou em construí-lo, e realizou.” “Certo”, confirmou um cidadão, “uma coisa é uma coisa, e a outra coisa é outra coisa. Ficamos assim, há os sonhos viáveis e há os sonhos inviáveis. Os teus estão mais para utopia do que para o mundo real.” Calou-se o sonhador.

 

 

Mas um dia a pequena cidade, que fora

construída próxima a uma represa, se viu ameaçada pelo rompimento desta, depois de vários dias de chuva forte, como nunca havia acontecido naquela região. O povo dali ficou apavorado, pois, a qualquer momento a represa poderia transbordar, ou pior, romper-se. Criou-se um alarde intenso. 

O sonhador conhecia aquela represa e

aquela região. Ele sabia que havia um lado da represa que fazia fronteira com um morro, e que caia num grande penhasco. Pegou um carrinho de mão, uma pá, uma inchada, um terçado, e foi na direção da represa. “Mais essa agora”, disse um cidadão, “todo mundo numa agoniação só, e esse maluco, ainda preocupado em plantar!”

 

No outro dia o homem sonhador foi de

novo. Mas, ao terceiro dia um cidadão o seguiu. E o encontrou abrindo uma pequena vala, entre a represa e o penhasco, do lado desta. Esta cena emocionou aquele homem que correu para a cidade informando ao povo o que ele descobrira sobre o ‘Sonhador’. 

 

 

Todos       se      orgulharam        do     ‘Maluco Sonhador’. E saíram catando todo tipo de ferramentas que pudessem ser usadas naquele tipo de empreitada e foram. Quando o ‘Sonhador’ viu a multidão se aproximando, começou a chorar...  coisa que ninguém percebeu, pois estava chovendo. 

 

                                                                                  Então    todos    passaram    a     escavar

pequenas valas, uma ao lado da outra e a medida que a água ia passando ia derrubando essas ‘paredes’ e a vala aumentava, e aumentando assim o fluxo da água que vazava em direção ao penhasco que dava para um belo vale. O que diminuiu a pressão da água sobre a represa, eliminando assim o perigo, salvando a barragem e a cidade.

 

Desde então, aquela cidade que se

chamava Capitólio passou a ser chamada de ‘A Cidade dos Sonhos Reais’, em homenagem ao ‘homem sonhador’. E ecoou por aquela cidade a seguinte canção:

 

 

 

 

 

Eu tenho um sonho

E meu sonho é real

Eu posso transformar um sonho Em algo factual.

Que apesar da realidade atroz

Podemos nos unir

E realizar um mundo melhor

Para cada um de nós.

 

E assim vou

E assim vou 

Através da alegria e da dor

Para a realidade vivo acordado

Mas sou um sonhador.

 

 

 

 

 

A MULher QUE NÃo GOSTAva DE

POEsia

 

 

 

 

                                                                                  Uma     prefeita     instituiu     uma      lei

decretando que naquela cidade estava proibida qualquer menção a poesia. Sobre a alegação que aquilo ‘corrompia a juventude’. Mas um opositor político da prefeita não se deu por satisfeito. 

E foi procurar saber qual era a causa de

tamanho ódio que a prefeita tinha contra a poesia, a qual ele amava a longa data. Sendo inclusive um ‘poeta de mão cheia’, conhecido e reconhecido. 

Ela nasceu nessa cidade, mas ainda

pequena, seus pais a levaram para a cidade vizinha, de onde veio já adulta. Ele seguiu, então, a trilha do passado da prefeita. E descobriu que o sonho da prefeita era ser poeta. Coisa que sua mãe lhe dizia: “Isso é coisa sem futuro!”

Denunciou no Capitólio que a lei ‘anti-

poesia’ era uma farsa, baseada nos traumas da prefeita. E na eleição seguinte o opositor poeta venceu a prefeita rancorosa, como ele a chamava em sua campanha.

 

Mas o prefeito, como poeta que era

um dia chamou a ex-prefeita para juntos tomarem um café e ‘trocar umas idéias’. “Onde estão tuas obras? Suas poesias. Não me negue, pois sei que tens!” “Guardadas a sete chaves”, respondeu a ex-prefeita. 

 

“Pegue uma chave-mestra, abra e me

traga”, disse o prefeito poeta de forma pândega. A exprefeita se sentiu bem com essa colocação do prefeito. “Sim, farei!” Sete dias depois, ela trouxe sete livros e os deixou com o prefeito poeta. 

 

O prefeito, à medida que tinha um

tempo disponível, ia lendo e se maravilhando com a obra da sua antiga opositora. Inclusive fez o prefácio do primeiro livro lançado pela poetisa e ex-prefeita. 

 

Sua obra não foi só conhecida mais

também reconhecida. E assim a poeta ex-prefeita e o prefeito poeta, fizeram uma parceria que imortalizou a ambos. E assim abraçaram a felicidade que emergia da literatura e nunca mais voltou para a política. Sua mãe antes de falecer lhe pediu perdão por sua oposição intransigente de não lhe permitir seguir seus sonhos, pois esses são o que dão sentido a vida e morreu cheia de orgulho da sua filha escritora.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

QUANdo O PROVIsório É ETERno E O  ETERno É PROVIsório.

 

 

Havia um homem que gostava de usar

as palavras  ‘provisórias’ e ‘eternas’. Quando foi construir uma casa fez uma casa simplória quando podia ter construído um ‘castelo’. Quando sua mulher lhe perguntou: “Por que isso?” Ele respondeu com toda a certeza que tinha: “Não se preocupe mulher, é provisório.” E foi eterno. Quando montou um negócio, a mulher perguntou:

                                                                                   “É    provisório?”    “Não,    é      eterno”,

respondeu com uma certeza de rocha. Durou três meses.  

 

Outro dia estava ‘O provisório-eterno’

fazendo uma encanação do banheiro, que fizera no fundo do quintal, para acoplá-la na encanação que saia da casa para a rua. Um dos seus filhos ainda muito jovem questionou: “Pai, do jeito que o senhor está fazendo, cheio de emendas, vai dar problema no futuro.” “Sim, mas não se preocupe, é provisório”, anos depois, os banheiros estavam entupidos. 

Um dia estava ajeitando uma parte do

quintal, onde ia fazer um viveiro, pois este gostava de criar animais. Sua mulher enraivecida saiu ao seu encontro: “O que estais a fazer com o nosso quintal?” “Não se preocupe, é provisório!”.   

 

“Provisório, provisório, eterno, eterno. Eu não aguento mais ouvir isso! O que tenho certeza é que tua vida, essa sim, é provisória. Então, faça com que sua vida e a nossa melhore!”. O ‘provisório-eterno’ olhou para a sua esposa assustado e com grande admiração,  e num lapso de consciência disse: “Mas essas palavras são provisórias ou eternas?” “Aaaaaaah! Para mim chega, eu vou é fazer o almoço e cuidar de minha fome provisória, porque a tua ladainha é eterna”

 

O mini zoológico no fundo do quintal

que seria ‘provisório’ tornou-se ‘eterno’. Depois de vinte anos, ali continua cheio de cachorros, gatos, galinhas, tartarugas e camaleões que vivem ocultos no verde das árvores espalhadas pelo o quintal.

 

1 – É preciso distinguir entre o que é

realmente ‘provisório’ e o que é ‘eterno’, entre aquilo que permanece e o que passa...

 

CAVAlo Nâo TEm CHIfres

 

 

 

 

Uma mulher que fora muito ruim com

o seu primeiro marido, mesmo quando este lhe respeitava e fazia tudo por ela. Acabou por se separar deste. Já com o segundo marido, ela recebe o contrário do que o seu primeiro esposo lhe dava.

Um dia uma amiga da mãe do segundo

esposo conversando com esta lhe disse: “Como são as coisas minha amiga. Observa como essa mulher faz tudo o que teu filho quer, mesmo quando ele está errado.” “Às coisas”, disse a impassível mulher, “nesse caso são assim: o bom perdeu onde o ruim se fartou. Isso se dá porque: “Cavalo não tem chifres”.

 

 

 

 

 

 

A JUVENtude É CURta E A VELHIce É

LONga

 

 

 

 

Indo visitar uma amiga de longa data,

um homem encontrou sua amiga cabisbaixa e indignada: “O que se passa minha velha amiga?” “Meu amigo”, disse a mulher, “aqui tudo é comigo: se chove,  enxugo; se suja,  limpo; se faz quente, faço esfriar; se esfria, faço esquentar. Para mim chega. E ainda sou aconselhada a estudar nessa idade. Isso tem cabimento? Já vivi o que tinha que viver,  me privei e fui privada dos meus sonhos em prol dos outros. Confiei meus anos a quem não merecia e agora o que me resta é viver bem o resto de vida que tenho. Porque: a juventude é curta, e a velhice é longa.”

 

 

 

 

A RESPOSta

 

 

 

Um pombo foi autorizado a andar com

os gaviões, pelo líder dos mesmos, pois dizia que os admirava. Um gavião mais crítico se aproximou do pombo enquanto estes voavam e disse: “Achas mesmo que será um de nós, só porque anda conosco?” O que o pombo ponderou:

 “Posso até não ser um de vocês, mas

tenho a honra de andar com aqueles a quem admiro... se não tenho a aparência e a força de vocês, tenho o espírito que se assemelha ao de vocês, por isso ando convosco.” Esse gavião admirou a retórica do pombo e disse: “Então, vamos voar.”

 

1 – É preciso convencer aqueles que

são diferentes de nós a aceitar que é possível o convívio...

 

 

As TRÊs FILhas 

 

 

 

Uma mulher tinha três filhas, que

quando ficaram adultas disseram para sua mãe: “Mãe, crescemos, já somos adultas, precisamos conhecer o mundo.” E foram. 

Algum tempo depois, a mãe avistou no

horizonte uma silhueta feminina no crepúsculo da tarde. E se aproximando, identificou a caçula. Esta se chegou, abraçou-a demoradamente e disse: 

 

“Mãe, me perdoe por não te ouvido

tuas palavras, quando a senhora disse que o mundo é um moinho. Ele me triturou.” Depois chegou a filha do meio e disse:

 

                                                                                   “Mãe,     o     mundo     é     grande      e

maravilhoso.” E quando a filha mais velha chegou, esta disse: “Mãe, o mundo é um oásis e um rolo compressor. A senhora me dava o peixe, mas eu tive que aprender a pescar no mar do mundo. E assim, tornei-me mais forte”.

O PIOR INIMigo

 

Um general estava enfrentando um

exército de uma província revoltosa. Quando ele observou que seus soldados estavam discutindo uns com os outros e relaxados,  chegou a uma conclusão. Viu que era por isso estava perdendo a batalha: 

“Não há nada mais terrível do que ser

derrotado pelo seu próprio exército”. Ponderou o grande general, melancolicamente.

 

A CISMada

 

Uma mulher cismou com outra de sua

comunidade, por esta ser muito boa e considerada por aquelas pessoas. Dizia: “Aposto que o bem que ela faz é para tirar algum proveito. Deve querer se candidatar a algum cargo público!”

Os anos se passaram e nada. A gentil

mulher veio a falecer, foi enterrada em glória e sua memória e feitos tratados como os de uma santa. Já a rancorosa morreu no mesmo dia da outra. Estiveram presentes em seu enterro, sua mãe, dois irmãos e, obrigatoriamente, o coveiro.

1 – Pessoas ruins pensam que todos são iguais a eles...

O UMa COIsa PODe SEr OUTra COIsa?

 

Um homem pegou um filhote de porco

para criar e o levou para sua fazenda. O porco foi criado como um animal domestico, sem nunca ter visitado a coxia. Mas um dia ele foi visitar um amigo que criava porcos. Lá chegando, e seu amigo vendo aquele animal disse: 

“Só você mesmo, para ter um porco

todo engomado e cheiroso.” “Por que não? Disse ele, “uma coisa não precisa ser sempre aquela mesma coisa” O amigo riu e disse: “Tudo bem, não concordo, mas não vamos discutir por causa disso!”

 

Da varanda dava para ver a coxia com

os porcos lá embaixo. O amigo então sugeriu: “Solte seu porco para pegar um sol na varanda!” “Claro, por que não?” Então, quando ele soltou a coleirinha do pescoço do porco ele saiu ‘onc, onc, onc’, desceu a escada e foi correndo para a coxia se jogar na lama com os outros porcos.

O dono do porco ficou olhando com

um olhar decepcionado e seu amigo rindo muito disse: “Uma coisa pode ser outra coisa, uma coisa pode ser outra coisa!” E gargalhava.

 

Por Trás DA CORTina

 

 

A águia, um dia, foi passar uns tempos

na casa da sua irmã gralha e da sua filha. Com o passar dos dias, a águia defendia sua sobrinha quando esta percebia que sua irmã gralha agia de maneira injusta.

 

 A águia muitas vezes conversou com

sua sobrinha sobre a vida, os céus e como enfrentar as correntes de ar. Essa sobrinha tinha orgulho de dizer que aquela águia era seu parente ‘preferido’. 

 

Mas um outro dia, depois de uma

discussão com sua irmã gralha, a águia resolveu alçar vôo dali, mas, antes esclareceu: “Não sou daqui e nem vim para ficar. Há personalidades que nunca  vão se dar bem.” E foi-se. Porém, a águia, em sua grande visão, observou que sua querida sobrinha ‘não deu um piu’ em sua defesa. Passou o tempo.

 

Um dos irmãos da águia conversou

com o pombo. Confessou-lhe que esta dita sobrinha havia lhe pedido várias vezes para que este devolvesse o ninho da águia. E que esta havia lhe emprestado para que ele tentasse um negócio, temporariamente. 

 

A águia passou a habitar num ninho

velho, cheio de infiltrações. Enquanto seu irmão ‘se resolvia’, disse a águia: “Aqui em meios aos escombros tenho paz.” O pombo estava louco para fuxicar, e já havia visitado a águia duas vezes, mas não teve coragem de falar-lhe sobre sua sobrinha. 

Mas um dia, não mais se contendo,

começou a falar: “Nobre amiga, és minha amiga de longa data.” “Sim, sou”, confirmou a águia. “E o que te ofende, me ofende, o que te prejudica, me prejudica.” A águia, olhou para aquele pombo “bondoso”, quase rindo daquilo e disse: 

 

“O que seria de mim, sem um amigo

tão zeloso. Mas, me diga o que te prejudica, porque me afeta?” Continuou o pombo: “Lembra de vossa sobrinha. “Sim, o que há com ela?” Perguntou a águia gravemente. “Sabias que ela ansiava por tua saída da casa da tua irmã gralha, para assim usufruir daquele ‘pequeno mundo’ sozinha?”

A águia, já sisuda, disse em tom mais

grave ainda: “Especifique!” “Teu irmão”, prosseguiu o pombo, “falou-me que ela pedia várias vezes para que ele lhe devolvesse o teu ninho, pois você a importunava em demasia. Para que ele a tirasse da casa dela. A águia fez então um silêncio tão profundo, a ponto do que o pombo passasse a temer sua reação. 

 

Foi quando a águia disse: “Bom”,

rompendo assim o tenebroso silêncio para alívio do pombo, e completou a águia: “Filha de gralha, gralhinha”. O pombo sentimentalizando disse: “Nenhuma adaga corta mais profundamente do que a adaga daqueles a quem amamos; esta perfura firme e fortemente”. “Sabe”, disse a águia, olhando para o horizonte perdido, após o impacto sísmico:

 “O coração do homem é terra aonde

ninguém vai, e a gratidão e o respeito só pertencem aos grandes.” E alçou vôo. O pombo saiu atrás dela: “Amiga, amiga, escuta só, escuta só, o que eu descobri também...”

 

 

1 – Até os fofoqueiros têm serventia...

O IMPORTante É O Fim

 

 

 

 

Havia dois homens que entraram numa

sociedade. Um destes não tinha nenhuma visão para negócio e, além disso, ainda era ‘gastador. Um desses sócios fez de tudo para salvar esse negócio, chegando a trabalhar de domingo a domingo, mais era uma luta inútil, era um gigante esmurrando fumaça. Um dia já muito cansado física e mentalmente, saturado por tudo que tinha passado nessa batalha épica e utópica, chegou com o seu sócio e se pôs: 

“Eu me rendo, é impossível vencer-te. Porque é mais fácil destruir do que construir. Um castelo pode ser edificado em muitas semanas, mas pode ser destruído em poucos minutos. Sei que existem altos e baixos, mas nós só vivemos no ‘baixo. Vamos romper!” “Se fizeres isso”, falando em tom ameaçador, “te farei isso e aquilo.” 

 

E o homem com a certeza da certeza,

disse conscientemente: “Que assim seja. Tem horas que é preciso mudar mesmo que o mundo desabe sobre nós, porque depois do fundo do poço ainda tem mais chão. E foi se retirando segurando seu guarda-chuva, encostando a ponta deste no chão à medida que dava um passo.

 

Mas o outro replicou: “Eu vou fazer o

que falei”, e o outro já a uns passos adiante, parou olhou para trás e disse: “Tenho grande receio que não o faças, porque para mim,  o importante é o fim.”

 

 

1     – Evitar se juntar com mesquinhos,

porque mesmo em sociedade eles só pensam em si próprios, mesmo que isso signifique a ruína do próprio empreendimento.

 

2     – Tem coisas que atingem um nível

tão insuportável, que é preferível o fim, que tudo acabe e fique entre os escombros, do que continuar insistindo...

O CÉu ESTRELado

 

 

 

O mendigo estava ali deitado na

calçada contemplando o céu estrelado. Quando o seu amigo de rua chegou, esticou o papelão e deitou ao seu lado. “Homem”, disse o primeiro, “pense em alguém que andou, andou, e não achou nada. Meus pés criaram calos e me sinto muito fatigado. Isso dói. Sabe de uma coisa?” “Diga”, respondeu o outro. E aquele continuou: “A miséria é um pecado.”

                                                                                  Mas    o    outro    mendigo     continuou

olhando para o céu do luar, respirou fundo e explicou sua situação: 

 

“A única alegria que tive essa semana

toda é esse céu estrelado. Estou há três dias sem comer. Tudo que tentei deu errado. Não consegui uma simples moeda. Hoje colhi essas baganas de cigarros e achei uma caixa de fósforos que alguém esqueceu na calçada. Isso é o que está dando um alivio em minha vida.” Às vezes reclamamos tanto, mas ainda há gente em situação pior do que a nossa.” Finalizou ‘o mendigo do luar’, se tranqüilizando, “Sim, é verdade”, confirmou o outro. 

“Mas’, continuou ‘o mendigo do luar’

sobre aquilo que tu falaste, de que a miséria é um pecado, não é verdade: A miséria é o próprio castigo.”

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

TODo MUNdo MENte?

 

 

 

O mentiroso saiu espalhando suas

mentiras pelo bairro: disse que já havia sido abduzido por discos voadores; que a mãe d`água havia lhe arrastado para o fundo do rio, mas que conseguira escapar; que já havia sido astronauta; que permaneceu durante dez minutos no fogo de uma grande fogueira, mas não se queimou.

Um dia ele encostou-se a uma roda de

homens que jogavam xadrez, e mais uma vez começou com suas estórias, dizendo que era um ‘expert’ na arte do xadrez e que já havia ganhado vários campeonatos. 

 

Um dos homens já incomodado com

aquela “conversa para elefante dormir” disse: “Certo, prove-me. Sente ai, e vamos jogar.” Ele sentou e começou a partida, ele até que deu combate, mais depois acabou sendo vencido. “Olha”, disse o vencedor “tu até que joga um pouco. Mas daí para ganhar campeonatos, não. Ou seja, você mentiu!”, E ainda aconselhou: “Pegue essa tua imaginação e vai escrever livros de ficção, quem sabe não é ai que está o teu talento?” O mentiroso olhou para aquele homem com um olhar firme e reto: 

“Não sei o que tanto te ofende, pois

todo mundo mente.” E ficou com uma pose de vitoriano. “Sim”, emendou o mestre do xadrez, “todo mundo mente, mas nem todo mundo é mentiroso.”

 

 

 

 

1      – Ninguém é mais suspeito do que

aquele que suspeita de todos.

 

2      – Cuidado, pois um dia podes ser

testado pelas as coisas que afirmas.

 

3      – A imaginação corre veloz, veloz

como um cavalo a galope, por isso é preciso lhe por rédeas, se não de tanto correr começará a voar, a voar, a voar e... cair.

 

 

BEm- Ti- Vi

 

 

Um bem-te-vi fez amizade com um

gavião. Os seus reprimiam-no, mas ele se defendia da seguinte forma: “Devemos acreditar que as coisas podem mudar para melhor. E que as diferenças devem servir para unir, não para separar.” E a amizade continuou.

Porém um dia o rei dos gaviões tomou

conhecimento dessa amizade. Mandou investigar e descobriu que o pai daquele bem-te-vi era um valente guerreiro, que o enfrentou e o fez perder a perna quando este despencou dos céus, enquanto o bem-te-vi saiu apenas com alguns ferimentos. 

 

Então o rei mandou chamar aquele

gavião, amigo do bem-te-vi, em seus aposentos. Explicou a situação e disse que ia se vingar do pai através do filho. O gavião tentou argumentar: “Cada um deve pagar por si mesmo.”

 

O rei usou de autoritarismo: “Ousa

questionar o teu rei?” Não majestade, longe de mim tamanho ultraje!” “Quero que tragas aquele bem-te-vi, para uma armadilha.” “Majestade, como posso cometer tamanho desatino, contra mim mesmo? Seria minha desonra eterna!” “O reino acima de tudo”, disse o rei. “De que me vale uma vida desgraçada na má fama?”, disse o gavião aflito. 

 

“Se não fores, eu te punirei!”, ameaçou

o impaciente rei. “Ao seu dispor!”, rendeu-se o gavião. O rei, astuto que era, viu que não era possível ameaçá-lo em sua pessoa e comunicou: “Digo-te que se não fizeres o que mando, a desgraça abaterá tua família! “Então o gavião calou, e o rei entendeu”.

 

                                                                                  “Farás     assim...”    E    morrendo     por

dentro, o gavião foi até o seu grande amigo bem-te-vi. Convidou-o para mostrar um lugar maravilhoso que este acabara de descobrir. 

“Vamos lá meu amigo, ampliemos

nossos horizontes”, explanou alegremente o gavião. “Boas amizades enriquecem a vida”, completou o bem-te-vi. E foram. 

 

E ao passarem pelo local em que o rei

havia determinado, os gaviões saíram da tocaia e avançaram sobre o bem-te-vi; que ainda teve tempo de olhar para o seu querido amigo e perguntar: 

 

                                                                                  “O     que     está     acontecendo,      meu

amigo?” Em resposta os olhos do gavião lamentavam: “Perdoe-me meu grande amigo!” O rei aproximou-se e lhe deu o golpe “misericordioso”. Saciou-se o rei de sua sede de vingança. E ainda enviou o corpo para o rei bem-te-vi, para mostrar que tinha se vingado pela ‘infâmia de outrora’. O rei bem-te-vi ficou desolado, assim como o seu povo. E a guerra foi declarada. 

No fundo era o que realmente o rei

gavião desejava já há alguns anos.

 

Toda vez que o gavião olhava para sua

família, salva e com saúde, sentia-se muito feliz, mas a imagem do seu amigo bem-te-vi sempre lhe cortava o pensamento, e a tristeza lhe invadia. Certo dia nublado e escuro, o gavião se despediu da sua família como se fosse à última vez e saiu, fechando a porta lentamente, eternizando aquele momento. 

À medida que a porta fechava,  ele via

os rostos daqueles seres tão amados sumindo no fechar da porta. Não voou, mas foi andando, como alguém que nunca queria chegar. Chegou numa pequena colina que ficava em campo aberto. Os pingos d’água que o acompanhavam agora eram pesados, pois a chuva gradativamente engrossava. Olhou para os céus: “Parece triste e perturbado como minha alma.” Alçou voo.

 

Em linha reta subiu, subiu o máximo

que sua resistência pudesse suportar, talvez até um pouco mais, depois deu um giro e se lançou em queda livre pelos os céus da tormenta. 

                                                                                  Nem      os      sons      dos       relâmpagos

conseguiram abafar as batidas fortes do seu coração. E em desolação disse o gavião: “Amigo, meu amigo vou ao teu encontro. Não há um só dia que eu não pense em ti. Não há um só dia em que eu não me crucifique pelo o que eu fiz!” Enquanto imagens, momentos e palavras sucessivas invadiam sua mente, da sua família, amigos, mas principalmente do seu grande amigo bem-te-vi. Perto do campo havia uma bela cachoeira onde o gavião se precipitou. 

 

                                                                                  Quando     os     familiares    do      gavião

perceberam que este se demorava demais, solicitaram ao rei que os batedores ajudassem na procura.

 

O corpo do gavião foi encontrado

preso a um galho de árvore na margem do rio. O pai do gavião pediu ao rei que seu filho fosse enterrado com a benção real. O taciturno rei apenas disse asperamente: “Nunca darei minha bênção para um fraco! Um gavião amigo de bem-te-vi!” E o pai do gavião saiu duplamente entristecido e enterrou o filho no ‘cemitério dos renegados’.

 

1 - ...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

CONFLito DE GÊNios

 

 

 

 

Certo dia saíram para caçar: um urubu,

uma águia e uma hiena. A águia avistou uma lebre, mergulhou no ar, agarrou e matou a lebre. Logo após, chegaram o urubu e a hiena. A águia disse então: “Vamos comer!” Ao que o urubu retrucou: “Preciso primeiro esperar que ela vire carcaça.” E a hiena: “Preciso guardá-la para comê-la aos poucos.”

 

 

1   – É muito difícil, quando não inviável,

fazer parceria com desiguais.

 

 

2   – Cada um tem sua própria forma de

suprir suas necessidades...

 

 

 

MUDar PARa PIOr

 

 

 

Uma jovem mulher fora visitar sua

amiga e a encontrou bastante irrequieta. Esta olhou para ela e disse: “Às vezes é preciso mudar nem que seja para pior; porque do jeito que está não dá para ficar.” Sua jovem amiga impressionada e ao mesmo tempo confusa com aquelas palavras retrucou: “Como assim, ‘mudar para pior’”? 

Quem em sã consciência iria desejar

isso?” A amiga respondeu: “Guarde estas palavras, pois haverá um momento na tua vida que vais lembrar-se dela, e as entenderá.” Ela falou com um sorriso malicioso nos lábios de alguém que conhecia muito bem a vida, apesar de ainda ser uma mulher jovem.

 

O tempo passou, mais precisamente

seis meses, mas nesse ínterim elas se viam regularmente. Até que um dia essa jovem amiga adentrou sua casa e foi até a mulher que tocava violão e lhe mirou o dedo indicador, e falou-lhe ironicamente: 

 

“Desgraçada! Eu entendi, eu entendi

aquelas tuas palavras sobre ‘mudar para pior’ que naquela época me pareceram estúpidas. Nesses últimos seis meses eu vivi uma vida medíocre, regular, foi casa-trabalho, trabalho-casa, tudo perfeitinho e enfadonho.” A mulher riu, riu o riso das pessoas que sabem o que falam; e continuou a jovem: “Daí tuas palavras me vieram à mente. Às vezes é preciso mudar para pior. E eu agitei a tranqüilidade do lago. Para começar, pedi a conta do trabalho.” A mulher apenas riu com os cantos dos lábios e disse: “Venha. Façamos uma música sobre isso.”

 

 

1    – É melhor você mudar as coisas por

si mesmo do que esperar que mudem por você.

 

2    – Aquele que vive uma vida regular

sem procurar novos horizontes (mentais e físicos) acaba por se enfadar. Este só mudará por processos impostos pela a própria vida, e se mudar.

 

 

 

 

FUI Ali, MAs JÁ VOLto

 

 

 

Era um dia tranquilo, nem quente, nem

frio. Um olhando se olhando no espelho, concluiu: “Está na hora de ‘aparar’ o cabelo, dar uma levantada no visual”,

Arrumou-se, e foi de encontro ao seu ‘cabelereiro preferido’. Quando chegou ao salão, este estava trancado, mas havia uma placa que dizia: ‘Fui ali, mas já volto’. Era dez da manhã; deu onze, onze e pouco e nada. Foi quando chegou um homem que era também seu conhecido, e lhe perguntou: “Viu o cabelereiro?”. “Sim, vi”, disse de forma meio triste, parou passou a mão no queijo e completou, “acabei de vim do seu enterro”. E foi retirando a placa que avisava: ‘Fui ali, mas já volto’.

 

 

1...

 

 

 

 

NADa É NOSso

 

 

Quero isso, quero aquilo! Disse a

mulher para a vendedora da loja, enquanto os olhos da vendedora esbugalhavam de alegria. A mulher gastava sem piedade. Chegou numa concessionária: ‘Me

‘embrulha’ o melhor carro, e ‘embrulharam. ‘Se dinheiro não é tudo, o que mais é? Perguntou em tom de afirmação, e com grande soberba.

 

Estava ela um dia na sua varanda

luxuosa que ‘que poucos privilegiados poderiam ter’, contemplando o céu azul. Quando a sua ‘colaboradora’, lhe trouxe uma taça de uísque, e está já empolgada, fazendo gestos quase engraçados, disse: “Veja, minha amiga, é tudo meu”. “Claro que é madame, e que nunca lhe falte”.

 

 

Mas veio uma crise financeira que ‘transformou oásis em deserto’, devastando economias, que fez a consumista ao invés de comprar, vender, ‘tudo que ela tinha’. Enquanto ela acompanha, no pátio da casa, embaixo de um protetor solar, e ainda tomando seu ‘uiskizinho’, e sem perder a pose e dizia ‘ Eu sou Cleópatra, não Joana Darc. “Carminha traz mais bebida, o filme é chato, mas sou obrigada assistir”.

 

 

Enquanto isso seus credores, iam lhe

arrastando tudo, desde carros, motos... até mesmo seus vestidos e sapatos. Então está lamuriou para a sua até então ‘colaboradora’: “Nada é nosso. Veja tudo aquilo até então era meu, por exemplo, aquele carro, somente eu poderia dirigi-lo, mas agora é de outros, e amanhã, sabe - lá de quem será”. E tomou mais uma dose.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O GATo MALHAdo

 

 

 

 

Uma gata pariu mais de meia dúzia de

gatinhos, ´todos’ brancos, mas havia um que nasceu malhado. A gata olhou para o gato pai dos filhotes e disse: “Veja só, entre tantos gatos brancos, há um malhado”. “Não se preocupe com isso não, toda família tem um”.

 

1 – Deve-se dar toda atenção possível

aos elementos problemáticos, no limite do possível...

 

 

 

 

 

 

 

 

À PROCUra DA FELICIdade

 

 

 

Saiu aquela mulher a procura de

felicidade. Quando chegou numa esquina perguntou para um homem que ia passando: “Você viu a felicidade?”, “sim”, confirmou o homem “ela foi por ali”, e ela foi à direção que o homem havia indicado, com o seu andar apressado, parou e perguntou para uma mulher que ia atravessar a rua: “Você viu a felicidade?”, “Sim”, confirmou a mulher, “ela acabou de atravessar a rua e ‘se perdeu’ na multidão”.

 

E aquela mulher saiu olhando entre as

pessoas para ver se encontrava a felicidade e nada. Depois de um dia todo procurando a felicidade, quando o Sol já se despedia; ela resolveu voltar para a casa, onde tinha certeza ‘a felicidade não está lá’. 

Quando numa rua deserta, encostado

num poste com luz queimada, ela viu um homem alto, de cabelos longos e grisalhos, óculos e capa protetora. Pensou vou ariscar, a essa altura da partida, nada tenho a perder, e se aproximando do homem deu o seu ‘último tiro do dia’:

 

“Por favor, senhor, o senhor viu a

felicidade?”. “Não, eu não vi”, respondeu de forma enfática, aqui o semblante da mulher desabou, “Eu estou vendo!”, aqui o semblante da mulher se ergueu, e continuou “ela é você, ela está dentro de você e por fora de você; e isso só depende de você querer ver e trabalhar a sua felicidade...”, aqui parou, olhou para aquela mulher, colocou o chapéu que segurava na mão esquerda e, sumiu na penumbra do inicio de uma noite que iria chover, pois já chuviscava.

Essa mulher ficou confusa e feliz ao

mesmo tempo, e, pois se a pensar:

 

“Eu estava à procura da felicidade, mas

como poderia encontra se ela estava todo o tempo aqui comigo, procurava uma chave que pensava que havia perdido, mas que esteve todo o tempo aqui comigo, no meu bolso. Ela está todo tempo aqui, ali e acolá. Não é isso?”.

 

 

 

 

 

 INSTRUMENtista

 

 

 

Quanta ânsia havia naquele rapaz em

tocar um instrumento de bateria. Sem empenhou, se empenhou conseguiu. Mas depois ‘pensando bem, o violão é o instrumento’. Se empenhou se empenhou conseguiu. Depois o baixo, o órgão a guitarra... Virou uma banda ambulante, como não conseguiu se revolver desistiu.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

INÚTil

 

 

 

Dois homens passaram a discutir por

causa de certas pendengas. O primeiro começou a se exaltar: “Quem tu pensas que és, se achas mesmo o melhor aqui? “Bom”, respondeu o outro homem, “tu é que não é, tendo em vista que quem construiu isso aqui foram os ‘meus braços e o meu suor’. “Não creio, se não fosse sicrano, isso não existia!”, respondeu ríspido. “Sim, ele ajudou no suporte, mas a ação teve a origem na minha pessoa”. 

 

“Na verdade tu só queres te dar bem”,

disse o replicante. “como posso ‘querer me dar bem’, sobre aquilo que tenho direito conquistado!?”. “tu só vem aqui criar problemas”, disse o replicante. “Criar problemas, é querer melhorar as coisas, se sim, sim, sou um problemático”. “tu não deixa a gente trabalhar em paz”, disse o replicante e implicante. “se ‘trabalhar em paz”, significa levar tudo à falência, prefiro ser um guerreador”. “Então tu só vens...” aqui o implicante

replicante foi interrompido, pelo o replicado: “Pode parar, já entende. Não importa o que eu diga, o quanto esteja certo. Para vocês sempre estarei errado. Porque é isso o que vocês querem, e, não adianta lutar, eu me debateria apenas como um peixe fora d’água.

 

É como na fábula de Isopor: a ovelha

bebia água na parte baixa do rio, enquanto um lobo bebia água na parte de cima, o lobo então reclamou ‘Estais sujando a água que bebo’, o que a ovelha respondeu ‘Como pode isso? Se estou na parte baixa do rio e tu na de cima?, ‘Vou te devorar porque insultaste o meu pai’ (lobo), ‘Como pode isso, se nem o conheci’ (ovelha). O lobo voou para cima da ovelha e a devorou.

 

Então é isso, não importa o quanto

esteja certo, sempre serei o ‘errado’ para vocês, porque é o que vocês querem. Então se eu sou o ‘torto’, vou me endireitar. Saio dali e evitou o máximo que pôde aquele ambiente, enquanto foi resolvendo os seus ‘erros’.

 

 

 

 

1      - Diante dos injustos não terás êxito.

 

2      - Na ‘inversão de valores’, é preciso

assumir uma postura firme e se defender, evitar danos, ou, amenizar os danos, que certamente virão de alguma forma.

 

3      – Saber identificar os sentimentos

mesmo naqueles que dizem que te amam, porque talvez não te amem realmente, ou possuem sentimentos ambíguos por ti: enfrente a carapuça e ela cairá.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

DISCRIMINada

 

 

 

Aquela mulher dizia-se desprotegida

por sua comunidade. Dizia para os parentes que viviam em outra comunidade, que era descriminada nesta comunidade por ser ‘estrangeira’.

 

Um dia um irmão da ‘discriminada’ foi

passar sua férias com ela. Não deu duas semanas e os habitantes daquela comunidade já o cumprimentavam, conversava com aquele ‘estrangeiro’ recém-chegado irmão da ‘discriminada’.

 

Chegando de um passeio que fez com

umas pessoas dali; entrou e viu sua irmã deitada no sofá, carrancuda e isolada. Seu irmão vendo-a naquele lamentável situação a questionou:

 

 

 

 “Será irmã, que tu és realmente

descriminada, ou e tu que descrimina e recrimina?

 

Se você não convida ninguém, ninguém

te chama, depois reclama, depois reclama, que ninguém que ama.

 

“Como alguém vai entrar se a porta

estiver fechada, deixe-a pelo menos encostada, ou diga onde esconde a chave”.  “Ora meu irmão” se defende “eles estão fingindo, e assim virarem o jogo, e você ficar contra mim. Cuidado”. 

 

                                                                                  “Ninguém     consegue     fingir      tanto

tempo, e não sou mais nenhum menininho para ser enganado facilmente, e além de quê, o que vivi é diferente do que o que você nos postergou. Agindo assim, você atrai sentimentos negativos sobre você, porque é o que você está transmitindo”. Concluiu o irmão da rancorosa.

 

A mulher fez uma cara de chateada e

soltou: “Não é fácil para mim, por causa da nossa cultura. Eles têm uma religião, e nós outra. Eles têm uma política, e nós outra, eles têm uma economia, e nós outra. Eles são de um jeito, e nós de outro”, justificou a irmã, “Eles são deste lugar, e nós de outro”, “Isso não justifica”, falou o irmão com veemência, “no final é tudo gente. As diferenças, existem, é claro que existem, mas isso torna as coisas dinâmicas e mais ricas... e além do mais, somos nós que estamos na ‘terra deles’, e não ao contrário: não podemos ser rudes com os nossos anfitriões. 

 

Esse povo é tão bom que até hoje

releva tua postura preconceituosa, mas de gota em gota o mar se faz. Agindo assim seremos julgados por sermos estrangeiros, e para piorar estrangeiros preconceituosos”.

 

“Assim sendo, disse a irmã”, “colocarei

uma placa de venda na casa, e volto para nossa pátria, lá é o meu lugar, é lá que estão os meus”, finalizou, entristecendo o seu gentil irmão.

 

1   – quando um preconceito atinge o in-

consciente, finda no fanatismo extremo.

2   -...há aquele que se faz de perseguido

para poder perseguir ‘à torto e a direito’.

 

 

 

AFETAdo

 

 

 

Numa roda de amigos, conversavam

sobre ‘certas pessoas’, mas sem citar nomes:

Sabe aquele fulano, é isso’, ‘E aquele

beltrano fez isso’. ‘sicrano se fez de condoído’. Mas entre eles, havia um que ficava calado como uma pedra era como se estivessem falando para diretamente para ele. Então um dos homens disse-lhe:

“Homem, levanta essa fuça, participa”. Mas ele continuou calado, levantou, e foi-se. E eles ficaram sem saber o porquê.

 

1        – sempre acredita que o observam

2        – Aquele que já sofreu muitas

calúnias... fica sempre arisco e sensível.

3        - O afetado por tudo é atingido, e

sempre pensa que estão falando dele.

4        – Aquele que deve está sempre

desconfiado.

 

 

 

SALVAdor PERDIdo

 

 

 

 

Havia dezenas de macacos pulando

numa imensa árvore, à beira do rio. Mas a árvore já fraca na raiz caiu no rio, e os macacos começaram a se afogar. Mas entre estes havia um macaco que sabia nadar, e começou a salva-los. Trazia um para a beira e ia buscar outro, e quando estava no limites de suas forças lamentou:

“São tantos para salvar que me sinto

perdido”.

 

1       – não executar tarefas acima de

nossas forças.

2       – Ajudar a si e aos outros, para que

cada um possa se ajudar.

 

 

PODer PARa NÂo MAIs PODer

 

 

 

Um oficial do reino estava ouvindo

música ‘lá nas alturas’, sendo que isto, naquele horário, era oficialmente uma infração. Então uma vizinha, já com os tímpanos tinindo, foi até ele solicitar que este ‘encarecidamente’ baixasse aquele ‘trovão’. Ele já ‘mais para lá do que para cá’ (bêbado), foi para cima da mulher berrando. A mulher não ‘contou conversa’ tascou-lhe uma tapa no seu ‘pé do ouvido’, que ele rolou pelo o chão pateticamente. Levantou-se correu e entrou na casa dele e voltou armado. 

 

Nisso os irmãos dela correram ao seu

encalço para protegê-la, mesmo desarmados. Nisso já apareceram mais dois oficiais do reino para defender aquele oficial ‘pé de cana’, mas uma mulher que era amiga da outra gritou:

                                                                                  “Vou    chamar    meu    amigo    que     é

major!”. Nisso um amigo chamou o amigo do amigo do amigo do amigo. E apareceram mais dois oficiais reais, só que agora do lado da mulher braba. E assim ficou aquela tensão de forças. E aos poucos um a um foram se retirando, e o silencio imperou.

 

 

 

 

 

1 – A autoridade vai até onde a lei

permite o que passar disso, vai do caráter do individuo.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A CAÇADOra DE BORBOLEtas

 

 

 

                                                                                  Aquela    mulher    gostava    de     caçar

borboletas. Isso lhe dava muito prazer, mesmo sendo muito ‘trabalhoso’.

Um dia foi visitar uma amiga que

também ‘amava as borboletas’, que há um bom tempo ‘não via’. Lá chegando sua amiga lhe convidou para visitar um lugar especial. Quando aquela mulher deu de cara com um bosque, um bosque que parecia mais o paraíso, jamais sonhado ou escrito. Assim como havia flores de todos os tipos, também havia borboletas, tudo isso em total liberdade:

“Eu não as caço, elas vêm até mim, e

ficam porque querem: eu não mato as borboletas e nem arranco as flores”.

 

1   – O principio do amor é a liberdade.

2   – um faz o outro existir.

3   – O Amor deve ser alimentado, e não

maltratado ou morto.

MEDo DO ESCUro

 

 

 

O que fazia um ‘homem feito’ ter medo

do escuro? Quando era criança, como era muito peralta, sua mãe costumava, para fazê-lo dormir, disser: “Vai dormir, se não o bicho-papão vai te pegar”, ou, “A mulher da sombra vai puxar o pé de criança teimosa”... e assim cresceu. 

 

                                                                                  Mas    aquele     ‘menino’      assombrado

permaneceu, pois ‘como pode um ‘homenzarrão daquele’  ter medo do escuro?’, reclamou sua esposa que queria dormir com ‘a luz apagada’. “Como pode um Homem desse tamanho, ter medo do ‘escurozinho’, é cada uma que se vê. Hum, toma tento homem”.

 

1                       fantasmas que   nunca

abandonamos, ou que nunca nos abandonam.

2            – A mente infantil deve ser protegida

de traumas, dos fantasmas, para que o adulto não os herde.

 

APESar DA MORTe

 

 

 

Todo ‘fim de ano’ era aquilo, aquela

mulher se divertia se divertia e se divertia, mas no final a cantiga era a mesma: “Não consigo esquecer a morte da mamãe”. Um irmão já cansado daquela situação disse-lhe:

 

“Isso já faz quatro anos atrás, a vida

continua, a primavera continua, as flores nascem, as flores morrem; uns vem, outros vão: devemos honrar os mortos, mas principalmente os vivos”. 

 

“Veja”, apontando para as crianças que

brincavam no terreno, pulando, brigando, rindo, gritando, “aqueles são os netos de nossa mãe, e é deles que devemos cuidar, pois esse era o principal desejo dela ‘cuidem dos meus netos, assim como eu cuidei de vocês’, lembra? Essa é a melhor forma de honrá-la. Porque:

Apesar da morte, a vida continua”.

 

OS SETes SELos

 

 

 

Sete selos herdou um homem de sua

avó. Coisa que ele deixou num baú. Um dia lembrou-se deles e foi abri-los. Daí abriu o primeiro selo que dizia: “Você é o que é ou o que os outros fazem de você?”. O segundo: “Você existir em si ou por si existe”. Terceiro: “Um é tudo e Tudo é um”. 

 

Quarto: “Quando o sonho é real e o

real é um sonho?”. Quinto: “É possível voar sem sair do chão?”. Sexto: “Quando dois mais dois são cinco?”. Sétimo: “Quando sete é um?”. Cada selo tinha imagens relativas aos seus ‘dizeres’. Ah! Vovó que saudade de você e de suas ‘doidises’.

 

Um dia no seu trabalho ele falhou num

procedimento, e veio o inspetor daquela área, que rezava para que um cometesse um erro, para poder se exaltar e se promover, a custa do ‘couro alheio’. “É que eu achava que poderia fazer isso de outra forma”, disse, esperando daquele compreensão, “aqui, você não é pago para ser você, aqui você é o que queremos!” (selo 1). Lembrou do primeiro selo, pediu as contas, e montou um negocio próprio, daí pensou: “Eu nunca existir por mim mesmo, mas agora existo!” (segundo selo).

 

                                                                                  E    um    dia    andando        na multidão,

concluiu: “Entendi. ‘um (eu) é Todos, e todos (nós) é Um’, ou seja, estou conectado a Todos e a Tudo e vice e versa” (terceiro selo).

 

Quando ele mandou construir um

barco que ele sonhou desde menino, entendeu que: “O sonho é real, quando o tiro do mundo imaginário para o mundo concreto. E real é um sonho, quando posso realizálo, mas não o faço” (quarto selo).

 

                                                                                  Quando      este      se      dedicou       ao

conhecimento concluiu: “Eu posso voar sem sair do chão, quando adquiro conhecimento” (quinto selo). Um dia se pegou fazendo coisas sem sentido aparente, porem, que lhe causavam extrema alegria, despertou: “Agora entendo porque o ‘dois mais dois são cinco’ (sexto selo). E o sétimo selo é a unificação de todos os outros selos em Um (que são Todos)”.

Daí em diante nunca mais desprezou as ‘doidises’ da sua avó, mandou lhe erguer um belo mausoléu, onde colocou uma placa prateada com os Setes Selos escritos em dourado. E foi atrás de todas as ‘doidizes’ que sua avó havia escrito, e que ninguém se importava, pois era dedicada tanto a leitura como a escrita.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

SUJEIra Por SUJEIra

 

 

 

Quanto orgulho inflamava o peito

daquele asceta, ‘aquele homem santo’; que havia abandonado o ‘mundo mundano’. Um dia foi convidado por um homem muito rico que ouvirá falar deste. Convite aceito.

 

Mas quando o ‘homem santo’ ia

adentrando o salão da casa do homem rico, logo na entrada havia um tapete luxuoso, o ‘homem santo’ limpou a poeira dos seus pés descalços nesse tapetes, assim como os seus discípulos, então falou com arrogância:

 

“Limpo a sujeira na vaidade desse

homem (rico)”. Quando o anfitrião ficou sabendo do ocorrido, desse ‘ultraje’, convidou de novo o ‘homem santo’ para um novo almoço, porém, desta vez foi recepcioná-lo. Quando o ‘homem santo’ chegou fez o mesmo ritual e disse: “Limpo meus pés na sujeira da vaidade da riqueza”. Desde quando sujeira limpa sujeira?”, replicou o homem rico.

 

 

 

 

 

1          – Tudo é vaidade existe a vaidade do

asceta e a vaidade do abonado: existe a boa vaidade e a má vaidade.

 

 

2          – respeitar aqueles que nos recebem

bem e não ser ingrato.

 

 

3          – ninguém pode abandonar o

mundo, se o mundo está dentro de você: ninguém pode abandonar aquilo do que faz parte, por dentro e por fora.

 

 

 

 

 

PREço, VALor E CUSTo

 

Caiu nos ouvidos de um príncipe, que

um asceta famoso naquele condado, recusou uma oferta de um capitão de guarda rela, e amigo pessoal do príncipe, recusou uma joia rara, apenas para ele abandonar o ascetismo. Então o príncipe montou o cavalo e foi com sua comitiva real ao encontro daquele homem e o encontrando: 

 

“Asceta, sabes quem sou eu?”, “Sim, és

o príncipe”, falou de forma normal, ‘Soube que recusaste a oferta do meu capitão. É verdade?”, “Sim, não era merecedor, nada fiz para merecê-la”.

 

Príncipe: “Mas o que vim te trazer é

irrecusável, te fará um novo homem. Serás por todos admirado!”

Asceta: pois não nobre príncipe, e o

que seria?”

Príncipe: “Quero que sejas um dos

meus conselheiros”

Asceta: “Claro que isso é uma honra

sem igual, mas igualmente a ‘joia’, não mereço a oferta, há gente mais qualificada do que eu para execre-la. Peço a vossa excelência que me perdoe, mas vou declinar do pedido”.

 

O príncipe puxou uma sacolinha do

bolso e disse: “Nesta sacolinha há jóias que homens matariam por ela. Queres?”.

 

                                                                                  Asceta:     “Em     outra     situação      até

aceitaria, mas nesta” (afirmou).

 

Príncipe: “Venha amigo, e terás as

mulheres mais belas e fama”.

 

                                                                                  Asceta:    “Mulheres       tive,    e     no

momento não me interessam”. O príncipe perdeu a paciência, deu ordem a sua comitiva, e foi-se.

 

Mas enquanto ia se retirando o

príncipe, o asceta correu e chamou-lhe, ordenou que a comitiva parasse, e pensou que ‘vencerá’ o asceta. “Então”, começou o asceta, “Então, tudo que te pedires, me dará”, sorrindo confirmou o príncipe “Sim, claro que sim”, e olhou para os seus acompanhantes. E falou o asceta: 

“É que ainda sou jovem, e o que eu

quero é ser jovem para sempre”. O príncipe se irritou, os acompanhantes reais se conteram para não ri, mandou apear os cavalos e foram.

 

Enquanto o príncipe se distancia do

asceta, e o asceta do príncipe, o asceta chegou a seguinte conclusão: “Todo mundo têm seu preço, seu valor; mas tu (príncipe), não entendeu nenhum, nem outro. E há aquilo que tem valor, mas custa muito caro”.

 

 

 

1 – Não importa o que se tenha, nunca

conseguiremos dar tudo para uma pessoa... 2 – existe o que podemos suprir e o que não podemos suprir. 3 – aquele que perdeu o gosto pelas às coisas, não se importa mais com nada. 4 – Não receber o que não merece. 5 – Quando certas coisas mudam certas coisas não fazem mais sentido.

 

 

 

 

ISSo É OUTRa HISTÓRia

 

 

 

Aquele leopardo costumava correr

mais do que os seus. O que o fazia ser o mais admirado entre todos.

                                                                                   Mas,    com    o    desabar    dos     anos,

começou a correr mais lentamente, enquanto um leopardo jovem  ia aos poucos se destacando cada vez mais. O jovem e orgulhoso leopardo chegou com o velho leopardo e se exaltou: “Quem é o mais veloz agora?”. O velho leopardo o olhou com um olhar piedoso, aquele que só o tempo, a experiência pode trazer e respondeu: 

 

“Hoje é tu, assim como fui eu ontem. Viva o seu momento porque eu já vivi o meu. Saí para você entrar. Sai do bale para você poder dançar”, disse e saiu correndo o seu correr cansado e vitoriano; enquanto os olhos do jovem leopardo o seguiam, pensou: “É meu velho, entende”, deu ‘duas pernadas’, e alcançou o velho e majestoso leopardo, o que fez com muito orgulho e peito tufado.

A partir daí, houve o casamento da

juventude com a força da experiência, e aqueles dois leopardos ganharam todos os campeonatos de corridas, tanto no próprio reino como fora dele. Um dia o velho leopardo foi à desforra daquele dia: 

 

“Não quis te dizer naquele dia que te

conheci, mas agora eu posso: sabes que nunca me vencerias, pois, fui o maior corredor de todos os tempos”, o que o jovem leopardo rebateu: “Ganharia sim, com certeza”, “Mas não ganharia mesmo” respondeu o técnico, “Sabe aquele recorde, pois, bati, “Ah é! “Sabe aquele outro, bati”. Eu fui melhor naquilo, “e eu venci três vezes a corrida da Saara dourada”... “Sabe que até hoje venço a corrida dos coroas, sabe disso”, o que o leopardo jovem disse: “Isso é verdade”... e riram.

 

Quando os anos desabaram sobre o ‘leopardo jovem’, ele treinou outro jovem leopardo que começara a se destacar. Mas, isso é outra história.

 

 

 

 

 

A MULHer DO TESOUro DESPERDIÇAdo

 

Aquela mulher, era uma mulher muito

simplória, andava pelas as ruas como se fosse uma mendiga. Gostava de perambular pelas as feiras para catar restos de batatas e legumes, o que ela achava

‘aproveitável’.  Sua casa era bem simplesinha, de madeira velha, algumas tábuas quase podres. Ninguém conhecia a sua origem. Um dia ela faleceu. 

 

E quando os policiais adentraram a

casa, depois que os vizinhos denunciaram que havia dias que não a viam, dali não saia ‘nenhum sinal de vida’. A encontraram morta no porão da casa, perto de um baú aberto cheio de jóias, pérolas, rubis... Todas de grande valor. Um policial diante daquela imagem indagou:

 

“Viveu pobre porque quis”

 

                                                                                  1           tantos      são      os       talentos

desperdiçados. 2 – quantos talentos não são desperdiçados por falta de iniciativa ou incentivo. 3 – Há aqueles que se apega às coisas que, se eles se desapegassem daquilo, teriam ou teriam tido uma vida melhor...

RAZINza

 

Não era fácil fazer amizade com aquele Hipopótamo, um javali, tentou, tentou e tentou, até concluir: “O ranzinza a todos afasta”

 

RAPOza PARa QUEm PRECIsa

 

 

O rei leão instituiu uma lei, qual

expressava: ‘Proibido para as raposas de devorarem as lebres em nosso território’. Quando uma lebre sofreu um ‘bote’ malsucedido de uma raposa, a denunciou ao líder da Patrulha Real, que era uma raposa, está lhe informou: “Medidas severas serão tomadas contra esse infrator, porque lei é lei”. O que deixou a lebre aliviada. Quando a lebre saiu, foi chamada a raposa infratora, e disse-lhe a raposa líder da Patrulha Real: “Quando fizeres, faça bem feito!”

 

1...

 

 

COm CABElo Ou SEm CABElo

 

 

 

Um pai deixou o cabelo crescer, coisa

que antes nunca havia feito. Suas (2) filhas lhes chamaram a atenção: “Pai porque o senhor não corta o cabelo, o senhor fica mais bonito de cabelo curto” (com um ar de preconceito disseram). O pai vendo certa aflição das suas amadas filhas, e tão incomodadas, falou:

 

 “Desde quando ensinei essas idiotices

a vocês!?  Um homem não deve ser julgado nem pelo o seu cabelo, e nem por falta dele (cabelo)”. As garotas envergonhadas, disseram: “Sim pai”, e o abraçaram.

 

 

1 – Em pleno século vinte e um, ainda

hibernam preconceitos, que transformam qualquer homem adulto em recém nascido, de tanta inocência, de tanta ignorância.

 

DIGa MEu NOMe

 

 

Aquele menino não era fácil, mas

nunca encrencava com ninguém, mas se mexesse com ele, sabia se defender. Nas provas só estudava no dias que estás iam acontecer, e às vezes só no caminho da escola. Mas sempre passava.

 

Na adolescência, gerou-se uma intriga

com o diretor do colégio, quando aquele jovem numa reunião de alunos, acabou por chamar o diretor de ‘ ignorante’ por ‘não ouvir os alunos’. O que o diretor não se contendo respondeu: ‘ Jovem quem pensas que és, és um aluno regular, teu futuro é duvidoso se continuares assim. Aqui encerro a reunião’.

 

Mas para aquele jovem a vida não era

fácil, problemas familiares, financeiros, o obrigavam a trabalhar, mesmo que sua mãe não pedisse, para ‘ajudar em casa’. 

O tempo correu, conseguiu entrar para

a faculdade ‘aos trancos e barrancos’. E a ironia do destino, que o Heitor daquela faculdade, era nada mais nada menos, que o seu antigo diretor. 

 

                                                                                  Um    dia    eles    se    encontraram     no

corredor da faculdade. E o jovem o cumprimentou de forma natural, porém, com certo sarcasmo: ‘ Como é a vida, cá estamos de novo: tua vitória, minha vitória’, nesse ponto o Heitor gostou, porém, rebelde como era complementou:

 

 ‘ Um dia ainda dirás o meu nome’,

aqui se irou o Heitor: ‘Só se for para te mandar limpar o banheiro’, replicou o Heitor com grande satisfação, o que o jovem treplicou com ar de duelo: ‘ Veremos, veremos, isso é o que veremos’. 

 

Mesmo antes de se formar esse jovem

apresentou um trabalho um trabalho na área da física moderna que o consagrou. O que fez com que os próprios professores lhe solicitasse atenção. Então, este se formou já coroado. E o Heitor é que ia apresentar e discursar na entrega dos canudos.

Só que os professores, incluíram no

discurso uma resenha em especial ao ‘aluno superdotado’, qual o Heitor não poderia recusar, está exaltava os feitos e méritos do aluno que ‘...que elevou nossa faculdade e nosso Estado... e assim agradecemos ao grande Hyperion, com toda honra, com todo nosso orgulho, ao nosso aluno prodígio’, o Heitor leu aquilo e franziu a testa.

 

E no dia da entrega dos canudos, Hyperion estava na cadeira central da primeira fileira dos formandos, e tudo correu com de práxis. Mas quando chegou a parte do discurso final, o clímax; foi quando o Heitor chegou à parte intensa do discurso:

 

‘ ...Então, agradecemos, com toda

nossa honra...,nosso orgulho (aqui já vacilando), ao nosso aluno (deu uma pausa maior e suando a testa).. prodígio... (parou pôs a mão no quejo olhou para um lado, olhou para o outro lado. Olhou para o seu ‘aluno maldito’ (que veio das profundezas do tártaro). Enquanto ele da cadeira, repetia baixinho: ‘Diga meu nome, diga meu nome’.

 

 

 

                                                                                                                                O            Heitor

ergueu o braço direito, como se ele pesasse uma tonelada, mirou para o aluno premiado e disse o seu nome:

‘...Hyperion’.

 

Ele se levantou como um rebelde que

era, e quebrando o protocolo, acenou e gritou para os formando e convidados e disse: ‘Isso é muito rock n’ roll baby’, e fez um gesto como se estivesse tocando guitarra, daí seguiram-se gritos, risos e alvoroços. Foi um festaço. E olhou para o Heitor enquanto era ovacionado. E ele abriu um caminho que muitos outros seguiriam. 

 

Outro dia Hyperion, encontrou o Heitor

no pátio da faculdade, estende a mão para o Heitor que retribui e diz: ‘Quanto tempo nos conhecemos, foi um longo caminho, um homem tem que saber reconhecer seus erros, e você aquele garotinho rebelde que parecia sem futuro, hoje é o meu maior troféu.. 

 

“E ainda vou dizer ainda muitas vezes

ainda o seu nome, pois há muitas palestras que faremos que já estão marcadas, por favor, se comporte”, disse com grande satisfação. 

“Tudo bem cara, vou me comportar,

mas só se você me fizer uma coisa” “Faço qualquer coisa para conseguir isso”, replicou o Heitor, “Certo”, continuou Hyperion, “só basta você disser essas palavrinhas mágicas”, “E quais são” perguntou o Heitor preocupado, “É só você disser ‘Isso é rock n’ roll baby!’ 

Vamos lá você consegue, isso vai te

libertar cara!”. O Heitor ficou por ali tímido olhava para um lado olhava para o outro lado, e disse com ênfase: “Isso é rock n’ roll baby”, e completou, “Rapaz, e não é bem verdade, essas palavrinhas mágicas são libertadoras. Agora vamos: há muito a realizar”. Hyperion:

 

 ‘Certamente mestre, e vamos realizar,

cara já parou pra pensar numa coisa:

 

 

‘Somente os rebeldes podem mudar o

mundo, não os apáticos’.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

ÀS VEZes PARa SE TEr ASas...

 

 

 

No crepúsculo da tarde uma bela

jovem havia ido ao lago que ficava próximo da sua casa para banhar-se.  

 

Voltava, então, do seu banho natural

vestida com um belo e longo vestido azul marinho escuro, corpo esbelto e cabelos longos e negros, negros como a noite mais escura. Vinha ela andando pelo caminho quando avistou a sua direita, um clarão que a impressionou demasiadamente. 

 

Apesar do medo ela foi, adentrando o

mato, em direção ao clarão. Quanto mais se aproximava, mais rápidas eram as batidas de seu coração. O clarão já diminuíra um pouco. Ela afastava o mato com as mãos até conseguir avistar a origem daquela claridade, que a seduziu.

 

 Foi quando ela deparou-se com uma

cena que jamais havia visto e nunca mais voltou a ver: havia um homem, pelo menos ela pensou que seria, mas era algo além.  O mato havia arqueado  em torno de um homem que brilhava, mas havia uma asa em seu lado direito.  

 

No lado esquerdo havia um osso que

brotava pela omoplata daquele ser magnífico. Ele fincava suas mãos na terra e olhava para o céu, baixava a cabeça várias vezes, como se sentisse muita, muita dor. Depois cruzou os braços e ficou de joelhos e cabeça baixada.

 

Cada vez mais o osso emergia da sua

costa, ao mesmo tempo em que sangrava, começava a criar penugem naquela estrutura, enquanto a asa direita se debatia. Aquela bela e jovem moça estava tão extasiada. Não sentia medo.

 

Quando a asa esquerda se formou, ele

bateu as duas asas. Quando esse ser fantástico ergueu o pé esquerdo saindo da posição de joelhos, puxou a outra perna e se levantou. Abriu as asas e sentiu a presença da jovem e olhou para ela. A jovem estremeceu,  olhos arregalados, pele pálida. Ouviu, então, uma voz grave quase ensurdecedora:

 

“Mortal, hoje tu participaste de um

evento raro. Poucos mortais ao longo da história da tua espécie tiveram a glória de presenciar: Para se ter asas, é preciso sangrar.”

 

O anjo começou a bater as asas, que

produziam um vento intenso, que envolvia todo espaço ao redor. O mato, os galhos das árvores, e os cabelos da bela moça que ficaram em alvoroço. O anjo olhou para o céu, deu uma batida de asas, que o ergueu do chão. Deu mais uma e depois outra, quando voou em linha reta indo em direção ao céu estrelado, numa noite de luar que, de tão claro, parecia dia. Aquela jovem acompanhou tudo. Seus olhos tremiam tamanho o seu fascínio.

 

Esse evento, que durou cerca de três

horas, passou-se para a moça como se tivesse transcorrido em apenas um minuto, tamanha havia sido a sua intensidade. Os seus pais, já bastante preocupados, mandaram os seus irmãos, com o auxílio dos vizinhos, irem procurá-la. 

Primeiro procuraram ao derredor e

depois se lembraram de continuar a busca no lago. Saíram gritando pelo caminho, iluminado por suas lanternas. Passados os acontecimentos extraordinários, a jovem retornou para o caminho e foi encontrada por seus irmãos. “Irmã, o que aconteceu, estás tão pálida!” disse um dos irmãos passando a mão no rosto dela, que parecia feito de cera. 

 

“Nossos pais estão muito preocupados

contigo!” E assim, levaram-na para casa, onde se restabeleceu a tranquilidade e foram dormir. Mas ela não conseguiu, sua mente havia ficado confusa. Ela havia perdido a noção, já não sabia se estava acordada ou se estava dormindo. Se o que ela havia visto e presenciada foi uma experiência real ou se havia sido apenas um sonho.

 

Durante a semana posterior àqueles

acontecimentos, a jovem ficou dispersa, o que levou a sua mãe a lhe chamar a atenção: “Desde a semana passada, quando tu sumiste, parece que vives num outro mundo.” “Pelo contrário, mãe”, respondeu, “eu não vivo em outro mundo, mas eu sei que existe outro mundo!” “Claro! Isso eu também sei, é o mundo de Deus! Chega de jogar conversa fora, vamos trabalhar!” disse sua mãe apressadamente. Mas aquela frase, aquela frase:

 

 “Para se ter asas, é preciso sangrar. Para se ter asas é preciso sangrar.” Não lhe saia da cabeça.

 

 

Quando seu pai faleceu, num acidente

com o seu cavalo, esta filha sofreu tal qual uma viúva desamparada. Seu pai não era apenas seu esteio emocional, mas também o pilar daquela casa. Só a sua presença já a confortava, mesmo nos momentos mais difíceis, o que agora não teria mais, nunca mais. Ela chorou e lamentou-se muito. 

 

Agora as coisas iam pesar. Seus irmãos

foram tentar a vida na capital. E ela ficou com o irmão caçula e a sua mãe, já um pouco envelhecida e doente. Ela se via então com uma grande responsabilidade para uma jovem de apenas 20 anos.

 

Um dia olhou para sua mãe e seu

irmão falando veementemente: “Eu juro, eu juro que vamos sair dessa situação. Nem que eu tenho que mover céus e terra!” E lembrou-se daquele dia e das palavras do anjo, sentindo-se confortada.

Seu pai deixara para a família uma

fazenda de porte médio. Ela não deve dúvidas: “É o que tenho, é o que eu vou usar!” Ela, então, começou a plantar com seu irmão caçula. Depois contratou um ajudante, depois mais um, três, quatro... chegou a cem. A fazendinha “O Encontro com o Anjo” prosperou.

 

 

Um dia ela se apaixonou por um dos

seus funcionários, um homem dissimulado e que agredia sua antiga parceira, conseguindo enganar a jovem durante algum tempo. Mas com o passar dos anos as máscaras começaram a cair. 

 

A jovem já tinha trinta anos. Começou

pelas agressões verbais. Até que um dia ele chegou em casa irritado e começou uma discussão banal, até que num momento de fúria ilógica, ele pegou uma tesoura que estava em cima do criado mudo e lançou na direção da mulher, acertando-a em seu ombro esquerdo, abrindo um corte que começou a sangrar.

 

 

 

 

Ela não teve medo. Sentiu ódio e

ameaçou: “Dou-te duas alternativas: primeira - pega as tuas coisas e vais embora agora; segunda - chamarei as autoridades, ficarás preso e vais embora do mesmo jeito, mas pela força”.Ela disse aquilo com tamanha firmeza que não restou alternativa ao homem que não fosse ir embora naquele instante. Levantou-se e foi. Dizem alguns, foi morto em uma briga de bar.

 

No momento da partida dele, ela,

ferida e calejada pela vida, segurava seu braço ferido, enquanto ainda sangrava e pensava com pesar: “É isso, é isso... é preciso sangrar, é preciso sangrar muito!”

 

Não muito tempo depois, sua querida

mãe faleceu de doente e os seus irmãos retornaram para a fazenda, agora mais frutífera e maior. Seus irmãos e sobrinhos tiveram, então, uma vida abundante. Ela ainda se casou novamente, agora com um grande homem que a amava e a respeitava, afinal ela era uma pessoa apaixonante. Essa relação era baseada no princípio que: Sem cumplicidade não há relação que dure.

 

 

 

 

 

Mas nada, nada a deixava mais feliz e

fortalecida do que aquele encontro com o anjo. Aqueles momentos valeram por toda a sua vida. Ela viveu por muitos e muitos anos. E nos seus últimos momentos de vida, enquanto os médicos faziam de tudo para salva-la, ela, olhando para o teto, começou pronunciar estas palavras: “Desde aquele dia até hoje eu te espero. Eu vivi para este momento”. A equipe médica parou por um segundo. A cena era intrigante. 

 

 

 

O médico despertou e agiu: “Vamos

pessoal, rápido, rápido, ela já está delirando.” Ela então esticou o braço direito como se quisesse pegar na mão ou no rosto de alguém, lagrimando e sorrindo, e esticando cada vez mais a mão em direção ao teto, continuou falando: 

 

 

 

 

 

 

 

 

“Vieste me buscar, sei que foi o Grande X que ti mandou. Esperei muito, muito tempo por esse momento, minha vida inteira...  Mas...  como você disseme ser magnífico: Para se ter asas... Para... se ter asas... para... se ter asas...é preciso... sangrar...

 

 

 

 

(Biiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii)

 

 

 

 

 

 

Contos, Parábolas & Fábulas de Edson X

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

   

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Generanalise

ORIGENS DA VIDA