Contos, Parábolas & Fábulas de Edson X
Edson X Gomes:
escritor, músico-compositor (rock, MPB...), desenhista... Origem: Amazono
(Manaus-Pará), nordestino (Ceará- Rio Grande Do Norte), Brasil-Portugal,
Americano Latino
Edson X, é
um escritor na área da Ciensôfia, da
poesia e da literatura ficcional. No
campo da ciência e da filosofia: Física, Astronomia, Quântica,
biométrica, neurAnalise, metafisica,
cosmologia... faz analises, criticas, sobre os mais variados pensadores, suas
filosofias e suas teorias cientificas. Pois acredita que todo conhecimento de
tempos em tempos deve ser reavaliado para não se dogmatizar, travar o avanço
universal.
Retribua esse trabalho Contos,
Parábola & Fábulas do escritor Edson
X,
de 11-09-2022, para que ele possa
publicar na sequencia Pensamentos Sobre Pensamentos,
Retribua
o trabalho de Edson X, para que ele
possa pagar uma
editora para lançar seus livros de forma
física. Pix ciensofiaexs@gmail.com
Contato. : Kwai, You tube, Facebook, twitter e etc
Prefácio: Contos, Parábolas & Fábulas de Edson X
A Menina que
ama as flores. 12 (página)
Desgraça
alheia. 13
O Papagaio e
o Arrependido.15
O livro e o
tolo. 17
O credor. 19
Beleza
fugaz. 20
Pegue uma
taça. 21
O homem e a
água. 22
Cada um vê
de um jeito-
O atalho que
distancia tudo. 23
Inocente
bondade. 24
Definir
metas. 25
O Jambeiro.
26
O Quadro e a
força estranha. 28
O real e a
sombra. 32
O sábio e o
bruto. 33
Argumentos e
fatos. 36
O peixe que
sabia demais. 37
A mais bela.
39
A
cadela -
O mendigo e o rico. 40
O lobo e o
carneiro.41
Hoje não
fugirei. 43
O troco da
vida. 44
Sempre
casamos com alguma coisa. 45
Achamos a
Lua. 47
A aposta. 49
O homem, a
cacimba e o segredo do Universo. 51
A mulher e o
sabiá. 53
Uma chance,
apenas uma chance. 54
À todo
custo. 57
O Lenhador e
o Carvalho. 59
Branco no
preto. 62
De boca tudo
se pode. 64
A Herdeira.
66
A joia e o
mendigo. 71
Conhecidos não apresentados. 72 O mel da discórdia. 76
O homem que
desejou demais. 77
O belo no
feio. 78
Que a
natureza perdoe. 83
De quê me
vale? 85
Cadê Titia ? (só quando o destino permite). 86
A palavra
convence, mas... 88
Rei do nada.
89
Que nem
peixe. 90
Duas vezes
doido. 93
Entrai um,
sai dois. 94
Deu o cavalo
e ainda levou coice. 95
O Sincero.
96
O escravo
liberto. 102
O liberto
escravo. 103
Une ou
separa. 108
Estranha
voz. 111
A viúva que
deu vida. 112
O livro. 114
A vida
ensina. 115
Agora é
tarde. 118
Equação da
vida. 120
Vale nada.
121
O interior
por fora. 122
Hoje é teu
dia de sorte. 124
É o que se
tem. 127
Imperador –
Simples no complexo. 128
Béééééé. 129
Andorinha
teimosa. 130
Tudo de uma
vez e uma coisa de cada vez. 131
A fome dói.
133
Matou pelo o cansaço.135 Do lado de fora. 137
Nem um, nem
outro. 139
De dia é de
dia, e de noite é de noite. 141 O Sonhador do Real. 143 A mulher que não
gostava de poesia. 147
Quando o
provisório é eterno, e o terno é provisório.
150
Cavalo não
tem chifre. 152
A juventude
é curta, mas a velhice é longa. 154
As três
filhas. 155
O pior
inimigo – A cismada. 156
Uma coisa
pode ser outra. 157
Por trás da
cortina. 158
O importante
é o fim. 161
O céu
estrelado. 163
Todo mundo
mente. 165
Bem Te Vi.
167
Conflitos de
gênios. 172
Mudar para
pior. 173
Fui ali,
volto logo. 175
Nada é
nosso. 176
Gato
malhado. 178
À procura da
felicidade. 179
Instrumentista. 181
Inútil. 182
Discriminada.
185
Afetado. 188
Salvador
perdido. 189
Poder até
não mais poder. 190
A caçadora
de borboletas. 192
Medo do
escuro. 193
Apesar da morte. 194 Os sete selos. 195
Sujeira por
sujeira. 198
Preço, valor
e custo. 200
Isso é outra
historia. 203
A mulher do tesouro desperdiçado. 205
Razinza -
Raposa para quem precisa - 206
Com cabelo
ou sem cabelo. 207 Diga meu nome. 208
Às vezes
para se ter asas... 213
17 de Abril de 2022
A MENina Que AMA As FLOres
Chamava a atenção de todos como
aquela menina amava as flores. Por onde ela encontrava uma
flor que estivesse deflorando, ela a levava para casa e cuidava dela, junto a
tantas outras que já se encontravam ali. Um dia seu pai entrou no recinto
batizado por ela de “O PARaiso Das FLOres”, e a encontrou chorando. “Por que
choras minha menina linda?” Ela lhe respondeu, condoída:
“É porque a orquídea, a última flor que
trouxe para cá há dois dias, murchou e morreu.” “Mas
porque choras por uma orquídea se há tantas delas por aqui”?”Perguntou o pai
tentando lhe elevar o ânimo”. “É porque
eu amo a todas. Quando uma morre é como se todas morressem. É como se uma parte
minha fosse embora!” Seu pai, comovido com sua atitude e palavras, abraçou-a e
beijou-lhe a cabeça, sentindo-se orgulhoso de sua amada filhinha, enquanto as
flores exalavam seus perfumes pelo ar.
1 –
Devemos valorizar ao máximo as
coisas belas da vida.
2 –
Os pais devem sempre prestigiar os
bons feitos dos filhos, assim como corrigir os maus.
3 -
A beleza... não existe por si só, mas
precisa ser cuidada.
4 –
Uma injustiça praticada a um, é
uma injustiça praticada a todos, o que todos devem
temer.
5 –
Quando cada um que amamos
parte; leva um
pedaço da gente consigo.
O JARDineiro
Um homem cuidava de seu jardim
diariamente: regava, adubava, eliminava as pragas. Seu
vizinho que também cultivava um jardim chegou com este e lhe perguntou: “Por
que teu jardim é belo e o meu é moribundo?” E este replicou: “Em primeiro lugar
eu cuido da terra, depois das flores. E você só quer as flores.”
1 – Há aqueles que só querem a beleza
da vida, sem, contudo, ter que lutar por ela.
DESGraça ALHeia
Um homem andava muito triste, cheio
de problemas financeiros, mas gozando de boa saúde. Um dia
visitou uma cidade e encontrou um amigo que há muito tempo não via. E lhe
perguntou: “Como vais?” “Mais ou menos”, respondeu. “Por quê?”, retrucou. “Veja
você, sou um homem de grande fortuna, porém, de saúde precária.” E este pensou
consigo: “Vou resolver meu problema financeiro, porque saúde tenho!”.
O segundo homem em seu percurso
encontrou um amigo que também há muito não via: “Como
vais?” “Mal”, respondeu. “Por quê?” “Em mim transbordam problemas financeiros,
e me estia a saúde!” E este pensou consigo: “Vou cuidar da minha saúde porque
dinheiro tenho!”
1. Há aqueles que só se orientam pela
desgraça alheia.
O Papagaio E O Arrependido
Um papagaio aprendeu a repetir a
seguinte frase: “Sou feliz, sou feliz, porque sou um homem
afortunado.” Seu dono adorava quando ao chegar do trabalho, ouvia seu papagaio
cantar: “Sou feliz, sou feliz, porque sou um homem afortunado.” Mas os moinhos
do mundo dos negócios giram ferozmente, e num “negócio mal feito”, ele perdeu
uma fortuna, num único dia.
Ao chegar em sua casa como um
soldado ferido, lá estava o papagaio: “Sou feliz, sou
feliz, porque sou um homem afortunado.”
E melancolicamente, respondeu para o
papagaio: “Não meu amiguinho, a fortuna vem, a fortuna
vai”, disse acariciando a cabeça do papagaio, “perdi minha fortuna, assim como
também perdeste a tua.” E assim abandonou o papagaio num subúrbio da cidade.
Logo depois, ia passando um homem que empurrava um carrinho de madeira cheio de
frutas que gritava: “Comprem, comprem as belas frutas do seu amigo
Ortenato.” Quando num intervalo de uma frase para outra
ele ouviu: “Sou feliz, sou feliz, porque sou um homem afortunado”.
O fruteiro se encantou na hora pelo o
papagaio e, esticando o indicador para o papagaio
disselhe: “Venha meu amiguinho, venha, não tenha medo, dê o pé para uma grande
amizade”, e o papagaio o fez. O fruteiro o colocou no carrinho de madeira, e
enquanto este dizia: “Comprem, comprem, as belas frutas do seu amigo Ortenato”,
o papagaio completava: “Sou feliz, sou feliz, porque sou um homem afortunado.”
Um dia o primeiro dono do papagaio já
recuperando parte da fortuna que havia perdido (no
redemoinho dos negócios) foi procurar pelo seu amado papagaio, e o encontrou
naquela situação com o fruteiro, e os feirantes brincando e tirando gracejos
com o papagaio, enquanto este no carrinho de frutas esbugalhava os olhos, fazia
barulho, abria as asas e balançava de lá para cá e de cá para lá. Esperou um
momento em que o fruteiro estava caminhando sozinho com papagaio.
Aproximou-se, e explicou a situação
para o fruteiro. Este em sua simplicidade exclamou: “Se é
verdade o que dizes. O papagaio irá contigo” (e ficou muito receoso).
O primeiro dono do papagaio esticou o
indicador para o papagaio, e ele recuou, dizendo: “Sou
feliz, sou feliz, porque sou um homem afortunado.” Entristecido, disse o
homem:
“Sabes que posso requerer sua guarda,
coisa que não irei fazer. Porque amigo que é amigo, prima
pela felicidade do outro. e está claro que ele está feliz contigo. Comigo ele
tinha tudo, mas era acorrentado, e contigo ele tem o suficiente e é feliz.
Podem ir.” Com os olhos brilhando de alegria o fruteiro acenou com a cabeça
para aquele homem bem vestido, agradecendo aquele homem, virou e foram:
“Comprem, comprem as belas frutas
do Ortenato.”
“Sou feliz, sou feliz, porque sou um
homem afortunado”.
1 -
No momento de crise não deves
agir precipitadamente, para não só perder bens materiais,
como também os emocionais (amigos...).
2 -
A felicidade é um estado que pode
ser encontrada em vários estados.
3 -
O que salva a amizade é a amizade
O LIVro E O TOLo
Um
dia um
tolo caminhando,
encontrou um livro de sabedoria e disse: “Ler bem sei, mas
para que me serve um livro se tenho fome. Por um acaso vou comer papel?”
1 – O tolo não sabe distinguir que há
dois tipos de alimentos, o que alimenta o corpo e o que
alimenta a alma. Por isso vive e morre na ignorância.
O CREdor
Um dia um credor foi cobrar sua divida
de certo homem e lá chegando, seu devedor lhe disse:
“Pagar-te bem quero, mas não tenho como. Estou sem trabalhar. E o que ganho com
os ‘bicos’ que faço mal dá para me alimentar.” O credor vendo a situação
daquele homem lhe perguntou: “O que sabes fazer?
“Sou muito
bom na
arte da
carpintaria”, lhe respondeu. “No caminho encontrei uma
placa numa loja que dizia: precisamos com urgência de carpinteiro”, disse o
credor. O carpinteiro se apresentou na loja, foi contratado e pagou sua divida
com aquele homem.
1 – Às vezes para se receber uma
divida é preciso ajudar nossos credores.
BELEza
FULGaz
Uma mulher por se achar muito bela,
acreditava que a beleza bastava. E assim viveu. Quando
queria algo, bastava erguer as mãos, e logo era atendida. Tudo era fácil. Era
fácil descartar seus admiradores. Era mais difícil mudar de vestido do que
trocar seus amantes. Não trabalhava e nem se dedicava ao saber. Mas veio o
mudar das estações, o mudar das paisagens. E assim ela ficou: sem corpo e nem
cabeça.
1 – A beleza é passageira, mas a
sabedoria é condutora.
PEGue UMa TAÇa
Um
prefeito constituiu uma lei
proibindo os cidadãos da cidade de ingerirem bebida
alcoólica. Como a maioria era religiosa, a lei foi aceita facilmente. Um dia,
um cidadão que visitava outra cidade, que era um exímio amante de vinho, ao
adentrar uma bodega, encontrou o prefeito se afogando numa taça de vinho. Qual
o cidadão se colocou:
“Então é assim! Crias leis para os
outros cumprirem, mas tu não!” O prefeito respondeu
sarcasticamente: “Não observaste, aqui não é minha cidade, e aqui a bebida é
liberada. Pegue uma taça.”
1 – Há aqueles que se faz de santo em
suas casas, mas fora são o contrario. 2 – Uma lei pode
está apenas alicerçada numa questão cultural, não pragmática.
O
HOMem E A ÁGUa
Havia um homem que vivia numa área
alagadiça, e dizia: “Cansei de viver cercado de água. Não
sou peixe.” Vendeu tudo, mudou-se, e se estabeleceu numa região seca, onde
havia um poço que no verão secou. Andou alguns quilômetros atrás de água,
encontrou um poço, e quando este jogou o balde para puxar água, ouviu o bater
de uma palma. Ao olhar na direção de onde veio o som da palma, viu um homem que
lhe disse:
“Sou o dono desse poço. Se queres
essa água terás que pagar por ela.” “Dinheiro eu não
tenho”, respondeu, “Existe outra forma pela a qual possa te ressarcir?”,
retrucou. “Regar minha horta durante o verão até o inverno chegar”,
respondeu-lhe o dono do poço.
1 - Há aquele que tudo tinha, mas por
imprudência perdeu tudo, e depois tem que sofrer para
recuperar migalhas daquilo que ele possuía em abundância.
CADa
Um VÊ De UM Jeito
O cego disse: “Vejo o mar como algo
belo”. Com gestos o mudo disse: “Vejo o mar como algo
assustador”. E o surdo: “Vejo o mar como algo belo e assustador”.
1 – Tendemos a ver as coisas conforme
nossas experiências, perspectivas.
O ATALho QUe DISTANcia TUDo
Um homem sempre voltava da labuta
pelo mesmo bosque. Um dia ele resolveu ir por um atalho,
que um amigo havia indicado que, por sua vez, outro amigo deste havia indicado,
mas por onde ele mesmo nunca havia passado. Assim ele seguiu o conselho cego, e
neste caminho foi mordido por uma cobra venenosa e morreu.
1 - Não se deve pegar atalhos sem
conhecer seus perigos.
INOCEnte
BONDade
Certo dia, um homem encontrou um
filhote de elefante. Sem saber que bicho era aquele, o
levou para casa. À medida que o bicho crescia, ocupava mais espaço e devorava
cada vez mais seu pequeno bosque. Observando aquilo, o homem exclamou em tom de
tristeza: “Eu mereço, eu mereço, pois trouxe para minha casa um bicho que não
conhecia e que se revelou um tomador de espaço e glutão, apesar de ser
inofensivo.” 1 – Às vezes queremos ajudar boas
pessoas, mas no final elas se revelam ‘desinteressadas e
atrapalhadas’.
DEFINir
METas
Certo dia, um homem criou uma águia
para dar cabo com os camundongos que infestavam o seu
vilarejo. O que todos aclamaram. Porém, era um costume daquele vilarejo a
criação dos pequenos hamsters como animais de estimação. E com o tempo, a águia
passou a não distinguir os camundongos dos hamsters, e passou a devorar
ambos.
O povo revoltado disse para aquele
homem: “Veja, tua ‘salvação’ também é agora a nossa
perdição.” “Mea culpa”, replicou o homem. “Tudo isso é mea culpa. Ao passar a
missão a valente águia não lhe defini os termos: que camundongo é camundongo e
hamster é hamster.”
1 –
Devem-se passar as ordens de
forma mais clara e objetiva possível.
2 –
Quando tudo vai bem, muitos são o
que estão do teu lado, mas basta o jogo mudar, que lhe
viram as costas, ou lhe atacam.
O JAMBeiro
Certo homem possuía um jambeiro em
frente a sua casa. Incomodado com as folhas que caiam no
chão, e os jambos no telhado, resolveu cortá-lo. Um vizinho vendo aquilo chegou
a ele e disse: “Não faça isso com quem te dá sombra e frutos.” “Mas por outro
lado”, respondeu o homem, “me dá muito trabalho”.
E cortou o jambeiro. Um dia o vizinho o
viu chegando com uma sacola de jambos, que este havia
comprado na feira, e ao passar por ele, o homem exclamou: “Como estão caras as
coisas!”. Outro dia este, em frente a
sua residência, reclamou: “Está quente de rachar! Não sei o porquê, mas tudo
mudou!”
1 -
Há aqueles que só querem o lado
bom das coisas, e, acabam ficando realmente só com um
lado.
2 -
Perdeu o que tinha para ficar
sempre tendo que adquirir de outro.
3 -
Às vezes perdemos um conforto
que era nosso de forma gratuita, e que por isso mesmo não
o valorizamos.
O QUADro E A FORÇa DESCONHEcida
Uma mulher era muito conhecida num
vilarejo pelo seu temperamento calmo e educação lapidada,
não fazia distinções entre as pessoas, por isso era muito querida “por todos”.
Houvesse crise ou não, a postura era a mesma. Na sua sala de estar havia um
quadro pintado a óleo, que fora pintado por seu falecido marido, o qual ela
“não dava e nem vendia”, que tinha o seu outrora belo e jovem rosto, que exalava paixão pela a
vida.
Um dia dois homens invadiram sua
casa enquanto ela levava suprimentos para uns
desabrigados. Ao retornar e encontrar a porta encostada pensou que havia se
esquecido de trancá-la. Mas na medida em que ela ia abrindo a porta, foi
percebendo a ausência do quadro. Em seu rosto se acentuava a marca da
perplexidade, e disse para si mesma: “Somente duas coisas não poderiam tomar de
mim: minha vida e esse quadro. E quem fez isso mexeu com uma força desconhecida.”
A
partir daí o povo do vilarejo viu uma
mulher obcecada em recuperar aquele quadro. A premissa
dela é que o quadro havia sido vendido a algum colecionador de obra de arte.
Tendo em vista que muitos já a haviam visitado, para admirá-lo, ou para
adquiri-lo. Ela estava tão concisa nessa ideia que se esquecia de cumprimentar
ou de retribuir os cumprimentos, não por grosseria, o que não era típico dela,
da sua educação, mas era que às vezes, ela nem os via ou os ouvia. Já não
visitava mais os necessitados, e mandava outros entregarem seus mantimentos e
agasalhos. Nas ruas já comentavam que ela ‘havia mudado’.
Ela
pagou ‘arapongas’,
detetives,
prometeu recompensas, espalhou panfletos, acionou as
autoridades. Certo dia uma mendiga de uma cidade vizinha, perambulando por uma
rua do subúrbio, parou para comer, sentou em frente de um barraco e ouviu dois
homens conversando: “E agora, não temos como sair com esse quadro daqui. Esse
assunto está muito visado, todos comentam.” O que o outro respondeu: “Vamos
esperar mais dois dias, depois nos livramos da prova do crime, não conseguimos
vende-lo.” “Não. Vamos queimá-lo logo”, replicou o outro. A mendiga ouvindo
isso e olhando por uma fresta, viu o quadro e não teve dúvida, era o quadro que
ela tinha visto num panfleto do poste da praça pública, e que ela havia
arrancado. Ela procurou o panfleto em sua bolsa rasgada e suja e encontrando-o,
visou o endereço e foi até lá.
A mendiga conseguiu encontrar a dona
do quadro, conforme estava no panfleto, e informou-lhe o
ocorrido. Está acionou as autoridades que prenderam os homens imediatamente. E
a mendiga teve a vida mudada.
No dia do julgamento, a dona do
quadro, já aliviada pela a recuperação do seu ‘bem-maior’,
estava firme, impassível. Depois dos procedimentos, o juiz explanou à dona do
quadro:
“Em nossa lei temos o termo meio-
perdão. Esse termo implica que, se a senhora optar por
este, os réus irão para um reformatório, onde trabalharão, e o que produzirem
será para a comunidade, e a noite eles dormem nas celas. Ou a senhora pode
optar pela condenação propriamente dita, onde eles cumprirão a pena em regime
fechado.”
Os que acompanhavam o julgamento,
que a conheciam de longa data, pensavam que ela optaria
pelo ‘meio-perdão’. Mas para surpresa de todos, ela solicitou o regime fechado
e complementou:
“Se eles, para vocês, estão sendo
julgados pela infração de furto. Eu os julgo por...
tentativa de homicídio.”
1 –
Muito cuidado ao mexer com forças
desconhecidas.
2 –
há coisas que para nós têm valores
incalculáveis, e por elas nos mantemos de pé, vivos.
O
REAl E A SOMBRa
Um periquito, certo dia,
olhando sua sombra na parede pensou: “Amanhã vou desafiar
o gavião real, e mostrarei quem é o rei dos ares.” Um amigo sabendo disso
correu-lhe ao encontro: “Estais louco, és um periquito, não uma águia”. “Não
julgueis pela a aparência”, retrucou. “Não é uma questão de aparência, mas de
juízo. Com teu porte não há como vencer o gavião real, mesmo que ele lute
deitado”, completou.
O que respondeu o periquito valente:
“O destino dos audazes é se sobressair”, o que o amigo complementou: “E dos
cegos de entendimento é cair.” “De que me serve um amigo que não acredita em
mim”, disse o periquito afetado. “Um amigo”, disse-lhe, “também serve para nos
mostrar as limitações de nossas crenças, para mostrar-lhe que, isto é real e
aquilo é sombra.” “Até mais”, disse o periquito, e completou: “Meu amigo
descrente”, e foi. Não voltou mais. Foi morto.
Seu amigo cuidou com todo carinho do
seu velório e, com grande pesar, repetia: “Eu te disse, eu
te disse! Eu não te disse!?”
1 – Há a realidade e as sombras, é
preciso distingui-las: o vento pode mudar as coisas do
lugar, mas você não pode apalpá-lo.
O
BRUTo E O SÁBio
Um homem por
ser
alto e forte achava-se o “Invencível”, porque,
principalmente na cidadela onde residia, as pessoas na grande maioria, eram de
estatura média ou pequenas. Certo dia, um filho desse povo, que havia saído ainda
muito jovem daquela cidade para estudar no exterior, retornou.
O bruto passou a se incomodar com
esse ‘filho do orgulho’, principalmente porque o povo
passou a chamá-lo de ‘Mestre’ (mesmo contra a sua vontade). O bruto quando o
via passar o cutucava: “Mestre. Só se for mestre de nada”. Ou ainda chamava-o
de ‘forasteiro’, ‘pigmeu’, ‘banquinho’.
Alguns
amigos chegavam
com o
insultado e lhe perguntavam: “Por que tu deixas o Mamute falar
assim contigo. Se tens o poder e não o usas perdes a virtude. Tu és um símbolo
para nós, não nos decepcione.” “Cada um vive por si e morre por si mesmo”,
rebateu o pequeno mestre.
Quando faltava uma semana para o
pequeno mestre voltar para o país onde estudava, ao passar
pela rua onde o Mamute morava, este repetiu: “Mestre. Só se for mestre do
nada”, e concluiu, “Eu te desafio para um embate, tens um corpo atlético creio
que suportas um minuto comigo no tatame” (O Mamute tinha uma academia onde gerava
mais mamutes).
O jovem mestre replicou: “Covarde e
ignorante é aquele que mesmo sabendo da fragilidade do
inimigo o agride e o humilha.” “Não me importo”, disse o mamute, “quero quebrar
tuas costelas”, e avançou. Ao tentar golpear o jovem mestre, este o golpeou de
várias formas, e depois, o imobilizou, e disse: “Nenhum homem tem o direito de
atacar, mas todo homem tem o direito de se defender.” E as pessoas que
acompanharam aquele acontecimento, admiraram muito mais ainda aquele homem,
filho da terra.
O Mamute não se deu ao trabalho de
pesquisar que tipo de mestre era o ‘jovem mestre’. Ele já
tinha vários graus num determinado ramo das artes marciais. Enquanto o Mamute
usou a brutalidade ele usou a técnica, era como se o Mamute tivesse perdido
para ele mesmo, pois ele usou a força dos golpes do Mamute contra ele mesmo e o
derrotou legitimamente. O Mamute envergonhado mudou-se até da cidadela, e nunca
mais a incomodou, com sua intempérie. Enquanto que o ‘jovem mestre’, virou
símbolo daquele lugar, onde fundou uma academia onde se formava sábios.
ARGUMentos
E FATos
Uma mulher passou a fazer regime por
conselho das suas amigas, pois já se encontrava muito
acima do peso. Quando ia para almoços e festejos com estas, comia o mínimo
possível, coisa que suas amigas gabavam, e diziam: “Isso! É com força e
perseverança que se consegue as coisas.” Porém, passados três meses, ao invés
da mulher ‘diminuir’, ela aumentava. Suas amigas decepcionadas chegaram com
esta, protestaram: “Como argumentar contra os fatos. Por um acaso podes
engordar comendo vento?”
1 – Pode-se alimentar uma mentira até
certo ponto, mas não em todos os pontos. Um dia os fatos
se revelarão e a luz da verdade iluminará as trevas da mentira.
O
PEIxe QUe SABia DEMais
Um dia um peixe se invocou com um
pescador. De tanto ver seus amigos e parentes pescados por
aquele homem. “Mas como um peixe pode vencer um pescador?”, ponderou o peixe,
filosofando. O peixe chamou sua amiga arraia e explicou a situação. A arraia
também já havia perdidos vários dos seus para aquele pescador, e topou ajudar o
peixe em seu intento.
Quando o pescador apareceu o peixe
avisou a arraia. O peixe pegou o anzol e o engatou num
tronco de uma árvore num canto raso, porém, escuro do rio. O pescador só estava
com aquele anzol e, resolveu arriscar, desengatar o anzol, e ao dar uns passos
pisou na arraia e levou uma esporada no calcanhar, e este passou 24 horas
sentindo tanta dor que suava. O peixe pensou: “Livre estou do perigo.
É bom ter certos inimigos, outros não.” Passaram-se alguns
dias, e o pescador retornou, agora com óculos e fisga coisa que até então nunca
fizera. Mergulhou no rio, encontrou a
arraia que tentou fugir desesperadamente embaixo de uns
galhos, mas mesmo assim o pescador era experiente e a fisgou.
O peixe pensou: “Meu inimigo voltou,
e voltou mais forte do que antes. O mal que lhe causei o
fortaleceu. Para um adversário poderoso é preciso ter vários estratagemas.” O
peixe foi então com o crocodilo e lhe explicou a situação. O crocodilo se pôs
embaixo de um serrado debaixo d água, próximo a margem do rio e esperou.
O pescador chegou e começou a
pescaria. Um tempo depois, como o sol estava escaldante,
resolveu tomar um banho. O crocodilo avançou sobre ele e o arrastou para o
fundo do rio. E o peixe se sentiu aliviado: “Foi um grande adversário, mas
sinto-me mais seguro sem ele.” Alguns adversários querem competir conosco, mas
outros querem nos destruir. E ter bons aliados é de fundamental importância.
A MAis BELa
Havia uma mulher que se colocava
acima das outras. Pois era considerada a mais bela daquela
região. Um dia chegou uma mulher de outra região para aquela localidade que era
mais bela do que a primeira. À medida que o tempo passava aquele povo tanto
admirava aquela mulher por sua beleza exorbitante, como também por sua pessoa,
educada e zelosa no tratar com estes.
A outra, que agora
era a segunda,
passou a espalhar boatos sobre aquela mulher, para
desqualificá-la. E em contrapartida ouviu: “Isso é o que tu dizes, mas não é o
que vemos.” Vendo que a pedra lançada, voltava em sua direção, foi de encontro
aquela mulher. Conversaram longas horas, e se transformaram em grandes amigas.
E as duas foram admiradas e amadas pelo aquele povo.
1 –
Quem busca a gloria a todo custo
pode ser por ela devorado.
2 –
Às vezes é preciso dividir, para não
se destruir.
A CADela
Um cachorro tinha o hábito de difamar
as esposas dos outros cachorros. A cachorra de fulano é
isso e a de sicrano aquilo, mas a dele era justa e única. Mas um vira-lata que
a todos conhecia pensou: “Aquele fala do que não vê: aquele cachorro não sabe a
cadela que tem em casa.”
O
MENdigo E O RICo
Um
homem se compadeceu de um mendigo e, tentou ajudá-lo,
tirando-o daquela situação. Depois de três tentativas, o mendigo sempre voltava
para as ruas. O bom homem perguntou-lhe: “Porque trocas a bonança pela
escassez? ”É porque não encontrei felicidade na primeira. E mais, passa-se
tanto tempo na miséria que acaba por se acostumar com ela”, respondeu o
mendigo.
“E por que não me falaste logo?”,
questionou o bom homem. Disse o mendigo: “Por que és um
bom homem, não queria magoá-lo. Porém agindo assim o magoei mais.”
1
– É muito
difícil tirar uma pessoa de uma situação, quando está não
se esforça, ou que realmente não quer sair da mesma, já está adaptado a ela,
mesmo que seja uma situação ruim.
2
– Há lugares que não queremos mais
voltar ali, mesmo que seja um lugar ‘maravilhoso’.
O
LOBo E O CARNeiro
Um lobo e um
carneiro foram criados juntos numa fazenda. Quando estes
estavam adultos resolveram fugir dali, e assim fizeram. Pelo meio do caminho
eles encontraram um rebanho de ovelhas. E estas questionaram: “O que faz uma
ovelha com um lobo? Somos naturalmente separados. A água não se mistura com o
fogo.” O lobo disse: “Vamos”, e os dois prosseguiram. Mais adiante encontraram
uma matilha. Os lobos questionaram: “Desde quando o carnívoro faz acordo com a
carne?” (mas por respeito ao lobo a matilha não atacou aquela ovelha, amiga do
lobo). A ovelha disse: “Vamos”, e foram. E foram amigos por toda a vida, a
ovelha cuidava do pasto, e o lobo protegia a ovelha dos predadores.
1 –
O que o preconceito separa a
amizade une.
2 –
Se um instinto natural não pode ser
eliminado, pelo menos este pode ser domesticado.
3 –
Os opostos são complementares.
HOJe
NÃo FUGIRei
Uma mulher vivia fugindo de outra.
Pois esta fora ameaçada pela outra, por causa de ciúmes infundados, em relação
ao seu esposo. Algumas pessoas chegaram com esta e lhe perguntaram: “Se és
muito mais forte do que ela, por que foges? Só uma braçada que deres nela, ela
não voltará para a segunda. Se és inocente por que te submetes?” A mulher
refletiu um pouco e disse: “Sim, sou inocente, e sou muito mais forte que ela.”
Um dia sua “rival” a encontrou na rua e disse: “Hoje não fugirás.” O que ela exclamou: “Hoje não fugirei! Porque
não preciso fugir.” A ciumenta se espantou com sua atitude e palavras. Mas
mesmo assim foi. E foi desmoralizada perante o povo. E nunca mais mexeu com
aquela mulher que teve sua honra restituída.
1 –
Às vezes não sabemos a força que
temos até que alguém venha nos dizer, ou nos enfrentar...
2 -
Às vezes é preciso é preciso lutar
com ‘dentes e garras’ para se ter a honra, a dignidade
mantida ou restituída.
O TROco (Da VIDa)
Um galo
metido a galanteador gostava de atacar as filhas dos
outros galos. Enquanto isso a sua filha crescia, ficava mocinha. Agora o galo
galanteador estava com medo que os outros galos fizessem o mesmo que ele fazia
com a filha daqueles.
Todos os chamavam de pai zeloso,
aonde quer que a filha fosse ‘Ia deixar, ia pegar’. Mas na
verdade era o medo que o fazia agir assim, já com o filho o tratamento era
diferenciado, este podia fazer o que quisesse, o que o fazia às vezes pensar:
“Será que o pai gosta mais dela do que de mim?”
Mas o que este pai hipócrita não
percebeu é que ele podia defender a filha dos outros galos
iguais a ele, mas não dela mesmo, sendo que esta gostava de galos mais velhos.
E quando ela achava uma brecha, ela realizava seus sonhos no pesadelo do pai. E
enquanto este se preocupava em demasia com aquela, seu filho fazia cada vez
mais coisas erradas.
1 – Às
vezes recebemos pelos nossos
filhos, o mesmo que fazemos com o filho alheio. 2 – Às
vezes cuidamos tanto de um filho que perdemos o outro, ou, ambos...
SEMPre CASAmos Com ALGUma COIsa
Uma jovem chegou com uma sábia e
lhe perguntou: “Mestra, quando devo casar-me?” “Quando
cansares da solteirice”, respondeu a sábia. “E quando perceberei que estou
cansada de ser solteira?” A sábia respondeu: “Quando quiseres ir à diversão
acompanhada, se não, não case”, e riu suavemente, e completou: “Quando quiseres
dividir tua vida com outra pessoa, case. Dividir as alegrias e tristezas de
outra pessoa, assim como as tuas, case. Se quiseres dar explicação da tua vida,
como pedir da vida de outro, case. A equação do casamento é somática e
divisória.” A jovem retrucou: “Então, mediante a isso, é por isso que nunca
casaste?”
“Sempre casamos com alguma coisa”, disse a sábia, “eu casei
com o saber. E vivo a alegria e a tristeza desse casamento. Durmo e acordo com
ele.” A jovem olhou com grande admiração para aquela mulher e, agradeceu
segurando as suas mãos, e saiu pensando: “Sempre casamos com alguma coisa.
Sempre casamos com alguma coisa. Eu já sei com o que quero casar”, e saiu
saltando de alegria pelo o caminho, que atravessava um belo bosque.
1 –
É sempre bom tomar a opinião de
pessoas experientes, antes de se lançar a uma empreitada.
2 –
Ter um objetivo claro e definido.
3- Saber esperar, e se preparar, para o
momento da conquista...
ACHAMos
A LUa
Um inseto saiu da mata à boca da
noite, e viu a luz de um poste pela primeira vez. E começou a rodopiar em volta da luz. Um
outro inseto vendo aquilo, fez o mesmo, e assim imitaram outros, mais e mais.
Dezenas e dezenas de insetos ficaram rodopiando a lâmpada e diziam com grande
euforia: “Finalmente achamos a Lua, achamos a Lua!”
De tanto rodopiar em torno da ‘lua’,
muitos começaram a ficar cegos; outros de tão cansados
começaram a cair. E poucos restaram à medida que ia amanhecendo e a
luminosidade ia se ‘acabando’, até que cessou de vez. Os remanescentes olharam
uns para os outros; e um deles disse: “Voltemos para mata, de onde nunca
deveríamos ter saído. Encontrar a ‘Lua’ foi uma grande ilusão.” E se foram.
1
– Nunca sair de um lugar conhecido
para um lugar desconhecido, ao menos que seja realmente
necessário.
2
– Não imitar o que os outros fazem
sem saber realmente o porquê.
3
– Não achar que a luz do poste é a Lua: não ache
que uma coisa é uma coisa, quando está é outra coisa.
4
– Ao detectar o erro, corrigi-lo
imediatamente, para evitar assim seu crescimento...
A APOSta
A tartaruga apostou corrida com a
lebre. A lebre na certeza que ganharia facilmente aceitou.
“Então, amanhã às nove horas, venha e apostaremos nove mil contos”, falou com
firmeza a tartaruga, “que, claro, ganharei” completou. A lebre riu e disse: “É
claro que ganhará. É claro como o belo céu que está fazendo agora.”
A tartaruga foi para a casa, lá chegando
foi para sua oficina, e construiu uma armadura que podia
segurar seu peso, o que lhe dava mais mobilidade. Na hora marcada a tartaruga
chegou andando ereta, a lebre estranhou, mas pensou consigo mesma, com certo
grau de contentamento: “Isso só lhe acrescenta mais peso.”
Deram a partida. Em pouco tempo a
lebre ganhara uma boa dianteira. Mas quando tartaruga
conseguiu se adaptar melhor à armadura ultrapassou a lebre e venceu.
Agora quem ria era a tartaruga: “Vim,
vi, lutei e venci. Bem, venci, dai-me o justo prêmio.” A
lebre fazendo cara de afetada disse: “Não lhe darei, porque ganhaste
injustamente, com esse teu sobressalente.” “É”, falou a tartaruga, “no começo,
sabendo que sou um animal lento por natureza, aceitaste a aposta de bom grado.”
1
– Há aquele que só quer competir de
forma injusta.
2
– Ninguém gosta de provar do
próprio veneno.
O HOMem, A CACIMba E A ORIGem DO
UNIVERso
Um homem andava por uma região
árida e deparou-se com um homem bebendo água numa cacimba.
Aproximou-se e perguntou: “É boa essa água?” “Sim, é”, respondeu o outro homem.
“E qual é a origem dessa cacimba?” perguntou.
“Do solo!”, respondeu-lhe o homem. “E
esse solo, é um bom solo?”, perguntou novamente. O homem já esquentado por
tantas perguntas retrucou: “Escute. Do jeito que estás indo com estas
perguntas, chegaremos a origem o Universo. Uma coisa é certa, se não beberes
dessa água, morrerás de sede, pois a
próxima vila, fica a quilômetros de sol escaldante daqui.”
O perguntador bebeu a água, encheu
seu potinho. E ainda teve a companhia do outro homem, que
ia à mesma direção daquele. E assim os dois foram falando sobre a origem do
Universo.
1
– Primeiro às coisas viáveis, depois às
improváveis.
2
– Não
perder tempo
com
pormenores quando há coisas urgentes a fazer.
3
– No muito discutir, perdemos
grandes amizades...
4
– depois da flechada a cura, no
procurar saber a origem da flecha, o tipo de arco e etc.,
o sangue terá se esvaído todo e...
A
MULHer E O SABIá
Uma mulher criava um sabiá desde
filhotinha. Mas ela
a criava livre, solta pelo ar. Quando cresceu, de inicio só ficava dentro de
casa, depois, casaquintal, para depois dar pequenas escapadas, que
gradativamente foram aumentando o tempo entre uma escapada e outra. Até não
mais voltar. Sua criadora pensou: “Deve ter construído seu primeiro ninho: amor
para ficar, amor para partir.”
1 –
A vida segue seu rumo.
2 –
Aquele que ama deve renunciar o
sentimento de posse.
3 –
Ninguém é obrigado a ninguém.
4 –
Criamos e educamos nossos filhos
para estes encararem o Mundo, por que: Nada é nosso só
está conosco.
UMa CHANce, APENas UMA CHANce
Um jumento ao saber que um leão
havia atacado outros jumentos, se invocou e disse: “Ao
leão vou derrubar”, falou estas palavras com toda a força do mundo. Seu amigo
ouvindo isso lhe disse: “Ponha-te no teu lugar. És um jumento, e ele, um leão,
o animal mais temido da região. Que apesar de não ser meu rei, dizem
que é o rei da floresta.”
“Ninguém”, disse o jumento valente, “é forte o suficiente que não tenha
um ponto fraco ou mais.” “Concordo, mais não vou apostar nisso”, replicou o seu
amigo, “já vi um leão derrubar um búfalo grande na patada. De inimigo muito
poderoso é melhor manter uma certa distancia. Vamos embora daqui, é mais
prudente”, completou. Treplicou o jumento valente:
“De onde viemos, não dá mais para
voltar, lembra-te que a escassez nos arrasou. Voltar para
lá é encontrar a morte certa. Aqui pelo menos temos uma chance.”O seu amigo
disse-lhe: “Não delira, aqui seremos devorados pelo o leão.”
O jumento valente respondeu-lhe: “Se
uma chance tenho, uma chance vou usar. Venha comigo.”
O amigo aceitou, mas completou: “Vou,
mas vou ficar observando do alto de um monte.”
E assim fizeram. O jumento valente ao
avistar o leão chamou-lhe a atenção: “Oh leão! Oh leão!
Venha pegar tua refeição!” O leão vendo aquela ação tresloucada, pensou:
“Assim fica mais fácil”. E começou a
andar em direção ao jumento, na medida em que o leão ia
dizendo: “És um sem juízo, achas mesmo que tem uma chance contra mim?” “Eu
tenho, eu tenho”, pensou o jumento enquanto o seu sangue começava a ferver,
“mas também é só uma chance. Se eu falhar, serei devorado em questões de
minutos.” E seu amigo observava aquela cena, aflito e com o coração na mão:
“Que loucura é essa!”
O leão começou a andar um pouco
mais rápido. Mas o jumento queria que ele corresse. Então
começou a correr para forçar o leão a correr. Quando o leão começou a correr
cada vez mais rápido, o jumento calculou um tempo para a sua chegada, e parou
virado de costas para o leão, e deu uma olhada para trás (a boca do leão
babava). E pensou:
“Só
mais um
pouco, mais um
pouquinho...
Agora!” O jumento lançou seu quadril no ar, e puxou as ancas para a
dianteira, e quando o leão saltou para dar o golpe fatal, o jumento deu-lhe um
coice, com tanta força, mais com tanta força, que os seus cascos quase racham,
e os cascos dianteiros afundaram no solo, nem ele sabia que possuía tanta
força. O leão voou dando um giro com a cabeça para trás, girando sobre o seu
próprio corpo e, caiu, tremendo no chão, e entre espasmos, morreu. E a chance
foi usada.
Seu amigo desceu o morrinho correndo
e estupefato, e olhava para o leão morto e para o jumento,
para o jumento e para o leão morto,
disse eufórico: “O que vi hoje nunca mais verei na minha vida.” “Esses
são os nossos momentos”, disse o jumento valente, “mas se aconteceu uma vez,
pode acontecer outra vez. Mas espero nunca mais ter de passar por isso, pois, a
tensão quase me matou. Venha vamos viver o momento da nossa liberdade!” E
foram.
À
TODo CUSTo
Uma passarinheira viu um ninho de
curió no alto de uma mangueira. Desejou-lhe tê-lo a todo
custo. Subiu na árvore. E chegou ao galho onde estava o ninho. Então, começou a
caminhar em direção ao seu ‘ninho de ouro’, se sustentava com o braço esquerdo
segurando o galho de cima e esticava o braço direito para apanhar o ninho.
Quando esta segurou o ninho, já com o
coração palpitando de alegria, o galho que ela estava
segurando, rachou, e ela despencou das alturas, batendo de galho em galho, caiu
no chão, falecida, mas ainda segurando o ninho na mão, e com os filhotes caídos
ao redor, também sem vida. Quando a mãe curió chegou e constatou aquele quadro
terrível, seu canto triste ecoou pela a floresta.
1
– Desejo cego pode afetar aqueles
que amamos.
2
– Deve se saber onde se está
apoiando, se o galho é forte, se o galho é fraco, ou se
está rachado.
3
– Não ferir a carne nossa. Ou a alheia,
com nossos desejos mal calculados.
4
– É triste perder aquilo, e aqueles
que amamos.
O LENHADor E O CARVALho
Um lenhador morava próximo de um
grande carvalho. Era o maior daquela região. Pensando em
‘fazer seu nome’ entre os lenhadores, resolveu cortá-lo. Deu uma machadada,
duas três... Chegou a um quarto de corte
no tronco do carvalho, se sentiu cansado pois já era “boca da noite”. “Não há
risco de cair, amanhã termino. E ao terminá-lo chamarei os meus amigos e
rivais, uns para me admirar e outros para morrer de inveja, onde ouvirei
elogios legítimos e elogios forçosos.”
Só que este empolgado fez o corte no
carvalho de maneira que, se ele viesse a cair, cairia em
direção a sua casa, e a atingiria.
De
madrugado veio uma chuva
violenta, tão forte, como nunca se viu naquela região. O
carvalho cortado balançava, mas não caia. Mas, outro carvalho já muito velho,
com partes das raízes secas e podres, balançou, balançou, e caiu. E foi em
direção ao ‘carvalho dos sonhos’ do lenhador. Que dormia em profundo sonho e
delírios sobre a ‘derrocada do grande carvalho’.
Quando o carvalho velho caiu sobre o
‘carvalho dos sonhos’, somou-se a energia da forte chuva, e a fragilidade do
corte que este havia sofrido, e foi arriando, arriando, em direção a casa do
‘sonhador lenhador’. E enquanto seu mundo acabava, ele sonhava, sonhava e
sonhava com seus ‘dias de glória’. Quando o carvalho bateu no telhado da sua
casa a grande velocidade, ele se espantou e tudo desabou sobre ele. E ele
morreu.
No
outro dia a noticia correu pelo o
vale. Seus amigos e rivais foram até a casa do lenhador.
Os amigos lamentaram a perda do amigo, e o que foi pior com um destino tão trágico e irônico. Um jornal
local noticiava: ‘Lenhador morto pelo carvalho’. Outro:
‘A
Vingança do Carvalho’. Outros
tratavam o nefasto de forma sátira: ‘Morreu com carvalho
na cara’, ‘Se perdeu para o carvalho vai ganhar de quem’. Os amigos do lenhador
ficaram indignados com esta forma de tratar sobre o triste destino do amigo,
mais os rivais, riam e riam. O funesto acabou virando piada no vale.
Mas
com o passar do tempo até os
próprios amigos do lenhador, faziam piadas e cânticos
sobre o sinistro que aconteceu com o lenhador:
Quem foi, quem foi
Que perdeu para o carvalho Sem
sentir dor.
Foi aquele ‘bafento’
Foi aquele ‘bafento’
Do lenhador.
(Outra)
Eu estava lá,
tranqüilo
Tranqüilo sem pensar em nada
Quando dei por mim
Na cara me veio a ‘carvalhada’
(Batiam as taças e riam) BRANco No PRETo, PREto NO BRANco
Um
cisne branco nunca havia
encontrado um cisne negro. Mas quando encontrou um ficou
maravilhado e invejou sua cor. Tentou de várias formas ficar com os cisnes
negros. Até que um dia encontrou uma árvore que tinha uma casca rompida, de
onde emanava um liquido viscoso e escuro: “Encontrei o que tanto procurava.”
Assim o fez e escuro ficou. Nesse dia saiu do grupo dos cisnes brancos e entrou
no grupo dos cisnes negros.
Mas sua alegria só durou um dia e
meio. Quando no meio do outro dia começou a chover
relativamente forte, a tintura das suas penas começou a escorrer, o deixando
branco novamente, e a mascara caiu. O líder dos cisnes negros perguntou:
“Por que nos enganastes?” “Por que eu
queria tanto ser um de vocês!”, respondeu. “Tem coisas que
nunca seremos, e não adianta forçar a situação”, aconselhou o líder dos cisnes
negros. “Mas tem coisas que só aprendemos a duras penas”, rebateu o cisne
branco. “Agora vá e rogo para que os teus te recebam bem”, disse o austero
líder, “se não, não serás bem vindo nem aqui e nem lá. Não serás nem um cisne
negro e nem um cisne branco, porque aquele que não tem caráter perde tudo.” DE
BOCa SE PODe TUDo
Um rapaz se julgava o conquistador das
moças daquele vale. Mas alguns amigos se invocaram e foram
pesquisar. Pois nunca o tinham visto com uma mulher. E aonde quer que fossem
nenhuma alma viva sabia um pedacinho de coisa sobre aquele ‘conquistador’.
“Tens como provar de alguma forma sobre as tuas audazes aventuras
amorosas?”
“Minha palavra basta”, retrucou, “Mas
é que tuas palavras não batem com os fatos, não há sequer
indícios que sustentem tuas afirmações. Não és conhecido nem entre as ‘mulheres
das esquinas’. E se enchendo de marra e pose, se defendeu: “É que galo que é
galo come em outros galinheiros, e tem boca de túmulo.” Eles olharam já
passando total descrédito em relação a este:
“Sabemos, sabemos”, disseram. E este
caiu em descrédito, e, para piorar a sua situação, os
boatos que correram sobre este deixaram as moças daquele lugar desconfiadas com
o ‘conquistador de araque’, que poderia ser do tipo de ‘galo que cisca no
galinheiro alheio, e depois ‘espalha o milho para todo mundo’.
1 –
Não adiantar alimentar uma fama
que não se pode provar, se for falsa uma hora cairá, por
exemplo, dizer que é um escritor, sem nunca apresentar um livro.
2 –
Alimentar uma fama que no início
parece boa, mas que no final pode te prejudicar...
A HERDEIra
Uma
mulher recebeu uma boa
herança, que seu pai recém-falecido lhe havia deixado,
pois era filha única. Assim passou a ter
grande prestigio naquela cidade, pois era herdeira de um grande bem, e de um
grande homem. Um dia ouvindo alguém a bater na porta, como estava passando ali
próximo da porta, resolveu pessoalmente atender. Ao abrir a porta deparouse com
uma mulher: “Pois não”, disse, “em que posso ajudá-la?”.
E a mulher com os olhos alegres disse: “Há
anos te procuro”, a herdeira olhou assustada para aquela visitante e perguntou:
“Por quê?” “Por que eu sou tua irmã. Tu és a única irmã que tenho em todo esse
vasto mundo. Hoje configura-se um dia de extrema felicidade para mim.”
A herdeira ficou paralisada durante
alguns segundos e rebateu veementemente: “És louca mulher,
sou filha única!” A mulher entendeu a situação e falou tranquilamente: “Não és
mais. Deverias ficar alegre, assim como estou.” Mas a bem da verdade nesse
momento a herdeira só pensava na sua herança, e, no prestigio que isso lhe
propiciava, e respondeu asperamente, em tom alto: “Vá embora daqui, e não volte
nunca mais, sua aventureira, exploradora da dor alheia!” E bateu a porta com
força ‘no rosto’ daquela elegante e bela mulher, que estava ali audaciosamente
dizendo que era a sua irmã.
Mas
esta continuou ali, e ela abriu a
porta novamente. “Qual”, disse a herdeira furiosa “a parte
do ‘Vá embora e não volte nunca mais’ você não entendeu?” “Peço-lhe”, disse-lhe
a mulher, “que me ouça durante um segundo.”“Já lhe dei tempo demais, sua
oportunista, pilantra!” E lhe bateu a porta novamente na sua ‘cara’. E aquela elegante mulher se retirou com mais
algumas pessoas que lhe acompanhavam. Enquanto a outra fitava a vista nela indo
embora: “É cada uma que me aparece”, pensou.
Um dia
depois veio um cavaleiro lhe
entregar uma intimação, para reparação de herança. Ela
recebeu e pensou: “Isso já está indo já um pouco longe demais. Mas vou lá
desmascarar essa farsante e ainda colocá-la na cadeia.”
Ao chegar ao tribunal, viu que as
pessoas que lhe acompanhavam no dia em que a visitara,
estavam ali para servir de testemunhas a favor da ‘oportunista’. E agora bem mais calma observou bem para
aquela mulher, que ela era bem mais parecida com o seu pai do que ela mesma, o
que lhe atiçou a curiosidade. Os juízes abriram o julgamento. Assim os
advogados de ambos os lados foram para a arena.
Os advogados de defesa provaram
através de cartas e quadros (de família), que a mãe da
requerente teve um relacionamento com o pai da herdeira. E que a distancia
entre eles se deu mediante a uma guerra que ouve naquela região. O que obrigou
mãe e filha a fugirem dali, para uma região distante da área de conflito,
conflito este que durou vários anos.
E nessa região, foi descoberta uma
mina de diamante. Que tornou a mãe da requerente a pessoa
mais rica entre várias colônias. E quando a mãe desta conseguiu descobrir onde
o seu amado marido estava ela teve o infortúnio de descobrir que o mesmo já era
casado e, para não desonrá-lo, evitou o contato. A requerente levantou da
cadeira e disse: “Vim aqui atrás de uma irmã, e encontrei uma gralha. Vim
aumentar minha família e me senti diminuída.
Meu
coração quase explodiu quando
avistei a casa de meu amado pai, e saber que ali habitava
a minha irmã, um ser que já amava, mesmo
sem a conhecer.
Lamento
muito, pelos meus amigos
magistrados, que se encontravam comigo nesse momento, que
se firmou como o momento mais infeliz da minha vida, que não se comparou nem
aos momentos terríveis que tive ao lado da guerreira de minha mãe, fugindo da
guerra que assolava nossa colônia, e da miséria que enfrentamos depois disso,
porque o amor nos confortava. E foi isso que vim buscar aqui, o amor
reconfortante, o amor reconfortante de uma irmã, e abraçá-la, assim como uma criança
abraça seu travesseiro macio.”
“O que
tem a dizer a acusada?”,
perguntou o juiz. “Houve um erro, admito”, ponderou a
herdeira, “Fui precipitada. Ceguei-me para outras opções. Quando me disse que
era minha irmã, isso eclodiu em mim como uma ofensa, uma ofensa contra o meu
digníssimo falecido pai, que há pouco tempo, havido partido da terra dos
homens, para o outro lado.
Ela
distorceu uma imagem que tinha
dele, como um leal marido e pai presente, a pessoa que
mais admirei na vida. É verdade que ele às vezes viajava muito, passava um bom
tempo fora. Mas nunca
pensaríamos isso dele.”
“Bom”, disse o juiz, “concluímos a
sessão. E não há dúvidas que a requerente é filha e como
tal, herdeira do falecido.” E, olhando para a acusada irmã, completou: “A
requerente não só entrou com o pedido da metade da herança, qual tem direito,
mas também, com uma reparação de danos morais.”
E assim foi feita a partilha da herança,
e ainda mais um tanto da indenização por danos morais.
1 –
A cobiça cega nos faz perder mais
do que poderíamos ganhar.
2 –
É preciso ouvir as pessoas que nos
chegam reivindicando direitos, atenção. Para evitar o
efeito ‘bola de neve’, e não tomar decisões precipitadas sem realmente ter certeza...
A
JÓIa Do MENDigo
Um mendigo andando por um beco
encontrou um diamante que ele chamava de “joia brilhante.”
E foi então até um joalheiro, entre vários outros que tinha naquela capital. E
mostrou a ‘joia brilhante’ para o joalheiro, que pegou sua lupa, olhou, olhou,
franzindo a testa, e disse para o mendigo: “Afirmo que é uma bela joia de
vidro, porém, vidro.
Mas vou fazer um negócio bom
contigo, sei que você precisa, e deu uma pequena quantia
de dinheiro para o mendigo, que saiu dali dançando e cantando de alegria.
Mas na verdade aquela ‘joia brilhante’
era um diamante, que de tão puro, de tão puro, aquele
joalheiro pensou que morria e jamais veria um daquele na vida. O joalheiro
vendeu para um colecionador. E ele adquiriu coisas, que a essa altura da vida,
pensava que não era mais possível. E o mendigo procurou outra ‘joia brilhante’
e nunca mais encontrou outra nem parecida àquela que lhe deu momentos de
alegria intensos.
CONHECIdos NÂo
APRESENtados
Uma águia fez amizade com os urubus.
O que causou estranheza entre os outros animais. Uns diziam: “Como pode um
animal tão nobre andar com os últimos da escala das aves”, outro replicou:
“Isso é o que vemos, mas não sabemos os reais motivos da águia andar com os
urubus, vamos investigar.”
Um dia um pardal se aproximou da
águia, que estava pousada numa árvore, observando os
urubus adiante, que se alimentavam de uma carniça. Tentou iniciar um
dialogo:
“Tenho uma curiosidade”, “Você e
todos”, replicou a perspicaz águia. “Seria prudente um
pardal ter curiosidade sobre um animal do porte e força de uma águia?”,
completou. O pardal sentiu um arrepio na
espinha. Engoliu a seco. “Não me leve a mal”, continuou a águia, “a boa
vivência tem que ser relativa entre os grandes e os pequenos. Continue.”
O pardal já se sentindo aliviado
perguntou: “Sendo águia, por que te acompanhas com os
urubus? São de natureza tão distinta, até mesmo no modo de se alimentar?”
“Concordo”, disse a águia. “Somos
aves, mas não somos iguais. Sei que estás aqui como
mensageiro, pois bem, o farei cumprir tua missão, sendo que para o grande
guerreiro: missão dada, missão cumprida.
Um dia estava eu plainado quando
uma corrente de ar muito forte me sacudiu no ar, e eu
rodopiando bati numa árvore e cai próxima de uma carniça de boi.
Machuquei uma das asas e fiquei ali,
um corpo estirado no chão. Os urubus já estavam ali para a
sagrada hora da refeição. Quando eles viram essa cena passaram a discutir:
“Ajudamos ou não ajudamos? E se ela nos atacar?”.
“Não atacará!”, disse outro! “Não
somos inimigos dela e nem fazemos parte do seu cardápio.”
E assim fizeram. E hoje estou aqui para contar essa história para você. Fui
salva por seres que são renegados por muitos, inclusive eram por mim, e ainda
são pelo o meu grupo.”
“Entendi”, disse o pardal, “às vezes
perdemos grandes aliados por pressupostos equivocados
destes.”
“Sim”, afirmou a
águia. “Mas em
relação às outras águias por que não vais com elas?”,
perguntou o pardal. A águia ficou em silêncio, e respondeu:
“Há lugares que é
melhor manter
distancia, lugares que só trazem más lembranças. É quando
você se sente forasteiro na sua própria terra.” “Entendo”, disse o pardal, e
reconheceu em si que era audácia demais perguntar o porquê disso. “Aqui”,
continuou a águia, “sou reconhecido como os reconheço”.
Quando saio para caçar
aviso quando
encontro carniças pelo os campos.
” A águia de lado para o pardal,
terminou seu dialogo da seguinte forma: “Já possuo
autonomia para convidar outros, para participar dos festejos que realizamos de
vez em quando, os urubus são um povo alegre e gostam de tudo festejar.
Aceitas?” O pardal pensou consigo:
“Eu com os urubus? O que os outros
vão pensar de mim?” Mas as palavras da águia repercutiram
pela a cabeça do pardal, e concordou: “Aceito! Só me diga como devo me
comportar? ”Seja você mesmo, mas por via das dúvidas faça isso e faça aquilo.”
E a águia se lançou da árvore em seu voo imponente, em direção aos urubus.
O pardal compareceu e disse a águia:
“Nunca participei de uma festa tão divertida. A festa daqui não é como a de
lá”. E saiu dançando com sua pardalzinha, num arrasta pé doido em meio aos
urubus. E a águia riu.
O
MEL DA Discórdia
Um dia um beija-flor se sentiu bastante
irrequieto com seu estilo de vida: “Cansado estou, dessa
minha forma de me alimentar, pois até hoje só comi néctar.
Vou mudar meu cardápio. Os ursos me
disseram que o mel é similar ao néctar que eu tomo.” O
beija-flor se convenceu e ainda convenceu um amigo deste. O primeiro beija-flor
invadiu uma colmeia, as abelhas revidaram, e levou tanta picada que caiu no
chão se tremendo todo e, morreu. O outro conseguiu mel, durante certo tempo,
numa empresa que fabricava mel. Mas essa nova dieta lhe fez muito mal e acabou
morrendo.
1 –
Uma coisa pode parecer muito com
outra coisa, mas não é a mesma.
2 –
Às vezes temos uma coisa durante
tanto tempo, que acabamos por não lhe dá mais valor, valor
este que só é recuperado, quando sentimos sua falta...
O HOMem QUE DESEjou DEMais
Já fazia algum tempo que não chovia,
um homem temeroso pela a sua plantação rogou aos céus que
chovesse ‘tanto, tanto que transbordasse a represa’. Então choveu tanto, tanto, que transbordou a
represa, que ficava na direção da sua casa e da sua plantação. Este escapou por
pouco, subindo numa mangueira que ficava no seu quintal.
O agricultor ficou lá vendo a água
passar, arrastando o seu casebre feito de pau à pique,
como também sua plantação, que estava ‘bela como nunca’, e falou com grande
tristeza: “Quis tanto que, quando veio, foi demais, e perdi tudo.”
O
BELo NO FEio
Chegou uma vez uma mulher numa
cidade. Que onde
ela passava, os homens diziam: “Nossa cidade já tem tanta mulher feia, e ainda
nos aparece mais uma.” E as mulheres riam disfarçadamente dela, quando está
passava:
“Olha como se veste, parece uma
vassoura. A roupa de cima não combina com a roupa de
baixo, quando não, o contrário.” Mas aquela seguia seu caminho com um olhar
forte e andar firme, transmitindo confiança e orgulho jubiloso. O que fazia as
mexeriqueiras retrucarem: “Pior do que uma feia é uma feia metida à besta.”
Um dia ela foi ‘mais ou menos’ numa
feira da cidade, e alguns feirantes cochichavam entre si: “Até que está mais jeitosinha hoje,
né!”
Um dia ela foi convidada para um
festejo que comemorava o “Aniversário Glorioso da Cidade”,
que era executado pela prefeitura daquela localidade.
No dia seguinte ela foi às compras com
um vestido um pouco melhor do que o anterior, com cabelo
mais solto e juma maquiagem leve, e já destacava mais sua silhueta e seu rosto,
e por onde ela passava dava bom dia e acenava com as mãos, coisa que os
feirantes observaram: “Veja quanta gentileza e simpatia.”
Então cai a noite. E os convidados do
prefeito já estavam presentes no salão da prefeitura que
era aberto para a rua. Apesar de aquela novata ter sido convidada, sua ausência
talvez nem fosse notada.
Todos os visitantes já haviam chegado
às 22: 20 horas, mas às 23:30, um carro chegou em frente
ao salão municipal, o motorista saiu e foi abrir a porta do passageiro; alguns
já olhavam com curiosidade. Quando uma perna torneada, ‘rasgando’ o vestido que
era aberto pela a lateral, tocou o solo.
Os guardas que estavam próximos já
estavam admirados. O segundo pé se firmou no chão, as duas
pernas se firmaram no chão, e se revelavam fora do carro, enquanto a dona
daquelas pernas ainda se encontrava na penumbra.
O
motorista esticou a mão para dentro
do carro, segurando uma bela mão. Sai uma mulher tão bela
quanto o mais belo amanhecer, num vestido escuro, cintura fina, negros cabelos
brilhosos, a boca explodia puro sangue, em seus grandes olhos negros havia um
olhar hipnotizador, e uma sensualidade à flor da pele. Os auxiliares da festa
correram em seu auxilio: “Boa noite, boa noite, seja bem-vinda.
O
prefeito e seus convidados lhe
aguardam.” Não se deram nem ao trabalho de identificála. À
medida que subia a escada, parecia que o tempo tinha parado e que só ela se
movimentava. Passado o primeiro momento, veio o segundo. “Quem é esta mulher?
De onde vem? Acho que é de outra cidade!”, outro já apaixonado disse: “Acho que
ela é de outro mundo!”
O
prefeito foi ao seu encontro, todo
peralta, exalando bons costumes (tanto que sua mulher
ficou com ciúmes). Alguns mais atentos começaram a desconfiar:
“Não
acredito, não pode ser, como
poderia ser isso?” Algumas mulheres a idolatraram, outras
a desprezaram: “É a novata, é a novata, aquela mulher que de início chamamos de
feia, ‘tábua de dá em doido’, ‘cão chupando manga’, ‘maltrapilha’...”
A partir dali ela foi admirada naquela
cidade. Muitos homens abonados pediram sua mão em
casamento, coisa que educadamente ela se saia, dizendo que: “Ainda não era
hora” Aquela bela morena já tinha observado que naquela cidade não tinha um
‘ateliê moderno’, e abriu um. As que a admiravam passaram a visitar seu atelier
desesperadamente e, as que eram bonitas, ficaram lindas; as que eram menos
desprovidas de beleza ficaram ‘jeitosas’.
O que fez até as que a invejavam
frequentarem seu ateliê, iam com raiva, mas iam. Algumas
mudaram seu conceito em relação àquela mulher. Ela conquistou a mulher do
prefeito que havia ficado ‘de cara virada’ para a novata ‘, ‘naquela noite’, e deu-lhe um ‘trato’, tão
bem feito que o prefeito passou a ter ciúmes de novo da sua mulher. E essa
agora andava com um sorriso no rosto cruzando de ‘ponta a ponta’.
Ela abriu um ateliê tanto para as de
elite como também para as menos favorecidas, o que
aumentou a admiração daquela cidade por aquela bela mulher, que trouxe mais
beleza e elegância para a cidade. Assim ela fez de uma pequena fortuna, uma
grande fortuna. Fez felicidade e foi feliz.
1
– Deve-se degustar as coisas aos
poucos.
2
– Deve-se seguir do pouco para o
muito, não o contrário.
3
– As coisas belas
devem ser
resguardadas.
4
– Saber esperar o momento certo
para revelar seus talentos.
5
– Agradar tanto o grande como o
pequeno.
6
– Saber ganhar a amizade dos
desconfiados e apaziguar a inveja.
7
– Confiança é uma conquista diária. 6 – Fazer
felicidade e ser feliz.
QUe
A NATUReza PERDoe
Um dia uma zebra decidiu que iria
fazer amizade com um leão que já havia devorado várias das
suas. O leão a viu se aproximando, e de tão admirado deixou que ela se
aproximasse, mas ao mesmo tempo ficou desconfiado, antes dela se aproximar
demais perguntou: “O que fazes aqui?” “Vim humildemente”, respondeu a zebra,
“lhe solicitar amizade.”
Quando o leão não
pressentiu nenhum
perigo, replicou: “Então continue falando e venha até
aqui. Para selarmos um acordo: seja bem- vinda, o que é a vida sem amizade?”.
A zebra agora se
sentindo aliviada
pelas as palavras do leão foi cada fez mais se aproximando
do leão, ao mesmo tempo em que ia falando: “Então, não é por sermos de
naturezas tão diferentes que temos que ser primordialmente inimigos.” “Claro,
claro”, confirmou o leão. “Já tivemos nossas desavenças”, continuou a zebra,
“que o passado seja passado...” Dizia isso já chegando bem
próxima do leão. O leão lhe deu uma patada tão forte, que a zebra girou e caiu
morta. E expressou o leão com grande alegria: “Que dia perfeito: ao invés de ir
atrás do almoço, o almoço; veio até a minha mesa.”
1 -
Certas amizades nunca serão.
2 -
Não é porque o inimigo é fraco que
não é preciso manter certa cautela.
3 -
Às vezes temos que ir até as coisas,
outras vezes temos que esperar elas... virem até nós.
DE QUe ME VALe
Um dia um sábio, um homem muito
simples, ia passando por uma viela. Um homem que ‘lhe
admirava por um lado, mas não admirava por outro’ tomou coragem e foi ao seu
encontro: “Mestre, posso lhe fazer uma pergunta?” “Até duas!” respondeu o sábio
ironicamente.
Ele riu da tirada do sábio, depois ficou
sério e perguntou: “De que me vale a sabedoria sem renda?”
Qual o mestre reformulou: “E de que me vale a renda sem sabedoria?” E o homem
ficou tão confuso que coçou a cabeça.
1 – Um homem de inclinação diferente
pode não entende o outro. 2 – Deixar com dúvida aquele que
gosta de fazer ‘joguetes’. 3 – Saber contra- perguntar aquele que se acha muito
perspicaz.4 – As coisas podem ser complementares.
CADê TITia? (SÓ QUANdo o DESTino
PERMIte)
Havia uma mulher numa determinada
família que gostava de fazer festejos por qualquer motivo:
por aniversário de um ano de um, pelo o retorno de uma viagem de outro, porque
um aprendeu a falar a primeira palavra, porque passou de ano na escola.
Comemorar a comemoração de comemorar e por ai vai. Comida não faltava.
Gostava
de cuidar
dos sobrinhos
também. Seu marido fazia tudo o que ela pedia, porém
quando estes se separaram a titia parou de fazer festejos, se afastou dos
irmãos, e até mesmo dos sobrinhos.
Os sobrinhos perguntavam: “Cadê
Titia?” E os irmãos: “Cadê nossa generosa irmã? Depois que se separou do
esposo, se afastou de tal forma que só a vemos quando o destino permite.”
1
- tem gente que se faz de boa gente à
custa dos outros.
2
- A
bondade parasita sempre
prejudica alguém...
3
– Há aquele que esbanja a custa dos
outros.
A PALAvra CONVEnce, MAs SÓ O EXEMplo
ARRASta.
Uma
porca gostava de soltar
impropérios, coisas que seus filhos ainda crianças
começaram a repetir. Quando uma das suas filhas soltava um palavrão, ela
dizia:
“É feio chamar palavrão” ou então às
ameaçava com algum tipo de punição. Um dia estando seu
marido em casa, tendo visto isso várias vezes se repetir, resolveu interferir:
“A palavra convence, mas só o exemplo arrasta. Como podes tu querer
corrigi-los, se tu mesma os induzes ao erro.” “Mas” disse a mulher “é que eu
sempre as aconselho: Ouçam o que eu digo, mas não façam o que eu faço ou falo.”
1 - Quem cobra o exemplo deve ser o
primeiro a dar o exemplo. 2 - O hipócrita gosta de limitar
os outros de fazerem o que quiserem, enquanto ele se empanturra. 3 - O
hipócrita e o mesquinho devem ser sempre combatidos.
REi
Do NADa
Um homem ergueu-se, bateu no peito
e disse: “Hoje vou conquistar o mundo!” O primeiro
transeunte que ele encontrou, ele o parou e disse: “O mundo é meu e deves-me obediência.”
O transeunte que o conhecia falou:
“Sim,
estou ao seu dispor
inteiramente.” E foi assim com outro e com outro. E ao
falar isso com um rapaz que vivia perambulando pela praça, esse se encheu de
orgulho: “Eras tu aquele que sempre procurei, te acompanharei até os confins do
mundo, que é teu”. E o povo daquela região, agora teve que agüentar não só um
‘sem juízo’, mas agora eram dois, com aquela ladainha infernal pelas ruas
daquele bairro.
1 - Há aquele que alimenta sonhos
fantasiosos. 2 – Há
aquele que pensa que manda, mas não manda em nada. 3 – Há sempre um ‘igual’ para cada um.
4 – Pior do que um doido, só dois
doidos. 5 – A loucura sempre pode aumentar.
QUe
NEm PEIxe
Havia uma cotovia no reino, que era
tão mentirosa, que já era tratada como uma lenda entre os
animais. Dizia que havia enfrentado e vencido águias, gaviões reais, e até condor (ave que não existia naquela região),
mas nunca provou nada.
Um dia houve um incêndio próximo do
seu ninho e indo na direção deste. Ela se desesperou, foi
com o pelicano e explicou a situação: “Tens um papo grande e podes armazenar
muita água, e assim apagar o fogo que se alastra.”
O pelicano olhou para a cara dela, riu
descrentemente e disse: “Essa cotovia! Sempre tão
engenhosa, uma boa contadora de ‘causos’!” E voou para o outro lado da margem
do rio. O ‘mesmo’ fez o elefante, o hipopótamo... e a cotovia ficou desolada.
Tentou em vão apagar o fogo, seu bico era muito pequeno, e o fogo consumiu seu
ninho e seu sonho. Em pranto profundo lamentou:
“Meu ninho, meu ninho. Tanto anos de
dedicação para construí-lo. Era considerado o ninho mais
belo do reino e agora... só cinza. O meu mau hábito (de mentir) como fogo me
consumiu.”
Quando os outros animais que a
cotovia havia solicitado auxilio souberam do ocorrido, não
se sentiram culpados, apenas refletiram: “O mentiroso tem o que merece, morre
pela a boca como peixe.”
1 –
Quando a mentira tornar-se um
vício tornar-se um vício não acreditar no mentiroso.
2 –
no perigo o mentiroso precisará da
verdade, mas sofrerá o dano por causa das suas
mentiras.
3 –
A mentira pode durar uma noite
inteira, mas a verdade virá pela manhã.
DUAs
VEZes DOIdo
Havia uma ‘sem juízo’ que se impunha
em relação aos outros ‘sem juízos’ que perambulavam pela
praça da cidade. Quando ela saia de manhã para conseguir a ‘broca do dia’, e
quando voltava ao entardecer encontrava ali um dos ‘seus’ usando o seu banco
preferido, ela dizia: “Sai daí que esse banco e essa praça são meus. Sai,
sai!”.
Quando havia teimosia ela ia para cima
e descia a ‘mãozada’, ao que a outra, em desespero,
juntava seus trapos e chispava dali. E assim ela se sentia a gladiadora e a
governadora da praça.
Outro dia ela saiu como de costume e
quando retornou, lá estava outra ‘sem juízo’ ocupando seu
reino. Aproximou-se e ameaçou:
“Sai, sai. Ou sai por bem ou sai por
mal.” Enquanto ela ia cada vez mais se aproximando daquela
mulher, ela percebeu que a outra não sentiu medo, então a mulher ameaçada lhe
fitou nos olhos e disse: “Tu achas que é a mais louca do hospício, mas eu sou
próprio hospício: Pra doido, duas vezes doido.” Deulhe uma surra tão generosa
que a ‘governadora da praça’ teve que procurar outra praça para governar.
1 -
Há aquele que se acha superior aos
outros, mas um dia encontrará outro que o colocará em seu
devido lugar.
2 –
Aquele que conquista pela força
sempre sofrerá represália.
ENTra
UM SAi DOis
Um casal estava discutindo. Disse a
mulher com desdenho: “Quando me casei contigo, tinha até
boa aparência, mas agora, olha só isso...” “Age” se defendeu o marido, “como se
nadas tivesse com isso, como se não fosse culpada por esse meu ‘enfeiar’.
Parece um morcego me sugando as
forças. Casei contigo para somar forças, não para me
subtrair. Como posso erguer o muro, se coloco um tijolo e tu tiras dois?”
1 - Uma relação deve ser mantida na
complementaridade. 2 – A união faz a força, a discórdia,
fraqueza.
DEu O CAVAlo E AINda LEVou COIce
“Tu não sabes o que me aconteceu?” “E
o que aconteceu?”, exclamou sua amiga. “Sabe aquela sicrana, aquela que
emprestei várias vezes meu carro para ela.
Meu carro está com problemas, então,
pedi a ela que me emprestasse o seu. Além de não me
emprestar ainda foi rude comigo”, falou a mulher com rancor. E sua amiga
olhando para ela, pensou: “Críticas o que tu és, pois o mesmo fizeste comigo.”
E falou para a afetada:
“O que tu queres? Queres tirar mel de
pedra; mas quem já tentou lascou os dedos e não conseguiu
nada.”
1 – Não criticar os outros pelo que tu
mesmo fazes aos outros. 2 – Ao identificar um impiedoso e
aproveitador se afaste dele. 3 – Há aquele que ofende, e é tão desprezível com
o problema alheio, que nem se percebe.
O SINCero
Um homem angariou fama na sua
comunidade por ser um homem verdadeiro, gostava de falar o
que pensava, por isso era chamado de: O sincero. Era amado por uns e por muitos
era odiado. As belas mulheres o amavam, as feias, o detestavam; os comerciantes
desleais (os de balança enganosa) o odiavam, os bons comerciantes eram só
elogios...
Até que um dia um homem que
desconfiava estar sendo traído por sua esposa e queria a
certeza sobre essa suposta ‘infâmia’ que estaria sofrendo, lembrou-se do
Sincero, afinal se ele soubesse de algo com certeza lhe diria:
“O Sincero é muito bem conhecido e
muito bem informado. Irei com ele para ver se consigo
tirar essa terrível dúvida que me consome e me tira o sono.”
Chegando com o Sincero, lhe explicou a
situação e no final disse: “Se sabes alguma coisa me conte
e livre-me dessa tormenta.” “E se fores verdade o que farás?”, e o homem
dissimulando disse: “Nada demais, apenas assumirei que tenho uma amante há
algum tempo, e que hoje ela é a mulher que amo desesperadamente.
Mas
preciso de um álibi para
concretizar meu intento, não quero passar por injusto.“
“Parece justo” disse o Sincero, “quem ama tem o direito de ser livre.” “Sim”,
afirmou o desconfiado. “Quem ama tem o direito de ser livre”, confirmou o
Sincero. “Sim”, confirmou o desconfiado com certa empolgação e continuou:
“Só quero o direito a ser feliz, o direito
a uma nova vida, pois nesta estou infeliz. Só quero um
flagrante, não quero só falar-lhe que ela me trai, coisa que ela replicaria:
Homem de onde tiraste tanta asneira, se tu não tens nada para fazer, vai
capinar o quintal!” O Sincero achou que havia sinceridade nas palavras do
desconfiado e disse:
“Hoje te libertarei da tua prisão. Mas
farás exatamente o que eu disser para fazer. Concordas?”
No que o desconfiado confirmou com as seguintes palavras:
“Sem tirar e nem pôr”. Sincero,
sinceramente acreditou nas palavras do desconfiado: “Sendo
assim, e assim sendo, farei isso para te libertar do teu infortúnio que tanto
te aflige; e assim não libertarei só você, mas também a sua esposa e a tua
amante.”
Sincero então explicou ao homem:
“Quando tu viajas para pescar e costumas passar até semanas em alto mar, ela se
encontra com um homem, mas que ainda não foi reconhecido, pois os encontros são
sempre a partir da meia noite, quando as ruas estão desertas.
Ela
então entra num beco escuro,
encontra o homem e depois somem. Há uma possibilidade de
99,9999% de ser seu amante, assim como tu tens a tua.” O desconfiado ficou
sério, muito sério, com um semblante obscurecido. Mas se recompôs rapidamente
para o Sincero não perceber. Fingiu um ar de contentamento, e comunicou:
“Amanhã estou de viagem marcada!”
No
outro dia o homem não viajou, e
informou os seus parceiros de pesca que estava ‘arriado
pela febre’. E marcou tocaia numa casa abandonada que ficara próximo a sua. E
ficou por ali durante dois sóis e duas luas, mas na terceira Lua, ele viu a
porta da sua casa se abrir as altas horas da noite.
Era o
sinal que ele precisava. Sua
mulher jogou um capuz no rosto e saiu meio cabisbaixa, em
passos apressados, ora olhando para os lados, ora dando uma sutil espiada para
trás. Cruzou a rua principal, vielas
escuras, e entrou num beco mais escuro ainda. Aconteceu como disse o Sincero.
Ela encontrou um homem também com capuz, e adentraram a escuridão, sumiram. Mas
o desconfiado atrás de uma mureta conseguiu ver a porta de um quarto onde eles
entraram. Seu sangue quente, ficou tão quente, tão quente, que parecia que ia
evaporar. O sangue correu em tanta abundância que as veias do pescoço tufaram.
Apressado
e ofegante foi em direção à
porta onde ele tinha percebido que eles haviam entrado.
Deu-lhe um pisão e ainda pegou os dois abraçados no meio da sala. O casal de
amantes se separou, quando o marido da mulher puxou uma adaga que de tão nova e
afiada reluzia na luz do luar, e avançou para cima do amante, onde iniciaram um
embate. Enquanto o amante segurava o braço do homem que segurava a adaga, os
dois começaram a rodopiar pelo recinto, derrubando utensílios, cadeiras e
mesa...
A
mulher assustada ainda tentou se
intrometer, apartar aquela briga, mas levou um empurrão
acidental que caiu longe. O marido dela conseguiu livrar o braço que segurava a
adaga, que o amante estava segurando, e desferiu um golpe certeiro no tórax,
que perfurou o coração do amante que caiu no chão se esvaindo em sangue, e o
sopro da vida lhe abandonou. Daí olhou para a mulher com os olhos flamejantes e
disse: “Cobra vou te matar com o teu próprio veneno.” A mulher que estava um
pouco adiante, correu para a cozinha, pegou uma faca e esperou. Quando o seu
marido atravessou o pequeno corredor que dava a cesso a cozinha, ela ficou na
entrada, esperando pelo lado. E quando este chegou à entrada ela lhe deu um
golpe no abdômen com uma faca de cortar carne, e ele desabou no chão, gemendo e
sangrando, segurando no corte; ela ficou olhando e pensou:
“A minha vida
depende da morte
dele”, e apreensiva, aguardou. E seu marido, o homem com
quem ela dividira a vida durante treze anos, muitos momentos de alegria,
intimidade... tudo ali esvaindo na sua frente. Ele então dá seus últimos
suspiros e parte deste mundo. A desgraça esta feita.
A mulher colocou seu capuz, fugiu, e
foi para sua casa e lá ficou. Pela manhã encontraram a
porta da casa arrombada e os corpos dos homens, o que foi devidamente
comunicado as autoridades que tomaram as medidas necessárias. Esse crime chocou
aquela comunidade que era muito pacata. O inquérito não conseguiu concluir o
que fez aqueles dois homens se digladiarem até a morte.
Mas ninguém, ninguém sofreu mais
naquela cidade do que o Sincero, o amante da mulher do
pescador, era ninguém mais, ninguém menos;
do que o seu irmão. Que era conhecido naquela região como o ‘perigoso’, o
‘pavão’, o ‘destruidor de corações’.
A mulher do pescador se casou de
novo, e o Sincero sentiu na pele a dor que a sua
sinceridade causou. As desprovidas de ‘beleza’ e os comerciantes desleais,
vendo esse ‘novo sincero’, calado e triste, pelos os cantos , comentavam: “Não
sei o que te aconteceu, mas eu acho é pouco. Que a tua boca seja o tua
desgraça, teu túmulo.”
1 – O problema do sincero é projetar
para os outros, o que ele é, e por isso ele acredita nas
pessoas de forma muito aberta. 2 – Tudo tem
limite. 3 – Muitos são os que preferem a mentira que acalenta, à verdade
libertadora, mas que fere. 4 – Na tua boca pode estar a vida e a morte de
alguém, como de ti mesmo, desgraças
e bênçãos.
O
ESCRAvo LIBERto
Passeando pela Suméria uma mulher
muito rica adquiriu um escravo e levou-o para o seu país.
Depois de poucos anos de serviço esmerado, ela resolveu libertá-lo: “Hoje
revogo qualquer autoridade que tenho sobre ti. Aqui está a tua carta de
alforria. E aqui nesta sacolinha, há algumas joias que quando tu venderes, terás uma fortuna relativa. Foste um servidor
fiel, mereces a liberdade, pois a liberdade não nos é dada, mas adquirida.” O
ex-escravo agradeceu a sua ex-senhora, recebeu os documentos e as joias com um
sorriso ambíguo, partiu.
Pouco tempo depois o ex-escravo
retorna com sua carta de alforria e as jóias. Marcou uma
audiência com sua ex-senhora, o que esta concedeu com grande expectativa.
Chegou até a pensar que o seu exescravo havia se tornado um comerciante, e que
estava ali para lhe oferecer seus produtos.
No dia marcado ela o recebeu no salão
de reuniões comerciais, porém, encontrou o seu exescravo ainda vestido de
escravo. Mesmo assim ela acreditou que fosse uma ´artimanha’
dele para lhe impressionar, foi quando ela se expressou brincando:
“Muito, muito espirituoso, gostei disso.” Mas ele a surpreendeu de outra forma:
“Rogo-lhe que me aceites de volta: Conheci a liberdade, mas prefiro a
escravidão.”
1 –
A liberdade tem valor e preço.
2 –
não há liberdade para quem se
sente preso dentro de si mesmo.
3 –
muitos anseiam a liberdade, mas
quando a encontram, perdem-se.
4 –
Quem não serve também para
servir, não serve:
é preciso participar.
O
LIBERto ESCRAvo
Um escravo, que era escravo de um
homem muito carrasco, esperava uma chance, uma chance para
fugir. O capataz que cuidava dos escravos à noite os acorrentava. Mas uma
noite, o capataz apressado esqueceu um molho de chaves, que abria justamente os
cadeados dos acorrentados, um dos quais incluía o desse escravo. Ele se
esticou, esticou, até que conseguiu pegar o molho de chaves.
E testando uma por
uma, frenético,
conseguiu encontrar a chave que abriu o cadeado da sua
corrente no seu calcanhar. Convidou os outros que estavam acorrentados na mesma
seqüência de correntes, mas estes o aconselharam a ficar, pois “não há nenhuma
chance para nós ‘lá fora’!” e ficaram. Já o ‘liberto’ se lançou a escuridão da
mata.
De manhã quando o capataz foi buscar
os escravos para trabalhar na lavoura, encontrou o molho
de chaves e percebeu que o número 14 tinha fugido.
Comunicou o Barão. Montaram os cavalos e foram atrás do
escravo ‘fujão’, para recapturá-lo, até que o encontraram correndo em campo
aberto. Mas o que o ‘iberto’ não sabia é que por trás das árvores que estavam
um pouco mais a sua frente, havia um precipício; coisa que os seus
perseguidores sabiam:
“Ficará
encurralado no penhasco. Será
capturado e sofrerá todo tipo de angústias possíveis. Para
servir de exemplo para os outros.” Disse o capataz. “Claro que sim”, confirmou o Barão, e
completou, “mas cuidado para não o matar, ou o aleijar; pois este me custou
muito caro. Fazia parte de uma boa safra de escravos, escolhidos a dedos.”
O
escravo cruzou as árvores e deu de
encontro com o penhasco, logo vários cavalos montados o
cercaram que o deixou com duas alternativas: se entregar ou pular do penhasco.
O Barão tomou a frente: “Escravo. Estás cercado, renda-se normalmente, sem
resistir, e te colocarei num serviço mais leve. Pronto! Cuidarás dos meus
cavalos.
E não serás mais acorrentado à
noite.” O que o escravo replicou: “Acha mermo qui todu iscravus saum tolus. Axa
qui o ratu podi fazê acordu cum a cubra.
O bem-ti-vi atacar u gaviaum pêla costa, porqui num podi
infrentar ele di frente.”
O barão já impaciente colocou a mão
na testa escondendo a boca, e falou para o seu capataz que
estava próximo: “Só me faltava essa, um escravo filósofo!” E continuou o
escravo: “Num possu cunfiar in ti. Tu num tem palava. Vi tu dizêr uma coisa
p’ra dipois fazê ôtra. Tu naum tem pavrara. Eu num sô gadu pra viver sô di
cumida, queru andar di cavalu comu tu andar. Eu queru esculher meu trabáio e
receber purele, queru cunhecer além dhaqui.”
O barão já sem paciência, advinda de
sua arrogância, ameaçou: “Venha antes de seres laçado e
arrastado até a maloca dos escravos onde é o teu lugar, de onde nunca devias
ter fugido. Seu ingrato”. Pelo capataz
líder, aquele escravo seria morto ali mesmo, pois ele quando conseguiu fugir o
desonrou perante o barão, que já pagava por seus serviços há vinte anos, sem
que nunca houvesse perdido um escravo, fosse de um jeito ou de outro.
Os
outros dois
peões que
lhes
acompanhavam só queriam terminar logo com aquilo para
voltarem para a fazenda (com o escravo vivo ou morto), almoçar e tirar um
cochilo antes de voltarem à labuta.
O barão através de um olhar, e um
sinal afirmativo com a cabeça, deu o sinal para o capataz
‘fazer o que deve ser feito’, e este começou a girar o laço no ar.
O escravo olhou para os céus, como se
proferisse uma prece. E começou a dar uns passos em direção
ao barão. O barão crendo que este estava se rendendo; ergueu a mão para o
capataz, que parou de girar o laço. Mas o escravo proferiu as seguintes
palavras: “Prêfiru murrer livri du qui viver escravu”, virou-se e saiu correndo
em direção ao precipício.
O
barão se
assustou, e gritou
desesperado para o capataz, que era o melhor laçador da
sua fazenda: “Rápido, rápido, lace-o.” O capataz correu rapidamente com o seu
cavalo e lançou o laço. Quando o escravo ganhou impulsão, num salto à beira do
precipício, lançou-se ao ar como um pássaro, gozando da verdadeira liberdade
por alguns segundos. A beira do laço do capataz ainda tocou na ponta do pé do
fugitivo, mas agora era tarde, o escravo agora era para sempre, um ex-escravo.
O barão e seus funcionários foram até
a beira do penhasco, e viram lá embaixo o corpo inerte do
seu ex-escravo, entre os rochedos. O barão olhou para o capataz, e se lamentou:
“Que prejuízo, que prejuízo. Mas o filho dele está crescendo e vai
substituí-lo, e vai me pagar dobrado, por causa do pai dele”, montou o alazão e
disse: “Vamos. O meio-dia se aproxima.”
Mas o filho do liberto foi quem libertou
aquele povo, pois, seguindo o exemplo do pai (pois um
daqueles peões lhe havia contado o que aconteceu com o seu pai); também
preferiu morrer livre a viver acorrentado.
UNe
OU SEPAra
Um rufião encontrou um tigre e
conversando com este, confessou-lhe: “Invejo-te.” “Por
que?” perguntou o tigre. “Porque és forte e solitário e se resolve sozinho.”
“Eu também te invejo”, replicou o tigre. Espantado, perguntou o rufião: “Como
podes um ser tão imponente quanto tu, invejar um ser tão frágil como eu?”
“Porque”, explanou o tigre, “se eu
unisse minhas qualidades com as tuas, seria mais completo.
Tu compensas tua fragilidade com um forte senso social; vocês protegem uns aos outros. Enquanto a espécie
da qual faço parte, somos individualistas e cada um vive no seu próprio mundo.
Por isso, estamos mais propícios à extinção do que a espécie de vocês.”
O rufião parou enquanto o tigre seguiu
em frente. O rufião olhou para trás e saiu correndo em
direção a sua casa, sua família e amigos. E abraçava um aqui, outro ali.
Enquanto estes diziam: “O que te aconteceu? Cadê teu juízo, deixou no meio do
caminho?” “Vocês são demais, vocês são demais”, dizia o rufião alegremente.
1
– Às vezes um deprecia o talento do
outro e deprecia também o seu.
2
– Às vezes admiramos uma pessoa
que também nos admira, mas não trocamos idéias.
3
– Os que se unem estão mais
propícios a existência, e a felicidade.
4
– Não adianta querer o que o vizinho
tem, mas sem sabê-lo como este faz para conseguir, e sem
saber se é feliz ou não.
5
– A fraqueza de um pode ser à força
do outro e vice-versa.
6
– Às vezes a felicidade está tão
próxima que dá para tocar com as mãos.
7
– Podemos ser fortes aqui, mas
fracos ali.
ESTRANha
VOz
Uma menina tinha um sonho de
tornar-se cantora. Porém,
quando tinha sete anos teve um problema nas cordas vocais, e ficou com a
voz infantilizada. Assim suas pequenas rivais a apelidaram de ‘Voz encruada’, o
que ela detestava.
Mas mesmo diante dessa dificuldade
tamanha ela não desistia de tornar-se cantora. Entrava num
grupo, saia de outro. Até que um empresário acreditou nela, e o que os outros
chamavam de feio (sua voz), ele chamava de diferente e dizia: “Nunca ouvi uma
voz tão interessante”.
E a lançou, e esta foi aclamada por sua
voz diferenciada, como também por suas letras, melodias e
performances. Era uma artista conceitual e conceituada.
1 –
No que parece fragilidade, é ali que
pode estar a tua força.
2 –
O visionário vê o que os outros não
veem, mesmo que esteja a sua frente...
A
VIÚva QUe DEu VIDa
Um homem era casado há vinte anos, e
desse casamento teve um filho. Um dia decidiram comprar
uma casa, pois viviam de aluguel. Este homem trabalhava fazia muitos anos numa
determinada empresa, saiu desta e com a indenização deu entrada uma casa
própria, financiando o restante. E pediu que a mulher abrisse uma conta em seu
nome e depositou a outra parte.
Assim fez. Também pagou a faculdade
da esposa. Lá estando, a esposa certo dia se apaixonou por
um rapaz, bem mais jovem que ela. Sacou o dinheiro que estava no nome dela e,
fugiu. O homem ficou desolado, com o coração espalhado pelo o chão.
Agora estava sem o dinheiro, um filho
ainda muito jovem; foi segurando até onde deu, já estava
pensando em repassar a casa financiada, seu patrimônio escorria pelos seus
dedos como se fosse água. Foi quando ele conheceu uma mulher, qual o marido
havia falecido há poucos anos. Depois se casaram e foram à labuta, quitaram as
prestações da casa e, hoje ele diz para quem quiser ouvir: “Se não fosse essa
mulher o que seria de mim?” Ela também conquistou o respeito do filho desse
homem. A viúva deu vida aquele homem.
1 –
O tempo nos faz confiar numa
pessoa que não tem mais nenhuma estima por nós.
2 –
É preciso sempre nos dar uma
segunda chance..., como também aceitar as chances que nos
estão sendo dadas.
3 –
Mesmo depois de um desatino
terrível, é possível se recuperar...
O LIVro
Uma mulher colecionava livros, mas
entre esses livros, havia um que ela zelava com extremo
cuidado, pois era muito raro, porque só havia aquela cópia, pois havia sido
feito à mão por um sábio local. Sua irmã lhe implorou para que ela lhe
emprestasse o livro. Ela emprestou e disse:
“Seja breve, porque breve virei para
buscá-lo. ”Assim vai ser” confirmou a irmã. Porém, um dia
as duas entraram em conflito por causa de uma divida que ela não quitava e nem
reconhecia. Então a irmã afetada solicitou que esta lhe devolvesse o livro. Mas
aquela revidou: “Não vou devolver!”“ Por que não vais devolver?” perguntou a
dona do Livro. “Não vou porque não quero e pronto” respondeu dona de toda
petulância e completou: “Essa é a minha vontade, essa é a minha natureza.”
“Saibas que este é o único exemplar,
devolva-me!” “Não vou, não me importo”. Esperou
pacientemente por um ano, até esperar aquele ser medonho e egoísta está mais
sociável, e quando ele cobrou um livro que está havia lhe emprestado, mas que
aquela havia esquecido, então disse:
“O meu pelo o Teu” , riu ironicamente
e se justificou: “ Achavas mesmo que iria ficar com o teu
livro”. “Claro, claro”, replicou a ‘Dona do Livro”, e saiu feliz, com o seu
precioso livro.
1
– Às vezes é preciso esperar um bom
tempo para se recuperar algo valioso que se perdeu.
2
Às vezes só recuperamos algo se
houve uma troca, que pode ser justa ou injusta.
3
– Não adianta dar coisa rara para
gente desqualificada.
4
– Quem faz acordo com ingrato,
ingratidão receberá. 5 – Para se conseguir coisas com
ingrato, é preciso muita paciência e cautela, e mesmo assim, corre o risco de
não consegui-lo...
A
VIDa ENSIna
Uma anta era conhecida como a
‘generosa’. Vinha o leão, e lhe pedia um favor, ela fazia.
Vinha a cobra lhe pedir um favor, ela fazia. O carneiro, o lobo; e assim por
diante.
Um abutre, que vinha acompanhando
aquilo há algum tempo, pousou perto dela e disse:
“Vejo que és
bastante solicitada. E
estais sempre pronta a ajudar.” “O máximo que posso”
respondeu a anta. “Mas, me responda uma coisa: Tu ajudas tanto os bons como os
ruins!” “Sim ajudo” respondeu com veemência. “Mas, os maus se alimentam dos
bons, logo o teu ‘bem’ não se tornar um mal maior? Por exemplo, se tua ajudas o
lobo e o carneiro, quem sofrerá às conseqüências será o carneiro, e o lobo
sairá fortalecido.”
“O carneiro” falou a anta gravemente,
“é que dê o jeito dele. Porque eu não posso vencer a guerra só com os bons. Por
exemplo, o rato me indicou um rio maravilhoso, onde me banho nos dias
ensolarados, e o gato me mostrou boas pastagens, a o velha me trouxe aperitivos
que tanto gosto, o lobo me indicou os caminhos menos perigoso por onde posso
trafegar mais sossegada, a cobra picou
um touro que queria me chifrar, bem no calcanhar; nunca mais chifrará ninguém.”
O abutre ficou abismado, em como
poderia um animal com aparência e gestos tão pacatos, ser tão
ardiloso, até mesmo mais que outros que ele julgava, medonhos e traiçoeiros.
Olhando com ‘admiração’ e espanto para a anta, pensou: “Hoje a vida me deu uma
lição, que não esquecerei jamais.”
AGOra
É TARde
Um homem vivia se lamentando de sua
situação precária: “Como é triste ser pobre. Quero isso e
não posso. Quero aquilo e não posso. Quero comer aquilo e não posso. Quero
vestir aquilo e não posso. Não aguento mais isso!”
Um dia o desolado recebeu uma carta
de um agente que havia sido deixada por uma tia dele que
era muito rica e o incluía como herdeiro, isso consistia em uma pequena
fortuna. O homem riu tanto, tanto, que chorou de alegria, pensando na ironia da
vida, e gritava: “Agora eu posso querer isso, agora eu posso querer aquilo.
Comer e vestir o que eu quiser!”, dizia isso ora dançando, ora pulando.
Mas, quando este recebeu a herança,
mulher, filhos, parentes diversos e amigos voaram para
cima dele. A partir daí somou-se intrigas e discórdias. E ele mesmo comendo ‘a
melhor comida’, não sentia o sabor; vestindo ‘a melhor roupa’, não sentia a
elegância; mesmo na casa mais arejada, não sentia o frescor da brisa. Pois sua
mente estava muito perturbada para perceber, sentir tudo isso. E às vezes desejava
voltar a ser pobre, mas agora é tarde.
1 – É preciso estar estruturado para
receber certas coisas (mentais-emocionais-materiais): para
poder suportar a carga negativa, que pode vir atrelada a estas...
EQUAção
DA VIDa
Uma mulher ‘queria porque queria’,
ser ‘a maior matemática do mundo’ e ‘caiu de cabeça’ nos
números, equações, algébrica, etc. Ela ficou tão obcecada que passou a usar as
paredes, muros e até mesmo o banheiro de sua casa, para escrever às suas
equações.
Assim ela começou a afastar-se de
todos. Certo dia uma amiga indo visitá-la, fez na verdade
uma espécie de invasão da casa de sua amiga, adentrou, e vendo aquilo tudo,
resolveu se impor. “Amiga” disse, “deves estudar para tornar-se sábia, não
louca.”
1 –
Deve-se impor limites em tudo,
porque somos seres limitados, exceto no poder de criar,
mas devemos criar sem sermos destruídos pela própria criação.
2 –
A Sabedoria não vem de graça...
VALe NADa
Um dia levaram uma cobra, uma
raposa, uma hiena e uma gralha para testar uma toupeira,
que é um animal ‘cego’ O teste consistia
do seguinte: ver se a toupeira conseguia dizer ‘quem era quem’. Assim a toupeira palpou a fuça de cada um.
“Olha” ressaltou a toupeira, “eu não sei quem é quem não; mas aqui ninguém vale
nada!”
1 – Aparências diferentes, mas atitudes
iguais...
O
INTERior Por FORa
Um homem do interior descobriu que
tinha um irmão na cidade grande. Trocaram
correspondências. O irmão da cidade pediu que seu irmão interiorano viesse até
ele, pois era ‘muito ocupado’. Assim foi. O interiorano chegou no começo da
noite e até altas horas foram momentos de grande alegria.
Mas no outro dia
seu irmão chegou
depois das 22:00 horas; e no dia seguinte saiu as 06:00. E
assim também foi no outro dia. No quarto dia o irmão interiorano pensou: “No
dumingo deve di dar pra gente cunversar, trocar uns dedos de prosas”.
Quando o sábado chegou, seu irmão
trocou meia hora de ‘prosa’ com ele. Falou que estava
feliz em conhecê-lo, e que gostaria muito de conhecer sua família ‘lá do
interior’, seus sobrinhos e etc. Daí saiu para levar o filho ‘bem ali’ para
fazer compras, etc. No final da tarde teve tempo para o irmão e o levou para o
cinema, e este gostou muito. E de madrugada levou o irmão para o
aeroporto:
“Espero te ver em breve” disse o irmão
da cidade, o irmão do interior agradeceu por tudo e disse
que estava muito feliz em conhecê-lo e sua família, mas pensou baixinho: “Cada
um no seu mundo, sou homi do interior, mas não sou “Gismundo Burro.”
1 –
Se não podes prover seu tempo
para uma pessoa, não a confunda.
2 –
Há aquele que ama a paz, e outro,
que ama a guerra.
3 –
Um homem sem cultura didática
pode entender muito mais da vida do que um que a possua...
HOJe
É Teu DIa DE SORte
Um carneiro estava passeando com o
seu filho quando este ouviu um barulho estranho atrás de
uma ramagem. “Fique bem aqui, e não saia. Volto em um segundo.” E foi.
Conferiu que estava tudo bem, mas na
volta deparou-se com uma cena que fez o seu coração bater
tão forte que parecia que iria varar pelo peito. Lá estava um lobo caçoando,
com uma brincadeira de ‘mau gosto’ com o seu filho, batia nos seus quadris e
dizia: “Hoje é teu dia de sorte, o grande lobo está farto, por isso vai de
poupar da morte. Hoje é teu dia de sorte...” Enquanto a matilha reprovava a
conduta do seu líder, em silêncio.
Os olhos do carneiro se arregalaram, e
este foi em disparada em direção ao ‘lobo fanfarrão’. Os
outros lobos o viram, mas ficaram curiosos, como o carneiro iria enfrentar o
lobo.
Quando o lobo caçoador se deu conta
o carneiro já estava ‘palmo a dentro’. Levou cabeçadas e
patadas na fuça, no estomago, e quando caiu, levou mais uma seqüência de
golpes, da cara do carneiro pareciam sair raios de tempestade e tão raivoso
estava que não se deu conta da matilha que o observava com admiração. Enquanto
o ‘lobo fanfarrão’ ficava ofegando pelo chão, quase para desmaiar, o carneiro
pegou seu filhote e saiu ‘voando’, salvando-o de vez.
O ‘lobo fanfarrão’ perdeu a liderança
da matilha, que reprovava havia algum tempo suas condutas
toscas e desrespeitosas. Assim, o ‘lobo fanfarrão’ virou chacota entre os lobos
por toda a sua vida. Até mesmo criaram uma cantiga para ele:
Hoje
é teu dia de sorte
Hoje
é teu dia de sorte
Porque
o carneiro furioso
Te
livrou da morte
Hoje
é teu dia de sorte...
O
‘lobo fanfarrão’
ainda tentou
ingressar em outras matilhas mas já era tarde, sua
história já estava espalhada ‘por todo o mundo’, e para piorar a historia tinha
como trilha sonora a ‘maldita cantiga’. De idosos às crianças todos cantavam.
“Música ruim, toca em todo canto” se conformava o lobo. “Se é para ser caçoado
por estranhos, prefiro ser caçoado pelo os meus.” E assim, voltou para casa.
Quando ia se aproximando foi avistado
e reconhecido por um grupo de crianças que estavam
brincando: “Olha, olha é o lobo do ‘dia de sorte’ começaram a cantar em forma
de ciranda: “Hoje é teu dia de sorte, hoje é teu dia de sorte...” O lobo
começou a rir, e
ia dizendo baixinho: “Eu mereço, eu mereço!”
É
O QUe SE Tem
Uma mulher enquanto jovem se vestia
bastante formal, pois alegava: “Quero ser reconhecida pelo
meu conhecimento, não pela minha beleza!” Assim o tempo passou. Quando madura começou
a se vestir de forma mais sensual. Um amigo seu de longa data lhe
perguntou:
“Quando eras jovem não se vestia
assim, e agora que estás madura o faz. Por que? Achas que
chamarás atenção agora, como poderia ter chamado anos atrás?” A mulher entendeu
o teor daquelas palavras, daquelas perguntas, mas para não ‘ficar por baixo’
respondeu de forma definitiva: “É o que se tem, é o que se usa!”
1 -
A juventude e a sensualidade tem
prazo de validade.
2 –
No amadurecer deve-se continuar
zelando pelo corpo.
3 –
Saber usufruir das etapas da vida, e
não se entregar para o tempo. Se não pode vencê-lo, faça
um acordo com este, pelo menos durante certo tempo.
IMPERador
Um homem queria por que queria
controlar a vida: casamento, filhos, empresa, amigos e
outras coisas. Morreu de exaustão.
O
SIMPles NO COMPLexo
Ia a lesma caminhando, seu caminhar
lento e arrastado, quando encostou um elefante que lhe
‘alfinetou’: “Como é para ti ser um ser tão simples. Por outro lado, veja eu,
sou um ser tão complexo!”, falou com todo orgulho o elefante.
A lesma com toda a ‘paciência do
mundo’ respondeu: “É na simplicidade que está a perfeição.
Quanto menos necessidade se tem, mais completo se é. A beleza está no simples.
Sendo que a complexidade sempre, como um rio, acaba por desaguar no mar da
simplicidade.” O elefante ‘engoliu o seco’ e mudou de assunto: “Então, lembra
aquele dia...”
1 –
O arrogante se acha melhor que
todo mundo, mas termina no mesmo lugar que os outros.
2 –
A felicidade está nas coisas simples,
num aperto de mão, num abraço, num ‘bom dia’, no aroma de
uma flor...
BÉÉéé
Certo dia um rebanho de ovelhas
estava fazendo seu percurso quando ouviu: Béééé-béééé! As
ovelhas se indagaram: “O que faz um bode em nosso meio?”
1 – Boas pessoas devem sempre se
precaver contra elementos nocivos.
ANDORInha
TEIMosa
Esforçava-se ao máximo uma mulher
para mudar a situação precária do seu vilarejo. “Mulher”
disse uma amiga, “para mudar é preciso querer mudar. Tu te esforças tanto para
um povo que não está nem ai para nada. Tu te esqueceste do ditado que diz: Uma
andorinha só não faz verão.” “Com certeza lembro” respondeu, e completou “Mas o
meu é: Uma andorinha só não faz verão, mas tenta. E eu estou tentando. Ah! Isso
estou!”
1 – Mesmo diante das tempestades e
da indiferença mordaz, não devemos ceder, porque este
ceder não significa apenas uma derrota, mas a própria ‘morte’...
TUDo DE UMa Vez E Uma COISa DE
CADa VEz
Dois bodes caminhavam a procura de
um novo pasto, pois o pasto onde eles se alimentavam havia
sido encharcado. Quando chegaram num determinado morro, olharam adiante e se
depararam com um campo de pastos verdejantes, ficaram boquiabertos, admirados e
contentes.
O jovem bode, num momento de puro
êxtase, disse exaltadamente: “Vamos, vamos; conte até três
e tudo de uma vez! Vamos correndo comer tudo que vemos pela frente!” Ao passo
que o bode maduro, com calma, falou suavemente: “Não! Vamos andando, e
comeremos lentamente tudo que encontramos pela frente, um por um”
1 – Evitar a gula que deforma o corpo e
a mente.
2 –
A experiência dos mais velhos deve
ser apreciada.
3 –
Saber gastar com diligência para
que não venha a faltar; para que não se venha dizer
depois: “No momento que eu estava mais precisando, não tenho...”
A FOme DOí
Aquele
homem, apesar
de ainda
jovem, já era muito experimentado pela vida. Já havia
passado por duas paixões (amorosas), conflitos familiares, sociais, etc. Até
que um dia perdeu ‘tudo que tinha’ e passou a vagar pelo mundo, vindo a passar
vários dias de fome. Com o tempo conseguiu um trabalho de carregador de
estivas. Juntou na base do sofrimento certa quantia e montou um pequeno
negócio, que prosperou.
Estava
ele conferindo
o estoque
quando chegou um dos seus clientes mais fiéis que gostava
de comprar e ‘puxar conversa’. Foi quando o comerciante olhou nos olhos daquele
homem e viu as ‘tormentas do mar’, o desespero naqueles olhos. Então o
desesperado começou a questionar, olhando para o comerciante:
“Não há, e jamais haverá dor maior do
que a da paixão não correspondida.”O outro que já tinha
enfrentado o ‘mar’ explanou: “Já senti a dor da paixão não correspondida, sim,
já senti. Porém não há dor maior do que a dor da fome não correspondida por um
prato de comida. A fome dói, a fome degenera, a fome mata!”
“O problema, meu amigo, é que eu
nunca senti essa dor, eu só tenho certeza da dor da paixão
não correspondida” disse o homem se remoendo por dentro.
1 –
Um problema sempre pode vir
acompanhado de um problema maior.
2 –
Um homem experimentado sabe o
quanto as ilusões da vida podem nos cegar.
3 –
Todo ser... humano tem direito ao
alimento.
4 –
Saber distinguir fome natural da
emocional.
5 –
Cada um sabe a dor que sente, por
isso é difícil explicar sobre uma dor para alguém que
nunca a sentiu...
MATou
PELo o CANSAço
Duas irmãs separadas na infância
passaram a coabitar a mesma casa. Mas apesar de irmãs eram
completamente diferentes; uma era calma, a outra alvoroçada; uma amava o
silêncio, e a outra o barulho. Uma gostava de ler e a outra ‘Não perdia tempo
com isso’. O que não significava que a irmã calma não tivesse força.
Várias vezes a irmã calma pediu a irmã
alvoroçada que contivesse seu ímpeto e usasse de mais
respeito para com ela, coisa que lhe ‘batia nos ouvidos e voltava’.
Depois de um tempo
a irmã paciente
falou moderadamente para ‘a alvoroçada’: “Me mataste pelo
o cansaço. Se tu não mudas, mudo eu.” E foi embora. A partir daí ‘a alvoroçada’
conheceu a tristeza e a solidão. E muitas vezes ficou ali na janela à tardinha,
olhando o caminho onde viu sua amável irmã pela última vez.
Outro dia se lamentou: “Eu te matei
pelo cansaço, e tu me mata de saudade, tu me mata de
ausência.” E foi dormir pensado naquela irmã maravilhosa que estivera ali na
‘palma da sua mão’, e que ela com seu destempero, deixou escorrer como se fosse
líquido.
1 –
Quem nos valorizar, merece valor.
2 –
Às vezes perturbamos tanto uma
pessoa... que acabamos por perdê-la.
3 –
Gentileza por gentileza; se não, a
gentileza morre, ou vai embora...
DO
LADo DE FORa
Um
grupo de
asnos passavam
carregando suas cargas. No meio dos asnos, um passou a
questionar: “Desde que me entendo, carrego esses fardos; igual ao meu pai, avô,
bisavô... e pelo andar da carruagem, creio que meu filho também.” Foi quando
passou a olhar para o lado (esquerdo) e perguntou para um asno mais adulto que
ia passando:
“Por que carregas esses fardos?” “Por
que sou um asno”, respondeu simplesmente. E perguntou para
outro asno que passava a direita: “Porque esse é o nosso destino”, respondeu
sem constrangimento. “Com isso você quer dizer que nascemos assim e temos que
morrer assim?” “É por ai!” respondeu o velho asno que seguiu com seu fardo.
Então o asno questionador foi se
afastando dos outros asnos, andando cada vez mais lento, e
se aproximando da beira da estrada. Entrou na mata, abandonou a carga, e foi em
busca da sua liberdade. Mais adiante encontrou uns cavalos selvagens e os
admirou. Quando os cavalos começaram a correr, ele também começou a correr para
acompanhar os cavalos.
Quando o líder dos cavalos percebeu
que algo incomodava o grupo, procurou saber o que estava
acontecendo. Viu o asno querendo entrar em meio aos cavalos e foi ao seu
encalço: “O que fazes aqui?” “Eu quero ser livre como vocês!” “Nunca serás”,
disse o majestoso cavalo, “és asno e como asno deves se comportar. Porque aqui
quando um cavalo começa a ser comportar como um ‘asno’ ele é repreendido, e se
continuar é convidado a retirar-se!”
Estas palavras foram como muitas
águas de uma enchente que invadiram o coração do jovem
asno, deprimindo-o. Ele olhou para trás e saiu correndo como se fosse alçar
vôo, pegou a sua carga e saiu correndo o máximo que pôde para encontrar os
outros asnos que não queriam ser cavalos. Agradeceu por estar ali e nunca mais
questionou sobre ‘o peso nos lombos’; porque é asno, pronto e ponto final.
1 –
O que muitos seguem pode fazer o
falso parecer verdadeiro.
2 –
Não permitir que o preconceito
limite nossas ações, nossos sonhos.
3 –
Há aquele que é o senhor do seu
destino, e há o que é escravo do destino.
4 –
Tua liberdade sempre vai bater com
a liberdade dos outros.
5 –
Estar entre os nossos sempre traz
grande felicidade, mesmo que seja em situações extremas.
6 –
As palavras têm o poder de erguer
e de derrubar, de vivificar e de matar.
NEm
UM, NEm Outro
Uma mulher queria, porque
queria, se
casar e ter um filho. Nisso foram aparecendo os pretendentes.
Um ela dispensou porque tinha o nariz grande, pensou:
“Não quero que chamem meu filho de
narigudo.” Veio um baixinho: “Ninguém chamará meu filho de
toquinho.” Veio um ancião: “Meu filho conhecerá o pai por pouco tempo.” Veio um
jovem: “Não, pensarão que ele é irmão do meu filho.” Veio um atleta: “Não, ele
vai querer que meu filho seja atleta, e eu quero que ele seja médico.” Veio um
pobre: “Não, o meu filho terá dificuldades.” Veio um rico:
“Não, ele vai querer dar tudo para o
meu filho, e isso não é bom.” Veio um estrangeiro: “Não,
não quero o meu filho misturado.” Morreu solteira e nunca teve ‘o seu filho’.
1 – Às vezes se escolhe tanto que se
finda sem nada, 2 – Ninguém é perfeito...
DE NOIte É DE NOIte, E DE DIA É DE DIA
Um
morcego desejava muito ser
diferente. Então falou para os seus amigos na caverna:
“Não quero mais viver como todos vivem¨. Seu amigo caçoando dele perguntou
ironizando:
“Oh! E como queres viver grande
libertário?” E todos riram. Mas ele não perdeu a pose: “Se
vocês são os morcegos da noite, eu serei o morcego do dia.” E seus amigos riram
mais ainda. “Aqui”, disse “todo mundo é igual, fazem as mesmas coisas, eu quero
ser e fazer diferente”, e voou, saindo da caverna; indo de encontro ao sol foi
o ‘morcego do dia’.
Não demorou muito ficou com a visão
toda ofuscada e caiu no chão. E saiu rastejando,
pateticamente, para debaixo da sombra de um rochedo e passou o resto do dia
ali, esperando a noite chegar. E quando a noite chegou, voou e foi de encontro
ao seus ‘iguais’. E se misturando a estes, que começaram a lhe questionar:
“Então grande morcego do dia, o que estas fazendo em meio aos morcegos da
noite?” “Apenas visitando”, respondeu, cheio de si “apesar das diferenças,
ainda somos amigos.”
Os dias foram passando e o ‘morcego
do dia’ passava o dia na caverna com os morcegos, e a
noite saia com eles. A máscara caiu. Os morcegos bagunçavam com ele da seguinte
forma: “Fala então, Oh! Grande Diferente”, “Este é libertário”. Um amigo chegou
com o ‘morcego do dia’ após vê-lo ser alvo de tantas piadas e avacalhação, e
lhe disse: “Parabéns! Querias ser diferente, pois bem, agora tu realmente o
és.” Este todo envergonhado recolheu a cabeça entre suas asas. E o ‘morcego do
dia’, mais uma vez, esperou a noite chegar.
1
– O pior preconceito é o que se nutre
contra si mesmo. Ou pela sua origem.
2
– Tem certas coisas que nunca
deixaremos de ser.
3 – Às vezes queremos ser tão diferentes, que acabamos por virar alvo de
piadas, e não levados a sério.
4 – Quando se volta para um lugar que se renegou passa-se muita
vergonha, isto é, para aquele que a possui...
O
SONHador Da REALIDAde
Havia um homem que vivia sonhando.
Sonhava com um mundo melhor, sonhava com isso e sonhava com aquilo. Mas as
pessoas sempre retrucavam: “Deixar de ser sonhador! As coisas são do jeito que
são. Encontramos o mundo assim, e não o deixaremos melhor quando partirmos!”
Mas ele não se contentava: “Sem
sonhos não existe a realidade. Veja aquele prédio, um dia
alguém sonhou em construí-lo, e realizou.” “Certo”, confirmou um cidadão, “uma
coisa é uma coisa, e a outra coisa é outra coisa. Ficamos assim, há os sonhos
viáveis e há os sonhos inviáveis. Os teus estão mais para utopia do que para o
mundo real.” Calou-se o sonhador.
Mas um dia a pequena cidade, que fora
construída próxima a uma represa, se viu ameaçada pelo
rompimento desta, depois de vários dias de chuva forte, como nunca havia
acontecido naquela região. O povo dali ficou apavorado, pois, a qualquer
momento a represa poderia transbordar, ou pior, romper-se. Criou-se um alarde
intenso.
O sonhador conhecia aquela represa e
aquela região. Ele sabia que havia um lado da represa que
fazia fronteira com um morro, e que caia num grande penhasco. Pegou um carrinho
de mão, uma pá, uma inchada, um terçado, e foi na direção da represa. “Mais
essa agora”, disse um cidadão, “todo mundo numa agoniação só, e esse maluco,
ainda preocupado em plantar!”
No outro dia o homem sonhador foi de
novo. Mas, ao terceiro dia um cidadão o seguiu. E o
encontrou abrindo uma pequena vala, entre a represa e o penhasco, do lado
desta. Esta cena emocionou aquele homem que correu para a cidade informando ao
povo o que ele descobrira sobre o ‘Sonhador’.
Todos se orgulharam do
‘Maluco Sonhador’. E saíram catando
todo tipo de ferramentas que pudessem ser usadas naquele tipo de empreitada e
foram. Quando o ‘Sonhador’ viu a multidão se aproximando, começou a
chorar... coisa que ninguém percebeu,
pois estava chovendo.
Então
todos passaram
a escavar
pequenas valas, uma ao lado da outra e a medida que a água
ia passando ia derrubando essas ‘paredes’ e a vala aumentava, e aumentando
assim o fluxo da água que vazava em direção ao penhasco que dava para um belo
vale. O que diminuiu a pressão da água sobre a represa, eliminando assim o
perigo, salvando a barragem e a cidade.
Desde então, aquela cidade que se
chamava Capitólio passou a ser chamada de ‘A Cidade dos
Sonhos Reais’, em homenagem ao ‘homem sonhador’. E ecoou por aquela cidade a
seguinte canção:
Eu tenho um sonho
E meu sonho é real
Eu posso transformar um sonho Em
algo factual.
Que apesar da realidade atroz
Podemos nos unir
E realizar um mundo melhor
Para cada um de nós.
E assim vou
E assim vou
Através da alegria e da dor
Para a realidade vivo acordado
Mas sou um sonhador.
A MULher QUE NÃo GOSTAva DE
POEsia
Uma
prefeita instituiu uma lei
decretando que naquela cidade estava proibida qualquer
menção a poesia. Sobre a alegação que aquilo ‘corrompia a juventude’. Mas um
opositor político da prefeita não se deu por satisfeito.
E foi procurar saber qual era a causa de
tamanho ódio que a prefeita tinha contra a poesia, a qual
ele amava a longa data. Sendo inclusive um ‘poeta de mão cheia’, conhecido e
reconhecido.
Ela nasceu nessa cidade, mas ainda
pequena, seus pais a levaram para a cidade vizinha, de onde
veio já adulta. Ele seguiu, então, a trilha do passado da prefeita. E descobriu
que o sonho da prefeita era ser poeta. Coisa que sua mãe lhe dizia: “Isso é
coisa sem futuro!”
Denunciou no Capitólio que a lei ‘anti-
poesia’ era uma farsa, baseada nos traumas da prefeita. E
na eleição seguinte o opositor poeta venceu a prefeita rancorosa, como ele a
chamava em sua campanha.
Mas o prefeito, como poeta que era
um dia chamou a ex-prefeita para juntos tomarem um café e
‘trocar umas idéias’. “Onde estão tuas obras? Suas poesias. Não me negue, pois
sei que tens!” “Guardadas a sete chaves”, respondeu a ex-prefeita.
“Pegue uma chave-mestra, abra e me
traga”, disse o prefeito poeta de forma pândega. A
exprefeita se sentiu bem com essa colocação do prefeito. “Sim, farei!” Sete
dias depois, ela trouxe sete livros e os deixou com o prefeito poeta.
O prefeito, à medida que tinha um
tempo disponível, ia lendo e se maravilhando com a obra da
sua antiga opositora. Inclusive fez o prefácio do primeiro livro lançado pela
poetisa e ex-prefeita.
Sua obra não foi só conhecida mais
também reconhecida. E assim a poeta ex-prefeita e o
prefeito poeta, fizeram uma parceria que imortalizou a ambos. E assim abraçaram
a felicidade que emergia da literatura e nunca mais voltou para a política. Sua
mãe antes de falecer lhe pediu perdão por sua oposição intransigente de não lhe
permitir seguir seus sonhos, pois esses são o que dão sentido a vida e morreu
cheia de orgulho da sua filha escritora.
QUANdo O PROVIsório É ETERno E O ETERno É PROVIsório.
Havia um homem que gostava de usar
as palavras
‘provisórias’ e ‘eternas’. Quando foi construir uma casa fez uma casa
simplória quando podia ter construído um ‘castelo’. Quando sua mulher lhe
perguntou: “Por que isso?” Ele respondeu com toda a certeza que tinha: “Não se
preocupe mulher, é provisório.” E foi eterno. Quando montou um negócio, a
mulher perguntou:
“É provisório?”
“Não, é
eterno”,
respondeu com uma certeza de rocha. Durou três meses.
Outro dia estava ‘O provisório-eterno’
fazendo uma encanação do banheiro, que fizera no fundo do
quintal, para acoplá-la na encanação que saia da casa para a rua. Um dos seus
filhos ainda muito jovem questionou: “Pai, do jeito que o senhor está fazendo,
cheio de emendas, vai dar problema no futuro.” “Sim, mas não se preocupe, é
provisório”, anos depois, os banheiros estavam entupidos.
Um dia estava ajeitando uma parte do
quintal, onde ia fazer um viveiro, pois este gostava de
criar animais. Sua mulher enraivecida saiu ao seu encontro: “O que estais a
fazer com o nosso quintal?” “Não se preocupe, é provisório!”.
“Provisório, provisório, eterno,
eterno. Eu não aguento mais ouvir isso! O que tenho certeza é que tua vida,
essa sim, é provisória. Então, faça com que sua vida e a nossa melhore!”. O
‘provisório-eterno’ olhou para a sua esposa assustado e com grande
admiração, e num lapso de consciência
disse: “Mas essas palavras são provisórias ou eternas?” “Aaaaaaah! Para mim
chega, eu vou é fazer o almoço e cuidar de minha fome provisória, porque a tua
ladainha é eterna”
O mini zoológico no fundo do quintal
que seria ‘provisório’ tornou-se ‘eterno’. Depois de vinte
anos, ali continua cheio de cachorros, gatos, galinhas, tartarugas e camaleões
que vivem ocultos no verde das árvores espalhadas pelo o quintal.
1 – É preciso distinguir entre o que é
realmente ‘provisório’ e o que é ‘eterno’, entre aquilo
que permanece e o que passa...
CAVAlo
Nâo TEm CHIfres
Uma mulher que fora muito ruim com
o seu primeiro marido, mesmo quando este lhe respeitava e
fazia tudo por ela. Acabou por se separar deste. Já com o segundo marido, ela
recebe o contrário do que o seu primeiro esposo lhe dava.
Um dia uma amiga da mãe do segundo
esposo conversando com esta lhe disse: “Como são as coisas
minha amiga. Observa como essa mulher faz tudo o que teu filho quer, mesmo
quando ele está errado.” “Às coisas”, disse a impassível mulher, “nesse caso
são assim: o bom perdeu onde o ruim se fartou. Isso se dá porque: “Cavalo não
tem chifres”.
A JUVENtude É CURta E A VELHIce É
LONga
Indo visitar uma amiga de longa data,
um homem encontrou sua amiga cabisbaixa e indignada: “O
que se passa minha velha amiga?” “Meu amigo”, disse a mulher, “aqui tudo é
comigo: se chove, enxugo; se suja, limpo; se faz quente, faço esfriar; se
esfria, faço esquentar. Para mim chega. E ainda sou aconselhada a estudar nessa
idade. Isso tem cabimento? Já vivi o que tinha que viver, me privei e fui privada dos meus sonhos em
prol dos outros. Confiei meus anos a quem não merecia e agora o que me resta é
viver bem o resto de vida que tenho. Porque: a juventude é curta, e a velhice é
longa.”
A RESPOSta
Um pombo foi autorizado a andar com
os gaviões, pelo líder dos mesmos, pois dizia que os
admirava. Um gavião mais crítico se aproximou do pombo enquanto estes voavam e
disse: “Achas mesmo que será um de nós, só porque anda conosco?” O que o pombo
ponderou:
“Posso até não ser
um de vocês, mas
tenho a honra de andar com aqueles a quem admiro... se não
tenho a aparência e a força de vocês, tenho o espírito que se assemelha ao de
vocês, por isso ando convosco.” Esse gavião admirou a retórica do pombo e
disse: “Então, vamos voar.”
1 – É preciso convencer aqueles que
são diferentes de nós a aceitar que é possível o
convívio...
As
TRÊs FILhas
Uma mulher tinha três filhas, que
quando ficaram adultas disseram para sua mãe: “Mãe,
crescemos, já somos adultas, precisamos conhecer o mundo.” E foram.
Algum tempo depois, a mãe avistou no
horizonte uma silhueta feminina no crepúsculo da tarde. E
se aproximando, identificou a caçula. Esta se chegou, abraçou-a demoradamente e
disse:
“Mãe, me perdoe por não te ouvido
tuas palavras, quando a senhora disse que o mundo é um
moinho. Ele me triturou.” Depois chegou a filha do meio e disse:
“Mãe, o
mundo é
grande e
maravilhoso.” E quando a filha mais velha chegou, esta
disse: “Mãe, o mundo é um oásis e um rolo compressor. A senhora me dava o
peixe, mas eu tive que aprender a pescar no mar do mundo. E assim, tornei-me
mais forte”.
O
PIOR INIMigo
Um general estava enfrentando um
exército de uma província revoltosa. Quando ele observou
que seus soldados estavam discutindo uns com os outros e relaxados, chegou a uma conclusão. Viu que era por isso
estava perdendo a batalha:
“Não há nada mais terrível do que ser
derrotado pelo seu próprio exército”. Ponderou o grande
general, melancolicamente.
A CISMada
Uma mulher cismou com outra de sua
comunidade, por esta ser muito boa e considerada por
aquelas pessoas. Dizia: “Aposto que o bem que ela faz é para tirar algum
proveito. Deve querer se candidatar a algum cargo público!”
Os anos se passaram e nada. A gentil
mulher veio a falecer, foi enterrada em glória e sua
memória e feitos tratados como os de uma santa. Já a rancorosa morreu no mesmo
dia da outra. Estiveram presentes em seu enterro, sua mãe, dois irmãos e,
obrigatoriamente, o coveiro.
1 –
Pessoas ruins pensam que todos são iguais a eles...
O UMa COIsa PODe SEr OUTra COIsa?
Um homem pegou um filhote de porco
para criar e o levou para sua fazenda. O porco foi criado
como um animal domestico, sem nunca ter visitado a coxia. Mas um dia ele foi
visitar um amigo que criava porcos. Lá chegando, e seu amigo vendo aquele
animal disse:
“Só você mesmo, para ter um porco
todo engomado e cheiroso.” “Por que não? Disse ele, “uma
coisa não precisa ser sempre aquela mesma coisa” O amigo riu e disse: “Tudo
bem, não concordo, mas não vamos discutir por causa disso!”
Da varanda dava para ver a coxia com
os porcos lá embaixo. O amigo então sugeriu: “Solte seu
porco para pegar um sol na varanda!” “Claro, por que não?” Então, quando ele
soltou a coleirinha do pescoço do porco ele saiu ‘onc, onc, onc’, desceu a
escada e foi correndo para a coxia se jogar na lama com os outros porcos.
O dono do porco ficou olhando com
um olhar decepcionado e seu amigo rindo muito disse: “Uma
coisa pode ser outra coisa, uma coisa pode ser outra coisa!” E gargalhava.
Por
Trás DA CORTina
A águia, um dia, foi passar uns tempos
na casa da sua irmã gralha e da sua filha. Com o passar
dos dias, a águia defendia sua sobrinha quando esta percebia que sua irmã
gralha agia de maneira injusta.
A águia muitas
vezes conversou com
sua sobrinha sobre a vida, os céus e como enfrentar as
correntes de ar. Essa sobrinha tinha orgulho de dizer que aquela águia era seu
parente ‘preferido’.
Mas um outro dia, depois de uma
discussão com sua irmã gralha, a águia resolveu alçar vôo
dali, mas, antes esclareceu: “Não sou daqui e nem vim para ficar. Há
personalidades que nunca vão se dar
bem.” E foi-se. Porém, a águia, em sua grande visão, observou que sua querida
sobrinha ‘não deu um piu’ em sua defesa. Passou o tempo.
Um dos irmãos da águia conversou
com o pombo. Confessou-lhe que esta dita sobrinha havia
lhe pedido várias vezes para que este devolvesse o ninho da águia. E que esta
havia lhe emprestado para que ele tentasse um negócio, temporariamente.
A águia passou a habitar num ninho
velho, cheio de infiltrações. Enquanto seu irmão ‘se
resolvia’, disse a águia: “Aqui em meios aos escombros tenho paz.” O pombo
estava louco para fuxicar, e já havia visitado a águia duas vezes, mas não teve
coragem de falar-lhe sobre sua sobrinha.
Mas um dia, não mais se contendo,
começou a falar: “Nobre amiga, és minha amiga de longa
data.” “Sim, sou”, confirmou a águia. “E o que te ofende, me ofende, o que te
prejudica, me prejudica.” A águia, olhou para aquele pombo “bondoso”, quase
rindo daquilo e disse:
“O que seria de mim, sem um amigo
tão zeloso. Mas, me diga o que te prejudica, porque me
afeta?” Continuou o pombo: “Lembra de vossa sobrinha. “Sim, o que há com ela?”
Perguntou a águia gravemente. “Sabias que ela ansiava por tua saída da casa da
tua irmã gralha, para assim usufruir daquele ‘pequeno mundo’ sozinha?”
A
águia, já sisuda, disse em tom mais
grave ainda: “Especifique!” “Teu irmão”, prosseguiu o
pombo, “falou-me que ela pedia várias vezes para que ele lhe devolvesse o teu
ninho, pois você a importunava em demasia. Para que ele a tirasse da casa dela.
A águia fez então um silêncio tão profundo, a ponto do que o pombo passasse a
temer sua reação.
Foi quando a águia disse: “Bom”,
rompendo assim o tenebroso silêncio para alívio do pombo,
e completou a águia: “Filha de gralha, gralhinha”. O pombo sentimentalizando
disse: “Nenhuma adaga corta mais profundamente do que a adaga daqueles a quem
amamos; esta perfura firme e fortemente”. “Sabe”, disse a águia, olhando para o
horizonte perdido, após o impacto sísmico:
“O coração do
homem é terra aonde
ninguém vai, e a gratidão e o respeito só pertencem aos
grandes.” E alçou vôo. O pombo saiu atrás dela: “Amiga, amiga, escuta só,
escuta só, o que eu descobri também...”
1 – Até os fofoqueiros têm serventia...
O
IMPORTante É O Fim
Havia dois homens que entraram numa
sociedade. Um destes não tinha nenhuma visão para negócio
e, além disso, ainda era ‘gastador. Um desses sócios fez de tudo para salvar
esse negócio, chegando a trabalhar de domingo a domingo, mais era uma luta
inútil, era um gigante esmurrando fumaça. Um dia já muito cansado física e
mentalmente, saturado por tudo que tinha passado nessa batalha épica e utópica,
chegou com o seu sócio e se pôs:
“Eu me rendo, é impossível vencer-te.
Porque é mais fácil destruir do que construir. Um castelo pode ser edificado em
muitas semanas, mas pode ser destruído em poucos minutos. Sei que existem altos
e baixos, mas nós só vivemos no ‘baixo. Vamos romper!” “Se fizeres isso”,
falando em tom ameaçador, “te farei isso e aquilo.”
E o homem com a certeza da certeza,
disse conscientemente: “Que assim seja. Tem horas que é
preciso mudar mesmo que o mundo desabe sobre nós, porque depois do fundo do
poço ainda tem mais chão. E foi se retirando segurando seu guarda-chuva,
encostando a ponta deste no chão à medida que dava um passo.
Mas o outro replicou: “Eu vou fazer o
que falei”, e o outro já a uns passos adiante, parou olhou
para trás e disse: “Tenho grande receio que não o faças, porque para mim, o importante é o fim.”
1 –
Evitar se juntar com mesquinhos,
porque mesmo em sociedade eles só pensam em si próprios,
mesmo que isso signifique a ruína do próprio empreendimento.
2 –
Tem coisas que atingem um nível
tão insuportável, que é preferível o fim, que tudo acabe e
fique entre os escombros, do que continuar insistindo...
O
CÉu ESTRELado
O mendigo estava ali deitado na
calçada contemplando o céu estrelado. Quando o seu amigo
de rua chegou, esticou o papelão e deitou ao seu lado. “Homem”, disse o
primeiro, “pense em alguém que andou, andou, e não achou nada. Meus pés criaram
calos e me sinto muito fatigado. Isso dói. Sabe de uma coisa?” “Diga”,
respondeu o outro. E aquele continuou: “A miséria é um pecado.”
Mas
o outro
mendigo continuou
olhando para o céu do luar, respirou fundo e explicou sua
situação:
“A única alegria que tive essa semana
toda é esse céu estrelado. Estou há três dias sem comer.
Tudo que tentei deu errado. Não consegui uma simples moeda. Hoje colhi essas
baganas de cigarros e achei uma caixa de fósforos que alguém esqueceu na
calçada. Isso é o que está dando um alivio em minha vida.” Às vezes reclamamos
tanto, mas ainda há gente em situação pior do que a nossa.” Finalizou ‘o
mendigo do luar’, se tranqüilizando, “Sim, é verdade”, confirmou o outro.
“Mas’, continuou ‘o mendigo do luar’
sobre aquilo que tu falaste, de que a miséria é um pecado,
não é verdade: A miséria é o próprio castigo.”
TODo
MUNdo MENte?
O mentiroso saiu espalhando suas
mentiras pelo bairro: disse que já havia sido abduzido por
discos voadores; que a mãe d`água havia lhe arrastado para o fundo do rio, mas
que conseguira escapar; que já havia sido astronauta; que permaneceu durante
dez minutos no fogo de uma grande fogueira, mas não se queimou.
Um dia ele encostou-se a uma roda de
homens que jogavam xadrez, e mais uma vez começou com suas
estórias, dizendo que era um ‘expert’ na arte do xadrez e que já havia ganhado
vários campeonatos.
Um dos homens já incomodado com
aquela “conversa para elefante dormir” disse: “Certo,
prove-me. Sente ai, e vamos jogar.” Ele sentou e começou a partida, ele até que
deu combate, mais depois acabou sendo vencido. “Olha”, disse o vencedor “tu até
que joga um pouco. Mas daí para ganhar campeonatos, não. Ou seja, você
mentiu!”, E ainda aconselhou: “Pegue essa tua imaginação e vai escrever livros
de ficção, quem sabe não é ai que está o teu talento?” O mentiroso olhou para
aquele homem com um olhar firme e reto:
“Não sei o que tanto te ofende, pois
todo mundo mente.” E ficou com uma pose de vitoriano.
“Sim”, emendou o mestre do xadrez, “todo mundo mente, mas nem todo mundo é
mentiroso.”
1 –
Ninguém é mais suspeito do que
aquele que suspeita de todos.
2 –
Cuidado, pois um dia podes ser
testado pelas as coisas que afirmas.
3 –
A imaginação corre veloz, veloz
como um cavalo a galope, por isso é preciso lhe por
rédeas, se não de tanto correr começará a voar, a voar, a voar e... cair.
BEm- Ti- Vi
Um bem-te-vi fez amizade com um
gavião. Os seus reprimiam-no, mas ele se defendia da
seguinte forma: “Devemos acreditar que as coisas podem mudar para melhor. E que
as diferenças devem servir para unir, não para separar.” E a amizade continuou.
Porém um dia o rei dos gaviões tomou
conhecimento dessa amizade. Mandou investigar e descobriu
que o pai daquele bem-te-vi era um valente guerreiro, que o enfrentou e o fez
perder a perna quando este despencou dos céus, enquanto o bem-te-vi saiu apenas
com alguns ferimentos.
Então o rei mandou chamar aquele
gavião, amigo do bem-te-vi, em seus aposentos. Explicou a
situação e disse que ia se vingar do pai através do filho. O gavião tentou
argumentar: “Cada um deve pagar por si mesmo.”
O rei
usou de autoritarismo: “Ousa
questionar o teu rei?” Não majestade, longe de mim tamanho
ultraje!” “Quero que tragas aquele bem-te-vi, para uma armadilha.” “Majestade,
como posso cometer tamanho desatino, contra mim mesmo? Seria minha desonra
eterna!” “O reino acima de tudo”, disse o rei. “De que me vale uma vida
desgraçada na má fama?”, disse o gavião aflito.
“Se não fores, eu te punirei!”, ameaçou
o impaciente rei. “Ao seu dispor!”, rendeu-se o gavião. O
rei, astuto que era, viu que não era possível ameaçá-lo em sua pessoa e
comunicou: “Digo-te que se não fizeres o que mando, a desgraça abaterá tua
família! “Então o gavião calou, e o rei entendeu”.
“Farás
assim...” E morrendo por
dentro, o gavião foi até o seu grande amigo bem-te-vi.
Convidou-o para mostrar um lugar maravilhoso que este acabara de
descobrir.
“Vamos lá meu amigo, ampliemos
nossos horizontes”, explanou alegremente o gavião. “Boas
amizades enriquecem a vida”, completou o bem-te-vi. E foram.
E ao passarem pelo local em que o rei
havia determinado, os gaviões saíram da tocaia e avançaram
sobre o bem-te-vi; que ainda teve tempo de olhar para o seu querido amigo e
perguntar:
“O
que está
acontecendo, meu
amigo?” Em resposta os olhos do gavião lamentavam:
“Perdoe-me meu grande amigo!” O rei aproximou-se e lhe deu o golpe
“misericordioso”. Saciou-se o rei de sua sede de vingança. E ainda enviou o
corpo para o rei bem-te-vi, para mostrar que tinha se vingado pela ‘infâmia de
outrora’. O rei bem-te-vi ficou desolado, assim como o seu povo. E a guerra foi
declarada.
No fundo era o que realmente o rei
gavião desejava já há alguns anos.
Toda vez que o gavião olhava para sua
família, salva e com saúde, sentia-se muito feliz, mas a
imagem do seu amigo bem-te-vi sempre lhe cortava o pensamento, e a tristeza lhe
invadia. Certo dia nublado e escuro, o gavião se despediu da sua família como
se fosse à última vez e saiu, fechando a porta lentamente, eternizando aquele
momento.
À medida que a porta fechava, ele via
os rostos daqueles seres tão amados sumindo no fechar da
porta. Não voou, mas foi andando, como alguém que nunca queria chegar. Chegou
numa pequena colina que ficava em campo aberto. Os pingos d’água que o
acompanhavam agora eram pesados, pois a chuva gradativamente engrossava. Olhou
para os céus: “Parece triste e perturbado como minha alma.” Alçou voo.
Em linha reta subiu, subiu o máximo
que sua resistência pudesse suportar, talvez até um pouco
mais, depois deu um giro e se lançou em queda livre pelos os céus da
tormenta.
Nem
os sons
dos relâmpagos
conseguiram abafar as batidas fortes do seu coração. E em
desolação disse o gavião: “Amigo, meu amigo vou ao teu encontro. Não há um só
dia que eu não pense em ti. Não há um só dia em que eu não me crucifique pelo o
que eu fiz!” Enquanto imagens, momentos e palavras sucessivas invadiam sua
mente, da sua família, amigos, mas principalmente do seu grande amigo
bem-te-vi. Perto do campo havia uma bela cachoeira onde o gavião se
precipitou.
Quando
os familiares
do gavião
perceberam que este se demorava demais, solicitaram ao rei
que os batedores ajudassem na procura.
O corpo do gavião foi encontrado
preso a um galho de árvore na margem do rio. O pai do
gavião pediu ao rei que seu filho fosse enterrado com a benção real. O
taciturno rei apenas disse asperamente: “Nunca darei minha bênção para um
fraco! Um gavião amigo de bem-te-vi!” E o pai do gavião saiu duplamente
entristecido e enterrou o filho no ‘cemitério dos renegados’.
1 - ...
CONFLito
DE GÊNios
Certo dia saíram para caçar: um urubu,
uma águia e uma hiena. A águia avistou uma lebre,
mergulhou no ar, agarrou e matou a lebre. Logo após, chegaram o urubu e a
hiena. A águia disse então: “Vamos comer!” Ao que o urubu retrucou: “Preciso
primeiro esperar que ela vire carcaça.” E a hiena: “Preciso guardá-la para
comê-la aos poucos.”
1 –
É muito difícil, quando não inviável,
fazer parceria com desiguais.
2 –
Cada um tem sua própria forma de
suprir suas necessidades...
MUDar
PARa PIOr
Uma jovem mulher fora visitar sua
amiga e a encontrou bastante irrequieta. Esta olhou para
ela e disse: “Às vezes é preciso mudar nem que seja para pior; porque do jeito
que está não dá para ficar.” Sua jovem amiga impressionada e ao mesmo tempo
confusa com aquelas palavras retrucou: “Como assim, ‘mudar para pior’”?
Quem em sã consciência iria desejar
isso?” A amiga respondeu: “Guarde estas palavras, pois
haverá um momento na tua vida que vais lembrar-se dela, e as entenderá.” Ela
falou com um sorriso malicioso nos lábios de alguém que conhecia muito bem a
vida, apesar de ainda ser uma mulher jovem.
O tempo passou, mais precisamente
seis meses, mas nesse ínterim elas se viam regularmente.
Até que um dia essa jovem amiga adentrou sua casa e foi até a mulher que tocava
violão e lhe mirou o dedo indicador, e falou-lhe ironicamente:
“Desgraçada! Eu entendi, eu entendi
aquelas tuas palavras sobre ‘mudar para pior’ que naquela
época me pareceram estúpidas. Nesses últimos seis meses eu vivi uma vida
medíocre, regular, foi casa-trabalho, trabalho-casa, tudo perfeitinho e
enfadonho.” A mulher riu, riu o riso das pessoas que sabem o que falam; e
continuou a jovem: “Daí tuas palavras me vieram à mente. Às vezes é preciso
mudar para pior. E eu agitei a tranqüilidade do lago. Para começar, pedi a
conta do trabalho.” A mulher apenas riu com os cantos dos lábios e disse: “Venha.
Façamos uma música sobre isso.”
1 –
É melhor você mudar as coisas por
si mesmo do que esperar que mudem por você.
2 –
Aquele que vive uma vida regular
sem procurar novos horizontes (mentais e físicos) acaba
por se enfadar. Este só mudará por processos impostos pela a própria vida, e se
mudar.
FUI
Ali, MAs JÁ VOLto
Era um dia tranquilo, nem quente, nem
frio. Um olhando se olhando no espelho, concluiu: “Está na
hora de ‘aparar’ o cabelo, dar uma levantada no visual”,
Arrumou-se, e foi de encontro ao seu
‘cabelereiro preferido’. Quando chegou ao salão, este estava trancado, mas
havia uma placa que dizia: ‘Fui ali, mas já volto’. Era dez da manhã; deu onze,
onze e pouco e nada. Foi quando chegou um homem que era também seu conhecido, e
lhe perguntou: “Viu o cabelereiro?”. “Sim, vi”, disse de forma meio triste,
parou passou a mão no queijo e completou, “acabei de vim do seu enterro”. E foi
retirando a placa que avisava: ‘Fui ali, mas já volto’.
1...
NADa
É NOSso
Quero isso, quero aquilo! Disse a
mulher para a vendedora da loja, enquanto os olhos da
vendedora esbugalhavam de alegria. A mulher gastava sem piedade. Chegou numa
concessionária: ‘Me
‘embrulha’ o melhor carro, e ‘embrulharam. ‘Se dinheiro
não é tudo, o que mais é? Perguntou em tom de afirmação, e com grande soberba.
Estava ela um dia na sua varanda
luxuosa que ‘que poucos privilegiados poderiam ter’,
contemplando o céu azul. Quando a sua ‘colaboradora’, lhe trouxe uma taça de
uísque, e está já empolgada, fazendo gestos quase engraçados, disse: “Veja,
minha amiga, é tudo meu”. “Claro que é madame, e que nunca lhe falte”.
Mas veio uma crise financeira que
‘transformou oásis em deserto’, devastando economias, que fez a consumista ao
invés de comprar, vender, ‘tudo que ela tinha’. Enquanto ela acompanha, no
pátio da casa, embaixo de um protetor solar, e ainda tomando seu ‘uiskizinho’,
e sem perder a pose e dizia ‘ Eu sou Cleópatra, não Joana Darc. “Carminha traz
mais bebida, o filme é chato, mas sou obrigada assistir”.
Enquanto isso seus credores, iam lhe
arrastando tudo, desde carros, motos... até mesmo seus
vestidos e sapatos. Então está lamuriou para a sua até então ‘colaboradora’:
“Nada é nosso. Veja tudo aquilo até então era meu, por exemplo, aquele carro,
somente eu poderia dirigi-lo, mas agora é de outros, e amanhã, sabe - lá de
quem será”. E tomou mais uma dose.
O
GATo MALHAdo
Uma gata pariu mais de meia dúzia de
gatinhos, ´todos’ brancos, mas havia um que nasceu
malhado. A gata olhou para o gato pai dos filhotes e disse: “Veja só, entre
tantos gatos brancos, há um malhado”. “Não se preocupe com isso não, toda
família tem um”.
1 – Deve-se dar toda atenção possível
aos elementos problemáticos, no limite do possível...
À
PROCUra DA FELICIdade
Saiu aquela mulher a procura de
felicidade. Quando chegou numa esquina perguntou para um
homem que ia passando: “Você viu a felicidade?”, “sim”, confirmou o homem “ela
foi por ali”, e ela foi à direção que o homem havia indicado, com o seu andar
apressado, parou e perguntou para uma mulher que ia atravessar a rua: “Você viu
a felicidade?”, “Sim”, confirmou a mulher, “ela acabou de atravessar a rua e
‘se perdeu’ na multidão”.
E aquela mulher saiu olhando entre as
pessoas para ver se encontrava a felicidade e nada. Depois
de um dia todo procurando a felicidade, quando o Sol já se despedia; ela
resolveu voltar para a casa, onde tinha certeza ‘a felicidade não está
lá’.
Quando numa rua deserta, encostado
num poste com luz queimada, ela viu um homem alto, de
cabelos longos e grisalhos, óculos e capa protetora. Pensou vou ariscar, a essa
altura da partida, nada tenho a perder, e se aproximando do homem deu o seu
‘último tiro do dia’:
“Por favor, senhor, o senhor viu a
felicidade?”. “Não, eu não vi”, respondeu de forma
enfática, aqui o semblante da mulher desabou, “Eu estou vendo!”, aqui o
semblante da mulher se ergueu, e continuou “ela é você, ela está dentro de você
e por fora de você; e isso só depende de você querer ver e trabalhar a sua
felicidade...”, aqui parou, olhou para aquela mulher, colocou o chapéu que
segurava na mão esquerda e, sumiu na penumbra do inicio de uma noite que iria
chover, pois já chuviscava.
Essa mulher ficou confusa e feliz ao
mesmo tempo, e, pois se a pensar:
“Eu estava à procura da felicidade, mas
como poderia encontra se ela estava todo o tempo aqui
comigo, procurava uma chave que pensava que havia perdido, mas que esteve todo
o tempo aqui comigo, no meu bolso. Ela está todo tempo aqui, ali e acolá. Não é
isso?”.
INSTRUMENtista
Quanta ânsia havia naquele rapaz em
tocar um instrumento de bateria. Sem empenhou, se empenhou
conseguiu. Mas depois ‘pensando bem, o violão é o instrumento’. Se empenhou se
empenhou conseguiu. Depois o baixo, o órgão a guitarra... Virou uma banda
ambulante, como não conseguiu se revolver desistiu.
INÚTil
Dois homens passaram a discutir por
causa de certas pendengas. O primeiro começou a se
exaltar: “Quem tu pensas que és, se achas mesmo o melhor aqui? “Bom”, respondeu
o outro homem, “tu é que não é, tendo em vista que quem construiu isso aqui
foram os ‘meus braços e o meu suor’. “Não creio, se não fosse sicrano, isso não
existia!”, respondeu ríspido. “Sim, ele ajudou no suporte, mas a ação teve a
origem na minha pessoa”.
“Na verdade tu só queres te dar bem”,
disse o replicante. “como posso ‘querer me dar bem’, sobre
aquilo que tenho direito conquistado!?”. “tu só vem aqui criar problemas”,
disse o replicante. “Criar problemas, é querer melhorar as coisas, se sim, sim,
sou um problemático”. “tu não deixa a gente trabalhar em paz”, disse o
replicante e implicante. “se ‘trabalhar em paz”, significa levar tudo à
falência, prefiro ser um guerreador”. “Então tu só vens...” aqui o implicante
replicante foi interrompido, pelo o replicado: “Pode
parar, já entende. Não importa o que eu diga, o quanto esteja certo. Para vocês
sempre estarei errado. Porque é isso o que vocês querem, e, não adianta lutar,
eu me debateria apenas como um peixe fora d’água.
É como na fábula de Isopor: a ovelha
bebia água na parte baixa do rio, enquanto um lobo bebia
água na parte de cima, o lobo então reclamou ‘Estais sujando a água que bebo’,
o que a ovelha respondeu ‘Como pode isso? Se estou na parte baixa do rio e tu
na de cima?, ‘Vou te devorar porque insultaste o meu pai’ (lobo), ‘Como pode
isso, se nem o conheci’ (ovelha). O lobo voou para cima da ovelha e a devorou.
Então é isso, não importa o quanto
esteja certo, sempre serei o ‘errado’ para vocês, porque é
o que vocês querem. Então se eu sou o ‘torto’, vou me endireitar. Saio dali e
evitou o máximo que pôde aquele ambiente, enquanto foi resolvendo os seus
‘erros’.
1 -
Diante dos injustos não terás êxito.
2 -
Na ‘inversão de valores’, é preciso
assumir uma postura firme e se defender, evitar danos, ou,
amenizar os danos, que certamente virão de alguma forma.
3 –
Saber identificar os sentimentos
mesmo naqueles que dizem que te amam, porque talvez não te
amem realmente, ou possuem sentimentos ambíguos por ti: enfrente a carapuça e
ela cairá.
DISCRIMINada
Aquela mulher dizia-se desprotegida
por sua comunidade. Dizia para os parentes que viviam em
outra comunidade, que era descriminada nesta comunidade por ser ‘estrangeira’.
Um dia um irmão da ‘discriminada’ foi
passar sua férias com ela. Não deu duas semanas e os
habitantes daquela comunidade já o cumprimentavam, conversava com aquele
‘estrangeiro’ recém-chegado irmão da ‘discriminada’.
Chegando de um passeio que fez com
umas pessoas dali; entrou e viu sua irmã deitada no sofá,
carrancuda e isolada. Seu irmão vendo-a naquele lamentável situação a
questionou:
“Será irmã, que tu
és realmente
descriminada, ou e tu que descrimina e recrimina?
Se você não convida ninguém, ninguém
te chama, depois reclama, depois reclama, que ninguém que
ama.
“Como alguém vai entrar se a porta
estiver fechada, deixe-a pelo menos encostada, ou diga
onde esconde a chave”. “Ora meu irmão”
se defende “eles estão fingindo, e assim virarem o jogo, e você ficar contra
mim. Cuidado”.
“Ninguém
consegue fingir tanto
tempo, e não sou mais nenhum menininho para ser enganado facilmente,
e além de quê, o que vivi é diferente do que o que você nos postergou. Agindo
assim, você atrai sentimentos negativos sobre você, porque é o que você está
transmitindo”. Concluiu o irmão da rancorosa.
A mulher fez uma cara de chateada e
soltou: “Não é fácil para mim, por causa da nossa cultura.
Eles têm uma religião, e nós outra. Eles têm uma política, e nós outra, eles
têm uma economia, e nós outra. Eles são de um jeito, e nós de outro”,
justificou a irmã, “Eles são deste lugar, e nós de outro”, “Isso não
justifica”, falou o irmão com veemência, “no final é tudo gente. As diferenças,
existem, é claro que existem, mas isso torna as coisas dinâmicas e mais
ricas... e além do mais, somos nós que estamos na ‘terra deles’, e não ao
contrário: não podemos ser rudes com os nossos anfitriões.
Esse povo é tão bom que até hoje
releva tua postura preconceituosa, mas de gota em gota o
mar se faz. Agindo assim seremos julgados por sermos estrangeiros, e para
piorar estrangeiros preconceituosos”.
“Assim sendo, disse a irmã”, “colocarei
uma placa de venda na casa, e volto para nossa pátria, lá
é o meu lugar, é lá que estão os meus”, finalizou, entristecendo o seu gentil
irmão.
1 –
quando um preconceito atinge o in-
consciente, finda no fanatismo extremo.
2 -...há
aquele que se faz de perseguido
para poder perseguir ‘à torto e a direito’.
AFETAdo
Numa roda de amigos, conversavam
sobre ‘certas pessoas’, mas sem citar nomes:
Sabe aquele fulano, é isso’, ‘E aquele
beltrano fez isso’. ‘sicrano se fez de condoído’. Mas
entre eles, havia um que ficava calado como uma pedra era como se estivessem
falando para diretamente para ele. Então um dos homens disse-lhe:
“Homem, levanta essa fuça,
participa”. Mas ele continuou calado, levantou, e foi-se. E eles ficaram sem
saber o porquê.
1
– sempre acredita que o observam
2
– Aquele que já sofreu muitas
calúnias... fica sempre arisco e sensível.
3
- O afetado por tudo é atingido, e
sempre pensa que estão falando dele.
4
– Aquele que deve está sempre
desconfiado.
SALVAdor
PERDIdo
Havia dezenas de macacos pulando
numa imensa árvore, à beira do rio. Mas a árvore já fraca
na raiz caiu no rio, e os macacos começaram a se afogar. Mas entre estes havia
um macaco que sabia nadar, e começou a salva-los. Trazia um para a beira e ia
buscar outro, e quando estava no limites de suas forças lamentou:
“São tantos para salvar que me sinto
perdido”.
1 –
não executar tarefas acima de
nossas forças.
2 –
Ajudar a si e aos outros, para que
cada um possa se ajudar.
PODer PARa NÂo MAIs PODer
Um oficial do reino estava ouvindo
música ‘lá nas alturas’, sendo que isto, naquele horário,
era oficialmente uma infração. Então uma vizinha, já com os tímpanos tinindo,
foi até ele solicitar que este ‘encarecidamente’ baixasse aquele ‘trovão’. Ele
já ‘mais para lá do que para cá’ (bêbado), foi para cima da mulher berrando. A
mulher não ‘contou conversa’ tascou-lhe uma tapa no seu ‘pé do ouvido’, que ele
rolou pelo o chão pateticamente. Levantou-se correu e entrou na casa dele e
voltou armado.
Nisso os irmãos dela correram ao seu
encalço para protegê-la, mesmo desarmados. Nisso já
apareceram mais dois oficiais do reino para defender aquele oficial ‘pé de
cana’, mas uma mulher que era amiga da outra gritou:
“Vou
chamar meu
amigo que
é
major!”. Nisso um amigo chamou o amigo do amigo do amigo
do amigo. E apareceram mais dois oficiais reais, só que agora do lado da mulher
braba. E assim ficou aquela tensão de forças. E aos poucos um a um foram se
retirando, e o silencio imperou.
1 – A autoridade vai até onde a lei
permite o que passar disso, vai do caráter do individuo.
A CAÇADOra DE BORBOLEtas
Aquela
mulher gostava
de caçar
borboletas. Isso lhe dava muito prazer, mesmo sendo muito
‘trabalhoso’.
Um dia foi visitar uma amiga que
também ‘amava as borboletas’, que há um bom tempo ‘não
via’. Lá chegando sua amiga lhe convidou para visitar um lugar especial. Quando
aquela mulher deu de cara com um bosque, um bosque que parecia mais o paraíso,
jamais sonhado ou escrito. Assim como havia flores de todos os tipos, também
havia borboletas, tudo isso em total liberdade:
“Eu não as caço, elas vêm até mim, e
ficam porque querem: eu não mato as borboletas e nem
arranco as flores”.
1 –
O principio do amor é a liberdade.
2 –
um faz o outro existir.
3 –
O Amor deve ser alimentado, e não
maltratado ou morto.
MEDo
DO ESCUro
O que fazia um ‘homem feito’ ter medo
do escuro? Quando era criança, como era muito peralta, sua
mãe costumava, para fazê-lo dormir, disser: “Vai dormir, se não o bicho-papão
vai te pegar”, ou, “A mulher da sombra vai puxar o pé de criança teimosa”... e
assim cresceu.
Mas
aquele ‘menino’
assombrado
permaneceu, pois ‘como pode um ‘homenzarrão daquele’ ter medo do escuro?’, reclamou sua esposa que
queria dormir com ‘a luz apagada’. “Como pode um Homem desse tamanho, ter medo
do ‘escurozinho’, é cada uma que se vê. Hum, toma tento homem”.
1
– Há
fantasmas que nunca
abandonamos, ou que nunca nos abandonam.
2
– A mente infantil deve ser protegida
de traumas, dos fantasmas, para que o adulto não os herde.
APESar
DA MORTe
Todo ‘fim de ano’ era aquilo, aquela
mulher se divertia se divertia e se divertia, mas no final
a cantiga era a mesma: “Não consigo esquecer a morte da mamãe”. Um irmão já
cansado daquela situação disse-lhe:
“Isso já faz quatro anos atrás, a vida
continua, a primavera continua, as flores nascem, as
flores morrem; uns vem, outros vão: devemos honrar os mortos, mas
principalmente os vivos”.
“Veja”, apontando para as crianças que
brincavam no terreno, pulando, brigando, rindo, gritando,
“aqueles são os netos de nossa mãe, e é deles que devemos cuidar, pois esse era
o principal desejo dela ‘cuidem dos meus netos, assim como eu cuidei de vocês’,
lembra? Essa é a melhor forma de honrá-la. Porque:
Apesar da morte, a vida continua”.
OS
SETes SELos
Sete selos herdou um homem de sua
avó. Coisa que ele deixou num baú. Um dia lembrou-se deles
e foi abri-los. Daí abriu o primeiro selo que dizia: “Você é o que é ou o que
os outros fazem de você?”. O segundo: “Você existir em si ou por si existe”. Terceiro:
“Um é tudo e Tudo é um”.
Quarto: “Quando o sonho é real e o
real é um sonho?”. Quinto: “É possível voar sem sair do
chão?”. Sexto: “Quando dois mais dois são cinco?”. Sétimo: “Quando sete é um?”.
Cada selo tinha imagens relativas aos seus ‘dizeres’. Ah! Vovó que saudade de
você e de suas ‘doidises’.
Um dia no seu trabalho ele falhou num
procedimento, e veio o inspetor daquela área, que rezava
para que um cometesse um erro, para poder se exaltar e se promover, a custa do
‘couro alheio’. “É que eu achava que poderia fazer isso de outra forma”, disse,
esperando daquele compreensão, “aqui, você não é pago para ser você, aqui você
é o que queremos!” (selo 1). Lembrou do primeiro selo, pediu as contas, e
montou um negocio próprio, daí pensou: “Eu nunca existir por mim mesmo, mas
agora existo!” (segundo selo).
E
um dia
andando na multidão,
concluiu: “Entendi. ‘um (eu) é Todos, e todos (nós) é Um’,
ou seja, estou conectado a Todos e a Tudo e vice e versa” (terceiro selo).
Quando ele mandou construir um
barco que ele sonhou desde menino, entendeu que: “O sonho
é real, quando o tiro do mundo imaginário para o mundo concreto. E real é um
sonho, quando posso realizálo, mas não o faço” (quarto selo).
Quando
este se
dedicou ao
conhecimento concluiu: “Eu posso voar sem sair do chão,
quando adquiro conhecimento” (quinto selo). Um dia se pegou fazendo coisas sem
sentido aparente, porem, que lhe causavam extrema alegria, despertou: “Agora
entendo porque o ‘dois mais dois são cinco’ (sexto selo). E o sétimo selo é a
unificação de todos os outros selos em Um (que são Todos)”.
Daí em diante nunca mais desprezou as ‘doidises’ da sua avó,
mandou lhe erguer um belo mausoléu, onde colocou uma placa prateada com os
Setes Selos escritos em dourado. E foi atrás de todas as ‘doidizes’ que sua avó
havia escrito, e que ninguém se importava, pois era dedicada tanto a leitura
como a escrita.
SUJEIra
Por SUJEIra
Quanto orgulho inflamava o peito
daquele asceta, ‘aquele homem santo’; que havia abandonado
o ‘mundo mundano’. Um dia foi convidado por um homem muito rico que ouvirá
falar deste. Convite aceito.
Mas quando o ‘homem santo’ ia
adentrando o salão da casa do homem rico, logo na entrada
havia um tapete luxuoso, o ‘homem santo’ limpou a poeira dos seus pés descalços
nesse tapetes, assim como os seus discípulos, então falou com arrogância:
“Limpo a sujeira na vaidade desse
homem (rico)”. Quando o anfitrião ficou sabendo do
ocorrido, desse ‘ultraje’, convidou de novo o ‘homem santo’ para um novo
almoço, porém, desta vez foi recepcioná-lo. Quando o ‘homem santo’ chegou fez o
mesmo ritual e disse: “Limpo meus pés na sujeira da vaidade da riqueza”. Desde
quando sujeira limpa sujeira?”, replicou o homem rico.
1
– Tudo é vaidade existe a vaidade do
asceta e a vaidade do abonado: existe a boa vaidade e a má
vaidade.
2
– respeitar aqueles que nos recebem
bem e não ser ingrato.
3
– ninguém pode abandonar o
mundo, se o mundo está dentro de você: ninguém pode
abandonar aquilo do que faz parte, por dentro e por fora.
PREço,
VALor E CUSTo
Caiu nos ouvidos de um príncipe, que
um asceta famoso naquele condado, recusou uma oferta de um
capitão de guarda rela, e amigo pessoal do príncipe, recusou uma joia rara,
apenas para ele abandonar o ascetismo. Então o príncipe montou o cavalo e foi
com sua comitiva real ao encontro daquele homem e o encontrando:
“Asceta, sabes quem sou eu?”, “Sim, és
o príncipe”, falou de forma normal, ‘Soube que recusaste a
oferta do meu capitão. É verdade?”, “Sim, não era merecedor, nada fiz para
merecê-la”.
Príncipe: “Mas o que vim te trazer é
irrecusável, te fará um novo homem. Serás por todos
admirado!”
Asceta: pois não nobre príncipe, e o
que seria?”
Príncipe: “Quero que sejas um dos
meus conselheiros”
Asceta: “Claro que isso é uma honra
sem igual, mas igualmente a ‘joia’, não mereço a oferta,
há gente mais qualificada do que eu para execre-la. Peço a vossa excelência que
me perdoe, mas vou declinar do pedido”.
O príncipe puxou uma sacolinha do
bolso e disse: “Nesta sacolinha há jóias que homens
matariam por ela. Queres?”.
Asceta:
“Em outra
situação até
aceitaria, mas nesta” (afirmou).
Príncipe: “Venha amigo, e terás as
mulheres mais belas e fama”.
Asceta:
“Mulheres já tive, e no
momento não me interessam”. O príncipe perdeu a paciência,
deu ordem a sua comitiva, e foi-se.
Mas enquanto ia se retirando o
príncipe, o asceta correu e chamou-lhe, ordenou que a
comitiva parasse, e pensou que ‘vencerá’ o asceta. “Então”, começou o asceta,
“Então, tudo que te pedires, me dará”, sorrindo confirmou o príncipe “Sim,
claro que sim”, e olhou para os seus acompanhantes. E falou o asceta:
“É que ainda sou jovem, e o que eu
quero é ser jovem para sempre”. O príncipe se irritou, os
acompanhantes reais se conteram para não ri, mandou apear os cavalos e foram.
Enquanto o príncipe se distancia do
asceta, e o asceta do príncipe, o asceta chegou a seguinte
conclusão: “Todo mundo têm seu preço, seu valor; mas tu (príncipe), não
entendeu nenhum, nem outro. E há aquilo que tem valor, mas custa muito caro”.
1 – Não importa o que se tenha, nunca
conseguiremos dar tudo para uma pessoa... 2 – existe o que
podemos suprir e o que não podemos suprir. 3 – aquele que perdeu o gosto pelas
às coisas, não se importa mais com nada. 4 – Não receber o que não merece. 5 –
Quando certas coisas mudam certas coisas não fazem mais sentido.
ISSo
É OUTRa HISTÓRia
Aquele leopardo costumava correr
mais do que os seus. O que o fazia ser o mais admirado
entre todos.
Mas, com
o desabar
dos anos,
começou a correr mais lentamente, enquanto um leopardo
jovem ia aos poucos se destacando cada
vez mais. O jovem e orgulhoso leopardo chegou com o velho leopardo e se
exaltou: “Quem é o mais veloz agora?”. O velho leopardo o olhou com um olhar
piedoso, aquele que só o tempo, a experiência pode trazer e respondeu:
“Hoje é tu, assim como fui eu ontem.
Viva o seu momento porque eu já vivi o meu. Saí para você entrar. Sai do bale
para você poder dançar”, disse e saiu correndo o seu correr cansado e vitoriano;
enquanto os olhos do jovem leopardo o seguiam, pensou: “É meu velho, entende”,
deu ‘duas pernadas’, e alcançou o velho e majestoso leopardo, o que fez com
muito orgulho e peito tufado.
A partir daí, houve o casamento da
juventude com a força da experiência, e aqueles dois
leopardos ganharam todos os campeonatos de corridas, tanto no próprio reino
como fora dele. Um dia o velho leopardo foi à desforra daquele dia:
“Não quis te dizer naquele dia que te
conheci, mas agora eu posso: sabes que nunca me vencerias,
pois, fui o maior corredor de todos os tempos”, o que o jovem leopardo rebateu:
“Ganharia sim, com certeza”, “Mas não ganharia mesmo” respondeu o técnico,
“Sabe aquele recorde, pois, bati, “Ah é! “Sabe aquele outro, bati”. Eu fui
melhor naquilo, “e eu venci três vezes a corrida da Saara dourada”... “Sabe que
até hoje venço a corrida dos coroas, sabe disso”, o que o leopardo jovem disse:
“Isso é verdade”... e riram.
Quando os anos desabaram sobre o
‘leopardo jovem’, ele treinou outro jovem leopardo que começara a se destacar.
Mas, isso é outra história.
A MULHer DO TESOUro DESPERDIÇAdo
Aquela mulher, era uma mulher muito
simplória, andava pelas as ruas como se fosse uma mendiga.
Gostava de perambular pelas as feiras para catar restos de batatas e legumes, o
que ela achava
‘aproveitável’. Sua
casa era bem simplesinha, de madeira velha, algumas tábuas quase podres.
Ninguém conhecia a sua origem. Um dia ela faleceu.
E quando os policiais adentraram a
casa, depois que os vizinhos denunciaram que havia dias
que não a viam, dali não saia ‘nenhum sinal de vida’. A encontraram morta no
porão da casa, perto de um baú aberto cheio de jóias, pérolas, rubis... Todas
de grande valor. Um policial diante daquela imagem indagou:
“Viveu
pobre porque quis”
1
– tantos
são os
talentos
desperdiçados. 2 – quantos talentos não são desperdiçados
por falta de iniciativa ou incentivo. 3 – Há aqueles que se apega às coisas
que, se eles se desapegassem daquilo, teriam ou teriam tido uma vida melhor...
RAZINza
Não era fácil fazer amizade com aquele Hipopótamo, um javali,
tentou, tentou e tentou, até concluir: “O ranzinza a todos afasta”
RAPOza PARa QUEm PRECIsa
O rei leão instituiu uma lei, qual
expressava: ‘Proibido para as raposas de devorarem as lebres
em nosso território’. Quando uma lebre sofreu um ‘bote’ malsucedido de uma
raposa, a denunciou ao líder da Patrulha Real, que era uma raposa, está lhe
informou: “Medidas severas serão tomadas contra esse infrator, porque lei é
lei”. O que deixou a lebre aliviada. Quando a lebre saiu, foi chamada a raposa
infratora, e disse-lhe a raposa líder da Patrulha Real: “Quando fizeres, faça
bem feito!”
1...
COm CABElo Ou SEm CABElo
Um pai deixou o cabelo crescer, coisa
que antes nunca havia feito. Suas (2) filhas lhes chamaram
a atenção: “Pai porque o senhor não corta o cabelo, o senhor fica mais bonito
de cabelo curto” (com um ar de preconceito disseram). O pai vendo certa aflição
das suas amadas filhas, e tão incomodadas, falou:
“Desde quando
ensinei essas idiotices
a vocês!? Um homem
não deve ser julgado nem pelo o seu cabelo, e nem por falta dele (cabelo)”. As
garotas envergonhadas, disseram: “Sim pai”, e o abraçaram.
1 – Em pleno século vinte e um, ainda
hibernam preconceitos, que transformam qualquer homem
adulto em recém nascido, de tanta inocência, de tanta ignorância.
DIGa
MEu NOMe
Aquele menino não era fácil, mas
nunca encrencava com ninguém, mas se mexesse com ele,
sabia se defender. Nas provas só estudava no dias que estás iam acontecer, e às
vezes só no caminho da escola. Mas sempre passava.
Na adolescência, gerou-se uma intriga
com o diretor do colégio, quando aquele jovem numa reunião
de alunos, acabou por chamar o diretor de ‘ ignorante’ por ‘não ouvir os
alunos’. O que o diretor não se contendo respondeu: ‘ Jovem quem pensas que és,
és um aluno regular, teu futuro é duvidoso se continuares assim. Aqui encerro a
reunião’.
Mas para aquele jovem a vida não era
fácil, problemas familiares, financeiros, o obrigavam a
trabalhar, mesmo que sua mãe não pedisse, para ‘ajudar em casa’.
O tempo correu, conseguiu entrar para
a faculdade ‘aos trancos e barrancos’. E a ironia do
destino, que o Heitor daquela faculdade, era nada mais nada menos, que o seu
antigo diretor.
Um
dia eles
se encontraram
no
corredor da faculdade. E o jovem o cumprimentou de forma
natural, porém, com certo sarcasmo: ‘ Como é a vida, cá estamos de novo: tua
vitória, minha vitória’, nesse ponto o Heitor gostou, porém, rebelde como era
complementou:
‘ Um dia ainda
dirás o meu nome’,
aqui se irou o Heitor: ‘Só se for para te mandar limpar o
banheiro’, replicou o Heitor com grande satisfação, o que o jovem treplicou com
ar de duelo: ‘ Veremos, veremos, isso é o que veremos’.
Mesmo antes de se formar esse jovem
apresentou um trabalho um trabalho na área da física
moderna que o consagrou. O que fez com que os próprios professores lhe
solicitasse atenção. Então, este se formou já coroado. E o Heitor é que ia
apresentar e discursar na entrega dos canudos.
Só que os professores, incluíram no
discurso uma resenha em especial ao ‘aluno superdotado’,
qual o Heitor não poderia recusar, está exaltava os feitos e méritos do aluno
que ‘...que elevou nossa faculdade e nosso Estado... e assim agradecemos ao
grande Hyperion, com toda honra, com todo nosso orgulho, ao nosso aluno
prodígio’, o Heitor leu aquilo e franziu a testa.
E no dia da entrega dos canudos,
Hyperion estava na cadeira central da primeira fileira dos formandos, e tudo
correu com de práxis. Mas quando chegou a parte do discurso final, o clímax;
foi quando o Heitor chegou à parte intensa do discurso:
‘ ...Então, agradecemos, com toda
nossa honra...,nosso orgulho (aqui já vacilando), ao nosso
aluno (deu uma pausa maior e suando a testa).. prodígio... (parou pôs a mão no
quejo olhou para um lado, olhou para o outro lado. Olhou para o seu ‘aluno
maldito’ (que veio das profundezas do tártaro). Enquanto ele da cadeira,
repetia baixinho: ‘Diga meu nome, diga meu nome’.
O
Heitor
ergueu o braço direito, como se ele pesasse uma tonelada,
mirou para o aluno premiado e disse o seu nome:
‘...Hyperion’.
Ele se levantou como um rebelde que
era, e quebrando o protocolo, acenou e gritou para os
formando e convidados e disse: ‘Isso é muito rock n’ roll baby’, e fez um gesto
como se estivesse tocando guitarra, daí seguiram-se gritos, risos e alvoroços.
Foi um festaço. E olhou para o Heitor enquanto era ovacionado. E ele abriu um
caminho que muitos outros seguiriam.
Outro dia Hyperion, encontrou o Heitor
no pátio da faculdade, estende a mão para o Heitor que
retribui e diz: ‘Quanto tempo nos conhecemos, foi um longo caminho, um homem
tem que saber reconhecer seus erros, e você aquele garotinho rebelde que
parecia sem futuro, hoje é o meu maior troféu..
“E ainda vou dizer ainda muitas vezes
ainda o seu nome, pois há muitas palestras que faremos que
já estão marcadas, por favor, se comporte”, disse com grande satisfação.
“Tudo bem cara, vou me comportar,
mas só se você me fizer uma coisa” “Faço qualquer coisa
para conseguir isso”, replicou o Heitor, “Certo”, continuou Hyperion, “só basta
você disser essas palavrinhas mágicas”, “E quais são” perguntou o Heitor
preocupado, “É só você disser ‘Isso é rock n’ roll baby!’
Vamos lá você consegue, isso vai te
libertar cara!”. O Heitor ficou por ali tímido olhava para
um lado olhava para o outro lado, e disse com ênfase: “Isso é rock n’ roll
baby”, e completou, “Rapaz, e não é bem verdade, essas palavrinhas mágicas são
libertadoras. Agora vamos: há muito a realizar”. Hyperion:
‘Certamente
mestre, e vamos realizar,
cara já parou pra pensar numa coisa:
‘Somente os rebeldes podem mudar o
mundo, não os apáticos’.
ÀS VEZes PARa SE TEr ASas...
No crepúsculo da tarde uma bela
jovem havia ido ao lago que ficava próximo da sua casa
para banhar-se.
Voltava, então, do seu banho natural
vestida com um belo e longo vestido azul marinho escuro,
corpo esbelto e cabelos longos e negros, negros como a noite mais escura. Vinha
ela andando pelo caminho quando avistou a sua direita, um clarão que a
impressionou demasiadamente.
Apesar do medo ela foi, adentrando o
mato, em direção ao clarão. Quanto mais se aproximava,
mais rápidas eram as batidas de seu coração. O clarão já diminuíra um pouco.
Ela afastava o mato com as mãos até conseguir avistar a origem daquela
claridade, que a seduziu.
Foi quando ela
deparou-se com uma
cena que jamais havia visto e nunca mais voltou a ver:
havia um homem, pelo menos ela pensou que seria, mas era algo além. O mato havia arqueado em torno de um homem que brilhava, mas havia
uma asa em seu lado direito.
No lado esquerdo havia um osso que
brotava pela omoplata daquele ser magnífico. Ele fincava
suas mãos na terra e olhava para o céu, baixava a cabeça várias vezes, como se
sentisse muita, muita dor. Depois cruzou os braços e ficou de joelhos e cabeça
baixada.
Cada vez mais o osso emergia da sua
costa, ao mesmo tempo em que sangrava, começava a criar
penugem naquela estrutura, enquanto a asa direita se debatia. Aquela bela e
jovem moça estava tão extasiada. Não sentia medo.
Quando a asa esquerda se formou, ele
bateu as duas asas. Quando esse ser fantástico ergueu o pé
esquerdo saindo da posição de joelhos, puxou a outra perna e se levantou. Abriu
as asas e sentiu a presença da jovem e olhou para ela. A jovem estremeceu, olhos arregalados, pele pálida. Ouviu, então,
uma voz grave quase ensurdecedora:
“Mortal, hoje tu participaste de um
evento raro. Poucos mortais ao longo da história da tua
espécie tiveram a glória de presenciar: Para se ter asas, é preciso sangrar.”
O anjo começou a bater as asas, que
produziam um vento intenso, que envolvia todo espaço ao
redor. O mato, os galhos das árvores, e os cabelos da bela moça que ficaram em
alvoroço. O anjo olhou para o céu, deu uma batida de asas, que o ergueu do
chão. Deu mais uma e depois outra, quando voou em linha reta indo em direção ao
céu estrelado, numa noite de luar que, de tão claro, parecia dia. Aquela jovem
acompanhou tudo. Seus olhos tremiam tamanho o seu fascínio.
Esse evento, que durou cerca de três
horas, passou-se para a moça como se tivesse transcorrido
em apenas um minuto, tamanha havia sido a sua intensidade. Os seus pais, já
bastante preocupados, mandaram os seus irmãos, com o auxílio dos vizinhos, irem
procurá-la.
Primeiro procuraram ao derredor e
depois se lembraram de continuar a busca no lago. Saíram
gritando pelo caminho, iluminado por suas lanternas. Passados os acontecimentos
extraordinários, a jovem retornou para o caminho e foi encontrada por seus
irmãos. “Irmã, o que aconteceu, estás tão pálida!” disse um dos irmãos passando
a mão no rosto dela, que parecia feito de cera.
“Nossos pais estão muito preocupados
contigo!” E assim, levaram-na para casa, onde se
restabeleceu a tranquilidade e foram dormir. Mas ela não conseguiu, sua mente havia
ficado confusa. Ela havia perdido a noção, já não sabia se estava acordada ou
se estava dormindo. Se o que ela havia visto e presenciada foi uma experiência
real ou se havia sido apenas um sonho.
Durante a semana posterior àqueles
acontecimentos, a jovem ficou dispersa, o que levou a sua
mãe a lhe chamar a atenção: “Desde a semana passada, quando tu sumiste, parece
que vives num outro mundo.” “Pelo contrário, mãe”, respondeu, “eu não vivo em
outro mundo, mas eu sei que existe outro mundo!” “Claro! Isso eu também sei, é
o mundo de Deus! Chega de jogar conversa fora, vamos trabalhar!” disse sua mãe
apressadamente. Mas aquela frase, aquela frase:
“Para se ter asas, é preciso sangrar. Para se
ter asas é preciso sangrar.” Não lhe saia da cabeça.
Quando seu pai faleceu, num acidente
com o seu cavalo, esta filha sofreu tal qual uma viúva
desamparada. Seu pai não era apenas seu esteio emocional, mas também o pilar
daquela casa. Só a sua presença já a confortava, mesmo nos momentos mais
difíceis, o que agora não teria mais, nunca mais. Ela chorou e lamentou-se
muito.
Agora as coisas iam pesar. Seus irmãos
foram tentar a vida na capital. E ela ficou com o irmão
caçula e a sua mãe, já um pouco envelhecida e doente. Ela se via então com uma
grande responsabilidade para uma jovem de apenas 20 anos.
Um dia olhou para sua mãe e seu
irmão falando veementemente: “Eu juro, eu juro que vamos
sair dessa situação. Nem que eu tenho que mover céus e terra!” E lembrou-se
daquele dia e das palavras do anjo, sentindo-se confortada.
Seu pai deixara para a família uma
fazenda de porte médio. Ela não deve dúvidas: “É o que
tenho, é o que eu vou usar!” Ela, então, começou a plantar com seu irmão
caçula. Depois contratou um ajudante, depois mais um, três, quatro... chegou a
cem. A fazendinha “O Encontro com o Anjo” prosperou.
Um dia ela se apaixonou por um dos
seus funcionários, um homem dissimulado e que agredia sua
antiga parceira, conseguindo enganar a jovem durante algum tempo. Mas com o
passar dos anos as máscaras começaram a cair.
A jovem já tinha trinta anos. Começou
pelas agressões verbais. Até que um dia ele chegou em casa
irritado e começou uma discussão banal, até que num momento de fúria ilógica,
ele pegou uma tesoura que estava em cima do criado mudo e lançou na direção da
mulher, acertando-a em seu ombro esquerdo, abrindo um corte que começou a
sangrar.
Ela não teve medo. Sentiu ódio e
ameaçou: “Dou-te duas alternativas: primeira - pega as
tuas coisas e vais embora agora; segunda - chamarei as autoridades, ficarás
preso e vais embora do mesmo jeito, mas pela força”.Ela disse aquilo com
tamanha firmeza que não restou alternativa ao homem que não fosse ir embora
naquele instante. Levantou-se e foi. Dizem alguns, foi morto em uma briga de
bar.
No momento da partida dele, ela,
ferida e calejada pela vida, segurava seu braço ferido,
enquanto ainda sangrava e pensava com pesar: “É isso, é isso... é preciso
sangrar, é preciso sangrar muito!”
Não muito tempo depois, sua querida
mãe faleceu de doente e os seus irmãos retornaram para a
fazenda, agora mais frutífera e maior. Seus irmãos e sobrinhos tiveram, então,
uma vida abundante. Ela ainda se casou novamente, agora com um grande homem que
a amava e a respeitava, afinal ela era uma pessoa apaixonante. Essa relação era
baseada no princípio que: Sem cumplicidade não há relação que dure.
Mas nada, nada a deixava mais feliz e
fortalecida do que aquele encontro com o anjo. Aqueles
momentos valeram por toda a sua vida. Ela viveu por muitos e muitos anos. E nos
seus últimos momentos de vida, enquanto os médicos faziam de tudo para
salva-la, ela, olhando para o teto, começou pronunciar estas palavras: “Desde
aquele dia até hoje eu te espero. Eu vivi para este momento”. A equipe médica
parou por um segundo. A cena era intrigante.
O médico despertou e agiu: “Vamos
pessoal, rápido, rápido, ela já está delirando.” Ela então
esticou o braço direito como se quisesse pegar na mão ou no rosto de alguém,
lagrimando e sorrindo, e esticando cada vez mais a mão em direção ao teto,
continuou falando:
“Vieste me buscar, sei que foi o
Grande X que ti mandou. Esperei muito, muito tempo por esse momento, minha vida
inteira... Mas... como você disseme ser magnífico: Para se ter asas...
Para... se ter asas... para... se ter asas...é preciso... sangrar...
(Biiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii)
Contos, Parábolas & Fábulas de Edson X
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